23/07/2019 às 05h00Preços da celulose seguem em quedaPor Stella Fontes | De São PauloA queda acentuada dos preços da celulose desde o fim do ano passado, levando-os para perto das mínimas registradas em 2016, já começou a reduzir o ritmo de atividade na indústria, conforme era esperado. Porém, diante do elevado nível dos estoques da matéria-prima nos portos chineses e da chegada do período sazonalmente mais fraco para a indústria, há dúvidas quanto ao real impacto que essas iniciativas terão no mercado ainda em 2019. Na avaliação de fontes de mercado ouvidas pelo Valor, há r...
23/07/2019 às 05h00Preços da celulose seguem em quedaPor Stella Fontes | De São PauloA queda acentuada dos preços da celulose desde o fim do ano passado, levando-os para perto das mínimas registradas em 2016, já começou a reduzir o ritmo de atividade na indústria, conforme era esperado. Porém, diante do elevado nível dos estoques da matéria-prima nos portos chineses e da chegada do período sazonalmente mais fraco para a indústria, há dúvidas quanto ao real impacto que essas iniciativas terão no mercado ainda em 2019. Na avaliação de fontes de mercado ouvidas pelo Valor, há risco de a recuperação de fato ser postergada para depois do Ano Novo Chinês.Até agora, ao menos três produtores anunciaram cortes de produção, diante do momento difícil do mercado, e outra grande produtora estendeu uma parada programada para manutenção, reduzindo a disponibilidade de fibra no mercado nos próximos meses. Paper Excellence (no Canadá), a russa Ilim e a canadense Canfor vão deixar de produzir, juntas, até 300 mil toneladas de fibra longa. No Brasil, segundo fontes da indústria, a Klabin teria prolongado a parada na unidade Puma, em Ortigueira (PR), que pode fazer 1,5 milhão de toneladas por ano de fibra curta e longa.Não é o caso da Klabin, mas nas demais companhias a decisão reflete a convergência entre os preços praticados no mercado e o custo marginal de produção, o que faz com que os produtores passem a operar no vermelho. O custo marginal é estimado em US$ 550 pela consultoria Hawkins Wright.Do lado dos estoques de celulose no sistema, segundo fontes da indústria, não houve mudança significativa e ainda há excesso de matéria-prima à espera de compradores. Contudo, não está claro em que momento os clientes chineses vão voltar ao mercado para recompor inventários na indústria papeleira e alguns produtores seguem ofertando volumes normalizados de celulose no mercado, a despeito da erosão dos preços, que desestimula o consumo dos estoques existentes.Apenas em junho, segundo relatório de quinta-feira do Itaú BBA, os preços de celulose de fibra curta e de fibra longa caíram entre US$ 40 e US$ 50 por tonelada, nos principais mercados mundiais, e a fibra curta perdeu outros US$ 30 desde o fim do segundo trimestre. Mas os recentes anúncios de redução de produção podem indicar que as cotações já se aproximam do vale deste ciclo, na avaliação do banco.Segundo os analistas Daniel Sasson e Barbara Angerstein, a demanda mais fraca de papel e cartão, especialmente nos mercados maduros, pressionou os preços da celulose e o crescimento mais lento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, a temporada sazonalmente mais fraca para celulose e papel e estoques de fibra ainda elevados devem seguir pesando sobre as cotações. Contudo, além das paradas em fábricas, o aumento do custo da madeira pode indicar que o piso para os preços está perto.A consultoria Foex mostrou na última terça-feira que o preço líquido da fibra curta na China caiu US$ 6 por tonelada nesta semana, para US$ 516 a tonelada, e já recuou US$ 31 por tonelada desde o fim do segundo trimestre. A fibra longa, por sua vez, perdeu US$ 4 no mercado chinês, para US$ 569 por tonelada nesta semana.Na Europa, a tonelada da fibra curta recuou US$ 13, mas o Itaú BBA estima que o preço líquido naquele mercado ainda esteja entre US$ 90 e US$ 100 acima do praticado na China.https://www.valor.com.br/empresas/6360557/precos-d...
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