A fumaça carregada de resíduos químicos do incêndio no Porto de Santos pode até provocar chuva ácida na região da Baixada Santista, segundo o professor de química e meio ambiente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rogério Machado. “Agora você tem uma mistura nessa nuvem que está vendo na Baixada com um monte de coisa. Junto com a neblina, que é a umidade normal, vai ter chuva ácida por toda a região”, prevê o especialista.

De acordo com Machado, a precipitação contaminada pode causar danos materiais e à vegetação. “Vai ter corrosão generalizada. Sem contar a vegetação que vai sofrer e os peixes, se isso cair para a água”, ressaltou.

O incêndio, iniciado no fim da tarde de ontem (14), atingiu 80 contêineres com diferentes tipos de produtos químicos armazenados pela empresa Localfrio. O fogo ccomeçou em contêineres de ácido dicloroisocianúrico, um produto usado como bactericida na água. A fumaça tóxica atingiu as cidades de Santos, Guarujá e São Vicente. A inalação dos resíduos levou 92 pessoas a procurar atendimento médico. Ao respirar os derivados de cloro, as pessoas estão sujeitas, segundo Machado, a sofrer queimaduras internas.

Na avaliação do professor, o combate ao incêndio, apesar de imprescindível, deve provocar o lançamento de parte dos resíduos tóxicos no mar. “Combatendo o incêndio, você solubilizou um monte disso para a água do mar. Dependendo da corrente que tiver, haverá sérios problemas ambientais”, acrescentou.

As informações disponíveis até o momento indicam, de acordo com Machado, que houve imprudência no armazenamento do produto. “É um material sólido, que é solúvel em água. Porém, é um produto que libera muito cloro. Quando você o coloca na água, libera cloro, para ser bactericida. Por isso, é preciso armazená-lo completamente seco. O pessoal simplesmente acumulou um monte de contêineres e deixou suscetível a uma enchente com a água do porto”. Ao entrar em contato com a água, o material se volatilizou.  “Virou gás e explodiu”.