Sócios esperam ofertas melhores por Fibria14/03/2018 às 05h00Por Graziella Valenti, Stella Fontes e Ivo Ribeiro | De São PauloVotorantim e BNDESPar , braço de investimentos do BNDES, aguardam que Suzano Papel e Celulose e Paper Excellence (PE) elevem as ofertas apresentadas pela aquisição do controle da Fibria, maior produtora mundial de celulose de eucalipto. Os preços colocados na mesa até agora, na visão dos controladores, não refletem o real valor da companhia. Estão distantes do patamar estabelecido pela venda da Eldorado, em setembro do ano passado.Na visão dos sócios, apuro...
Sócios esperam ofertas melhores por Fibria14/03/2018 às 05h00Por Graziella Valenti, Stella Fontes e Ivo Ribeiro | De São PauloVotorantim e BNDESPar , braço de investimentos do BNDES, aguardam que Suzano Papel e Celulose e Paper Excellence (PE) elevem as ofertas apresentadas pela aquisição do controle da Fibria, maior produtora mundial de celulose de eucalipto. Os preços colocados na mesa até agora, na visão dos controladores, não refletem o real valor da companhia. Estão distantes do patamar estabelecido pela venda da Eldorado, em setembro do ano passado.Na visão dos sócios, apurou o Valor com fontes a par das negociações, as propostas não contemplam o aumento de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) esperado para a Fibria em 2018, em função principalmente da entrada da nova linha de produção na unidade Três Lagoas (MS).A previsão é que o Ebitda deste ano suba cerca de 50%, passando dos R$ 5 bilhões registrados no ano passado, para R$ 7,5 bilhões.A Suzano está disposta a pagar R$ 70 por ação da Fibria, enquanto a PE ofereceu R$ 67. Tomando como base as projeções para este ano, as propostas avaliaram a empresa em 6,5 e 6,3 vezes o Ebitda. Os cálculos incluem sua dívida líquida, que é de R$ 10 bilhões.Há menos de seis meses, a própria PE avaliou a Eldorado em R$ 15 bilhões, equivalente a 10 vezes o Ebitda da empresa. Mesmo sem considerar Três Lagoas, pelo Ebitda do ano passado, as ofertas por Fibria ainda estariam ligeiramente abaixo desse múltiplo - entre 9,4 e 9,7 vezes.Aplicado ao Ebitda estimado para 2018, o múltiplo de 10 vezes significaria avaliar a empresa em R$ 65 bilhões - mais de R$ 115 por ação. Ontem, na B3, Fibria encerrou o pregão em R$ 69,23 por ação, o que equivale a R$ 38,4 bilhões de valor de mercado.A proposta da sino-indonesia deu a largada a uma disputa pela Fibria, quando a transação com a Suzano estava em vias de ser sacramentada, de acordo com pessoas envolvidas nas negociações. O negócio estava praticamente fechado entre Suzano e Votorantim na quinta-feira e aguardava passar pelo crivo da diretoria do BNDES nesta segunda-feira.A Paper Excellence levou sua oferta diretamente ao banco de fomento na sexta-feira, tornando necessária sua análise.Embora tenha criado uma competição pela Fibria, a proposta frustrou em muito a crença de que o grupo asiático faria uma oferta agressiva como a que saiu vitoriosa na também disputada compra da Eldorado. Além do preço, foi crítico o fato de a PE não ter apresentado comprovação de fundos para o pagamento da transação.Em comunicado ao mercado ontem, o BNDES afirmou "a proposta é condicionada à implementação de diversos eventos futuros, acerca dos quais não é possível prever qualquer conclusão neste momento". Pessoas próximas às conversas receberam a nota como um aceno de que o grupo sino-indonésio está no páreo, embora ainda necessite ajustar diversas questões. A BNDESPar disse ainda que "vem solicitando uma série de esclarecimentos para compreensão da proposta".No momento, apurou o Valor, a Suzano refaz suas contas, na tentativa de manter-se na disputa até o fim, enquanto a PE ganhou tempo para estruturar uma oferta capaz de rivalizar com a da companhia brasileira. Fora das planilhas, Votorantim espera lances maiores, considerando que a Fibria significa a liderança mundial à PE e o negócio da história para Suzano.A expectativa é que o BNDES avalie a venda ainda esta semana, o que dá tempo aos dois grupos.Mais um desafio da PE para rivalizar com a oferta da Suzano é a estrutura da transação. Para levar a Fibria, a companhia asiática precisaria conseguir que os acionistas aceitassem, em assembleia, dispensar a aplicação de uma cláusula do estatuto, conhecida como pílula de veneno. A regra praticamente impede a compra da companhia em termos financeiros.Segundo fontes envolvidas, o banco, por ser um órgão público sujeito às revisões do Tribunal de Contas da União (TCU), não quer ser colocado em uma situação em que tenha de abrir mão de direitos, ainda que admita que o texto do estatuto seja draconiano.Procuradas, Suzano, PE e Votorantim não comentaram.http://www.valor.com.br/empresas/5383537/socios-es...
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