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- 23/01/2007
Comissária da UE quer apuração "convincente" sobre carne do Brasil
Por Darren Ennis
BRUXELAS (Reuters) - A comissária da União Européia para questões agrícolas exige "uma convincente e efetiva" investigação sobre as alegações de alguns membros do bloco de que o produto brasileiro seria impróprio para alimentação de acordo com os critérios europeus.
Em uma carta obtida pela Reuters, a comissária de Agricultura da UE, Marina Fischer Boel, pediu que o comissário de Saúde do bloco, Markos Kyprianou, trabalhe arduamente sobre as alegações de que a carne brasileira não teria cumprido rigorosos padrões de segurança exigidos pela UE.
"Não apenas nós dois estaremos na linha de frente, mas a credibilidade de toda a Comissão (Européia) estará em jogo", disse Boel na carta.
Na semana passada, o porta-voz de Kyprianou disse que o Brasil foi alertado de que pode enfrentar uma suspensão total nas exportações ao bloco de 27 países, se falhar em cumprir com as exigências de segurança alimentar até o final do ano.
Várias organizações agrícolas da UE, principalmente na Grã-Bretanha e na Irlanda, estão procurando uma imediata suspensão na compra de carne do Brasil, dizendo que os criadores de gado do país não são obrigados a seguir os padrões exigidos pelo bloco.
"No meu ponto de vista, precisamos verificar estas alegações de uma maneira convincente e efetiva", afirmou a comissária.
Em um relatório submetido à Comissão Européia no mês passado, a Associação de Fazendeiros da Irlanda disse que criadores brasileiros não utilizam sistemas adequados de rastreabilidade do gado, que podem ser usados para identificar carregamentos no caso de surtos de doenças.
A entidade também alegou que os criadores usam medicamentos e hormônios de crescimento ilegais e têm controles inadequados de doença.
Na semana passada, contudo, a Comissão pareceu ter refutado as afirmações do relatório, argumentando que "a associação não visitou fazendas integrante do sistema de exportações para UE, nem visitou abatedouros, laboratórios ou órgãos oficiais de controle".
Mas Boel, da UE, disse a Kyprianou na carta que as alegações eram "tão dramáticas que não podiam ser deixadas de lado".
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes, negou as acusações e afirmou que os fazendeiros irlandeses fazem alegações "falsas e deturpadas".
Segundo Pratini, os irlandeses, produtores de carne bovina na Europa e que estão perdendo mercado para a carne brasileira, não visitaram unidades produtoras no Brasil que exportam para a Europa.
A carne brasileira respondeu por 66% das importações do produto pelo bloco europeu no ano passado, apesar da tarifa de 176%.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina.
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