Os fundos 157, criados nos anos 1970 para incentivar a abertura de capital das empresas, e que permitiam destinar parte do imposto de renda anual a pagar para investimento em ações, deixaram de existir nos anos 1980, mas ainda reúnem 3 milhões de contas de investidores, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Esses foram os primeiros fundos criados no país e foram depois transformados em fundos de ações. Boa parte dos donos desses 3 milhões de contas já morreu e outra parte nem sabe que tem a aplicação.

Os bancos, porém, são obrigados a manter as contas e os fundos, até que alguém apareça para reclamar os valores. Alguns bancos transformaram essas carteiras em fundos abertos a todos os clientes, e outros cobram taxas de administração elevadíssimas para acabar de vez com essas aplicações.

Total de 11,7 milhões de contas

Os dados fazem parte do primeiro levantamento da Anbima sobre o perfil dos investidores por classe de fundos. No total, o setor conta com 11,7 milhões de contas, número que não pode ser confundido, porém, com o total de investidores, pois um mesmo investidor pode ter várias contas em vários bancos ou fundos.

Renda fixa concentra maior parte

Mais da metade dessas contas, ou 6,093 milhões, são de fundos de renda fixa. Dessas contas,  o varejo responde pela maior parte, 3,9 milhões, e o varejo de alta renda, 1,8 milhão. O número alto mostra a opção dos investidores em fundos pela segurança e também as vantagens da renda fixa em um país com uma das maiores taxas de juros do mundo.

O patrimônio dos fundos renda fixa concentra também a maior parte dos saldos do setor, com R$ 1,4 trilhão, para um total de R$ 2,983 bilhões. Desse valor em renda fixa, R$ 213 bilhões são de fundos destinados ao varejo de alta renda e R$ 196,7 bilhões são de varejo.

Fundos de ações têm 1,4 milhão de contas

Os fundos de ações, excluindo os 157, reúnem o segundo maior número de contas, com 1,4 milhão, mas um patrimônio muito menor, de R$ 140,9 bilhões. Nesse tipo de fundo, o varejo tem 798 mil contas, mas uma parcela pequena do valor aplicado: R$ 6,7 bilhões. Predominam os grandes investidores de private banks, com 38,1 mil contas e saldo de R$ 36,8 bilhões. O varejo de alta renda tem 493 mil contas e saldo de R$ 62 bilhões.

Multimercados, 414 mil contas

Já os multimercados reúnem 414,1 mil contas, concentradas no varejo de alta renda, com 197,3 mil contas. Mas o maior valor é novamente de clientes private, com R$ 239,2 bilhões investidos em 108,9 mil contas.

Previdência e imobilários

Chama a atenção que os fundos de Previdência Privada reúnem 535,9 mil contas, mais que os multimercados, mas muito menos que ações e renda fixa, o que mostra a ainda baixa preocupação dos brasileiros com a aposentadoria. O patrimônio desses fundos é de R4 488,7 bilhões.

Já os fundos imobiliários reúnem 203,6 mil contas, com forte concentração no varejo de alta renda: 39,3 mil contas. O varejo tem mais 36,4 mil contas. Mas os investidores private têm a maior parcela de recursos: R$ 11,3 bilhões, enquanto as empresas vêm em seguida com R$ 8,6 bilhões, de um total de R$ 62 bilhões investidos em fundos imobiliários.