Não teve tentativa de golpe de Estado, dado de inflação ou pacote de medidas de ministro da Fazenda capaz de concorrer com o assunto da semana no mercado financeiro brasileiro.Nos últimos dias, os olhos dos investidores estiveram voltados para os desdobramentos do anúncio de um rombo estimado em R$ 20 bilhões no balanço das Americanas (AMER3), com a consequente renúncia do celebrado executivo Sergio Rial da presidência da companhia, após apenas dez dias no cargo.A “inconsistência contábil” foi grande o suficiente para furar a bolha do mercado financeiro e chamar a atenção at...
Não teve tentativa de golpe de Estado, dado de inflação ou pacote de medidas de ministro da Fazenda capaz de concorrer com o assunto da semana no mercado financeiro brasileiro.Nos últimos dias, os olhos dos investidores estiveram voltados para os desdobramentos do anúncio de um rombo estimado em R$ 20 bilhões no balanço das Americanas (AMER3), com a consequente renúncia do celebrado executivo Sergio Rial da presidência da companhia, após apenas dez dias no cargo.A “inconsistência contábil” foi grande o suficiente para furar a bolha do mercado financeiro e chamar a atenção até de quem não acompanha o mundo dos negócios ou a bolsa de valores.Na quinta-feira (12), após passar horas em leilão, as ações AMER3 abriram em queda de mais de 70%; ontem, subiram quase 16%. Uma volatilidade louca que tem tudo para permanecer por algum tempo e por uma razão simples: ainda restam muitas perguntas a serem respondidas sobre o problema bilionário, que exigirá dos acionistas um novo aporte de capital para garantir a sobrevivência do negócio.Afinal, qual foi ao certo o tamanho do rombo? E quais serão exatamente os seus efeitos? Já se fala em vencimento antecipado e imediato de dívidas da companhia no montante aproximado não de vinte, mas de quarenta bilhões de reais, além de um pedido de recuperação judicial.E mais: foi erro ou fraude? Houve má-fé? De quanto deve ser a capitalização dos sócios? Os acionistas poderão pedir algum tipo de reparação? Como essa história afeta o setor de varejo como um todo? A Americanas, que já não estava no seu melhor momento, vai ficar para trás diante da concorrência de gigantes como o Magalu, o Mercado Livre, a Via ou mesmo as agressivas varejistas asiáticas?As respostas para essas perguntas devem começar a aparecer nas próximas semanas, mas, por enquanto, tentamos esclarecer o máximo possível desses pontos na edição desta semana do podcast Touros e Ursos.Para isso, eu e Victor Aguiar convidamos Fernando Ferrer, analista da Empiricus, que explicou o problema no balanço da Americanas de forma muito didática, elencou as possíveis consequências para a empresa e o setor e falou sobre quais devem ser os próximos passos da varejista para sair desse buraco. Também deu orientações para os investidores que têm AMER3 na carteira ou estão pensando em aproveitar o tombo nos preços para comprar.O programa foi gravado antes da notícia de que a Americanas deve pedir recuperação judicial, mas as explicações - e questões levantadas - seguem válidas. Lembrando que RJ não significa que a empresa vá encerrar suas atividades; é uma ferramenta justamente para que ela continue operando enquanto se reestrutura.
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