A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou hoje oficialmente o fim da epidemia de Ebola na África Ocidental, após ter encerrado o período de transmissão da doença na Libéria.

“Hoje, a OMS declara o fim da epidemia de Ebola na Libéria e afirma que todas as cadeias de transmissão conhecidas na África Ocidental foram travadas”, indicou a instituição, com sede em Genebra, na Suíça.

Iniciada em dezembro de 2013 na Guiné-Conacri, a epidemia se propagou depois aos vizinhos Libéria e Serra Leoa, três países que concentraram 99% dos casos, tendo atingido, ainda, a Nigéria e Mali.

Vítimas

Em dois anos, o vírus da doença, identificado pela primeira vez há quatro décadas, chegou, importado, à Espanha e aos Estados Unidos, tendo afetado 28.637 pessoas, sendo que  11.315 delas morreram.

O balanço, que a OMS admite estar ainda subavaliado, é superior a todas as epidemias de Ebola acumuladas desde a identificação do vírus na África Central, em 1976. Após Serra Leoa, em 7 de novembro de 2015, e a Guiné-Conacri, a 29 de dezembro do mesmo ano, a Libéria chegou hoje ao 42º dia – duas vezes mais do que o período máximo de incubação -, depois de um segundo teste negativo no último paciente. No entanto, o risco persiste porque o vírus permanece em certos líquidos corporais de sobreviventes, principalmente no esperma, onde pode subsistir até nove meses.

Na quarta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, admitiu a possibilidade de o vírus poder reaparecer “nos próximos anos”, mesmo que a sua amplitude e frequência devam “diminuir” com o tempo. “Devemos permanecer mobilizados”, alertou hoje Peter Graaff, diretor da OMS para a epidemia do Ebola.

“Esta doença não nos pode destruir como até agora. Nós, médicos, também fomos afetados (morreram 192 dos 378 contaminados)”, disse Francis Karteh, responsável da Célula Nacional de Crise anti-Ebola liberiano.