Vale: analista da S&P explica elevação do rating e avalia cenário para mineradora
Por: Giulia Santos Camillo
30/07/08 - 17h58
InfoMoney
SÃO PAULO - O otimismo generalizado dos mercados e a forte alta do níquel impulsionaram os papéis da Vale (VALE5, VALE3) nesta quarta-feira (30). As ações ordinárias da mineradora atingiram preço de R$ 48,10, com valorização de 6,77%, enquanto as preferenciais classe A subiram 6,69%, cotadas a R$ 41,61.
Motivos não faltam para o salto dos papéis e, mesmo dentro desse contexto, fica difícil não relacionar parte da disparada à elevaçã...
Vale: analista da S&P explica elevação do rating e avalia cenário para mineradora
Por: Giulia Santos Camillo
30/07/08 - 17h58
InfoMoney
SÃO PAULO - O otimismo generalizado dos mercados e a forte alta do níquel impulsionaram os papéis da Vale (VALE5, VALE3) nesta quarta-feira (30). As ações ordinárias da mineradora atingiram preço de R$ 48,10, com valorização de 6,77%, enquanto as preferenciais classe A subiram 6,69%, cotadas a R$ 41,61.
Motivos não faltam para o salto dos papéis e, mesmo dentro desse contexto, fica difícil não relacionar parte da disparada à elevação do rating de crédito corporativo da mineradora de "BBB" para "BBB+" pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, com perspectiva estável.
Os fatores que levaram a agência a elevar a nota da Vale não são surpresa: o fortalecimento da estrutura de capital da empresa com a recente emissão de ações, que captou recursos no valor de US$ 11,5 bilhões, e os fundamentos do setor.
Dois pontos de vista sobre a oferta
Se o mercado como um todo reagiu tão mal ao resultado da oferta de ações da Vale, de que maneira isso pode constar como um dos principais fatores para a elevação do rating? A resposta, na verdade, é bem simples. Existem duas formas de ver as operações financeiras.
A primeira é do ponto de vista dos acionistas, já conhecida e discutida por diversos analistas, especialmente após a derrocada das ações da mineradora, pressionadas pela divulgação dos resultados da oferta de ações.
A outra é enxergar através dos olhos dos credores de dívidas. E dessa posição, a vista é outra: "essa operação aumenta a segurança financeira porque aumenta a liquidez", explica Reginaldo Takara, analista da S&P.
Segundo ele, a oferta de ações reforça o caixa da empresa em um nível bastante forte - embora pudesse ser maior, uma captação de US$ 11,5 bilhões não é baixa - e em uma fase em que a empresa visa investimentos pesados. Nesse sentido, os recursos provenientes da emissão de ações podem até reduzir a necessidade de financiamento com dívidas.
Influência das commodities na ação de rating
O outro fator apontado pela S&P para a elevação do rating são os fundamentos do setor, em que são considerados de suma importância "as perspectivas favoráveis para o minério de ferro para, pelo menos, os próximos dois anos", com continuidade de crescimento da demanda e sinalizações de tendências positivas para o preço.
É nesse produto que as expectativas de melhoria das métricas de crédito da empresa até o final são baseadas. Takara afirma que o minério de ferro deve fortalecer a geração de caixa da empresa, principalmente levando em consideração que o segundo semestre registrará um maior impacto do aumento da produção e do preço do minério, reajustado em média 65% no início do ano.
O analista também indica a participação das demais commodities metálicas na avaliação da nota da Vale, principalmente agora que a mineradora objetiva diversificar seu portfólio. Embora a alta volatilidade sugira que produtos como o níquel não gerem um reforço de geração de caixa tão grande, ele será "ainda bastante satisfatório para a empresa", na opinião de Takara.
Preocupações do mercado
Perguntado sobre os efeitos de uma possível aquisição da Vale no exterior, Reginaldo Takara foi diplomático. Afirmando ser difícil prever operações desse tipo, o analista informou que "na análise, não antecipa nenhuma movimentação relevante em aquisição".
Entretanto, se uma compra for anunciada, antes de qualquer conclusão, a agência teria que analisar o caso específico, avaliando as variáveis. "A gente está falando de uma empresa que vai trazer caixa relevante", diz Takara, apontando que, em contrapartida, a operação poderia gerar um aumento significativo do endividamento: não é possível falar com certeza sobre situações hipotéticas.
Ademais, a crescente exposição da Vale ao mercado chinês também foi assunto discutido pelo analista. Para ele, mesmo com uma potencial redução na produção siderúrgica da China, o crescimento da indústria deve continuar dependente de importações de minério de ferro, pois o país não possui fontes de qualidade.
Dessa forma, é provável que a demanda pelo minério continue mais estável do que outras commodities metálicas, servindo como um mitigador de riscos. Porém, conforme apontado pelo analista da S&P, a agência continuará a monitorar os impactos da China e da economia global na empresa, principalmente com a diversificação de produtos da Vale.
Do que precisa para subir mais?
"A empresa está gradualmente aumentando diversificação de negócios e diversificação geográfica, fatores que já vêm sendo incorporados na análise".
Porém, Takara afirma que um dos fatores mais importantes para levar a uma nova elevação do rating de crédito corporativo da Vale seria o fortalecimento de seu perfil financeiro.
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