Governo inicia reforma no setor elétrico, e Itaú BBA recomenda cautela
22 Maio 2025 - 1:55PM
ADVFN News
O Governo Federal publicou, na quarta-feira, a Medida Provisória
1.300/2025, que dá início a uma ampla reforma no setor elétrico.
Embora reconheça a relevância dos temas e a urgência de modernizar
o marco regulatório, o Itaú BBA recomenda que os investidores
acompanhem de perto os próximos desdobramentos e adotem uma postura
cautelosa.
Segundo o banco, a escolha por uma medida provisória — em vez de
um projeto de lei — gerou preocupação quanto à segurança jurídica e
à falta de diálogo com os agentes do setor, o que pode desencadear
uma nova onda de disputas judiciais e elevar a imprevisibilidade no
mercado.
As ações do setor elétrico (Eletrobras ON (BOV:ELET3) -1,17%,
Copel (BOV:CPLE6) -1,20%, Cemig CMIG4 -1,31%) reagiram
negativamente à MP na sessão passada. Apesar de classificar a
medida como positiva, o presidente da Associação Brasileira de
Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira,
demonstrou preocupação com a antecipação do cronograma de abertura
do mercado livre para consumidores de baixa tensão.
Na mesma entrevista coletiva de Silveira, Rui Costa disse que a
expectativa é de que o preço de energia tenha queda gradual, de
2026 a 2027. E o ministro de Minas e Energia informou que a
abertura do mercado livre foi antecipada para junho de 2026, e que
a reforma do setor irá beneficiar mais de 100 milhões de
pessoas.
Principais mudanças
O Itaú BBA aponta que a Medida Provisória trouxe mudanças
relevantes em relação ao texto preliminar divulgado em abril. Entre
as principais alterações, está a antecipação do cronograma de
abertura do mercado livre: consumidores de baixa tensão poderão
migrar a partir de dezembro de 2027 (antes, março de 2028),
enquanto consumidores industriais e de serviços terão esse direito
já em agosto de 2026 (antes, março de 2027).
Além disso, contratos de energia incentivada precisarão ter
volumes registrados e validados pelas contrapartes na CCEE até 31
de dezembro de 2025 para manter os descontos de TUST/TUSD —
exigência que não constava no anteprojeto.
A MP também bloqueia o benefício para contratos registrados sem
volume validado, e restringe a criação de novas estruturas de
autoprodução apenas a projetos greenfield, ou seja, novos
empreendimentos.
Nesse contexto, o Itaú BBA considera que a liberalização total
do mercado representa um avanço no atual arcabouço regulatório. No
entanto, compartilha a percepção de muitos investidores e empresas
quanto ao prazo curto para a implementação dessa mudança
significativa no mercado regulado.
Segundo o banco, parece bastante desafiador cumprir todos os
ajustes necessários nas frentes regulatória e de contabilização de
energia.
“Por isso, reiteramos que é fundamental atenção aos detalhes,
que são relevantes para garantir um processo de abertura
bem-sucedido e sem traumas”, comenta. “Ademais, a retirada dos
descontos de TUST/TUSD no prazo estabelecido pode gerar novas
disputas judiciais, conforme indicam interações recentes que
tivemos com geradoras (gencos).”
Possível “guerra de liminares”
O Itaú BBA lembra que medidas provisórias têm efeito imediato,
validade inicial de 60 dias e prioridade na pauta do Congresso após
45 dias, podendo paralisar outras votações caso não sejam
apreciadas nesse prazo.
Diferentemente de um Projeto de Lei, que exige debate prévio
antes de produzir efeitos, a Medida Provisória impacta
imediatamente todos os afetados por seu conteúdo.
Diante de experiências anteriores no setor — especialmente
aquelas que visaram alterar aspectos relevantes do marco legal por
meio de MPs —, o BBA acredita que não se pode descartar uma nova
“guerra de liminares”, principalmente em relação ao impacto da
extinção dos descontos observados pelos consumidores finais na
TUST/TUSD ao adquirirem energia incentivada.
informações Infomoney
ELETROBRAS ON (BOV:ELET3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2025 até Jul 2025
ELETROBRAS ON (BOV:ELET3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jul 2024 até Jul 2025