O Índice Bovespa encerrou março com alta de 16,97%, a maior em um mês desde 2002, impulsionada pela expectativa de mudança de governo e pelo avanço do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O desgaste do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reduzindo suas chances para a eleição de 2018 após sua convocação para depor na Operação Lava Jato, os depoimentos do ex-líder do PT no Senado Delcídio do Amaral contra Lula e Dilma, o acerto de delação premiada de executivos da Andrade Gutierres e da Odebrecht, a prisão do marqueteiro do PT, João Santana, e as fortes manifestações contra o governo fizeram os investidores locais e estrangeiros aumentarem as apostas na bolsa.
Principalmente os estrangeiros, que voltaram a aposta no país e compraram liquidamente R$ 7,679 bilhões a mais em ações apenas em março, até dia 29, elevando o saldo no ano para R$ 9,844 bilhões.
Com a alta deste mês, o índice lideram as aplicações no ano, com 15,47% de ganho, mais que o juro projetado para todo o ano pela taxa básica Selic, de 14,25%. Papéis de estatais foram destaque em março, puxadas pela expectativa de mudança de governo, e Petrobras acumulou alta de 63%. Vale subiu 33%.
Dólar despenca
Enquanto a bolsa disparava, o dólar despencou, acompanhando o movimento na política interna e a tendência de enfraquecimento da moeda americana diante das de países emergentes no restante do mundo. O dólar comercial encerrou março com queda de 10,16%, a maior perda mensal desde 2003, encerrando o mês a R$ 3,597 para venda no segmento comercial, das grandes operações. Já o dólar turismo fechou em queda de 9,40%, vendido a R$ 3,75. A tendência de longo prazo do dólar mudou depois que a presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, afirmou nesta semana que a alta dos juros nos Estados Unidos será bastante gradual por conta dos riscos para a economia internacional, especialmente os vindos da desaceleração da China. Assim, com juro baixo, o dólar fica mais fraco e sobra dinheiro para vir para o Brasil.
Juros caem e beneficiam fundos de papéis longos de inflação
Os juros acompanharam os movimentos do dólar e do cenário político. Uma mudança de governo que aumente as chances de um ajuste fiscal e a certeza de combate da inflação tende a ajudar a derrubar as taxas de juros mais longas, ao mesmo tempo em que um dólar mais baixo pressiona menos a inflação. Com isso, as taxas de juros dos papéis do governo caíram bastante, beneficiando os fundos de Duração Longa, ou longo prazo. Esses fundos, que compram Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) corrigidas pelo IPCA e de longo prazo, foram destaque em março com rendimento médio bruto de 2,06%, ou 1,75% líquidos considerando um imposto de renda de 15%.
Uma NTN-B 2035, que pagava IPCA mais 7,42% ao ano no começo de janeiro, terminou março pagando 6,39%. Essa queda de apenas 1 ponto percentual, projetada para 20 anos até o vencimento do papel, provoca uma forte oscilação no preço da NTN-B no mercado e nas cotas de alguns fundos.
NTN-B, ganho de 21% em 30 dias
Com isso, as NTN-B Principal (sem juros semestrais) de prazo mais longo, com vencimento em 2035, acumularam rendimento nos 30 dias encerrados hoje de 20,81%, segundo dados do site do Tesouro Direto. Esse ganho é um reflexo do efeito da queda dos juros de mercado, que valoriza os papéis mais antigos, que tinham juros mais altos. O papel para 2024 tem ganho de 6,03%.
O mesmo ocorreu com os papéis prefixados, que acumulam ganho em 30 dias de até 14,08%, caso das LTN com vencimento em 2023. Os papéis para 2019 também subiram, 5,09%, e os para 2021, 9,77%. Essa oscilação dos preços dos título reflete os juros pagos pelas LTN, que no caso das com vencimento em 2023 passaram de 16,59% no começo de janeiro para 13,79% no fim de março.
A alta dos papéis prefixados puxou o ganho dos fundos de renda fixa Duração Média, que costumam misturar papéis pré e com liquidez diária.
Cadernetas na lanterna
Já as cadernetas de poupança seguem com o pior desempenho da renda fixa, com 0,72% de ganho em março e acumulando 1,96% no mês.
O ouro, que liderou as aplicações no começo do ano por conta da incerteza com a China, devolveu boa parte dos ganhos, acompanhando a oscilação do dólar. Em março, o metal caiu 9,35%, para R$ 143,50 o grama na BM&FBovespa. No ano, o metal ainda acumula ganho de 5%.
Abaixo, o desempenho dos principais ativos financeiros, em março e no acumulado do ano.
Rentabilidades | no mês | |||
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Aplicação | Março | No ano | Liq mês | Liq. Ano |
Ibovespa | 16,97 | 15,47 | 16,97 | 15,47 |
RF Dur. Alta Grau Invest | 2,06 | 5,36 | 1,75 | 4,56 |
RF Dur.Livre Grau Invest | 1,50 | 3,99 | 1,28 | 3,39 |
RF Dur. Livre Credito Livre | 1,39 | 3,69 | 1,18 | 3,13 |
Renda fixa Simples | 1,35 | 3,43 | 1,08 | 2,74 |
RF Dur. Media Grau Invest | 1,19 | 3,34 | 1,01 | 2,84 |
RF Dur. Baixa Soberano | 1,17 | 3,26 | 0,99 | 2,77 |
RF Dur. Baixa Grau Invest | 1,15 | 3,24 | 0,98 | 2,76 |
CDI | 1,11 | 3,20 | 0,94 | 2,72 |
Poupança 1 | 0,72 | 1,96 | 0,72 | 1,96 |
Poupança 2 | 0,72 | 1,96 | 0,72 | 1,96 |
IGP-M | 0,51 | 2,97 | 0,51 | 2,97 |
Ouro | -9,35 | 5,90 | -9,35 | 5,90 |
Dólar Comercial | -10,16 | -8,94 | -10,16 | -8,94 |
Rentabilidades | Em 2016 | (%) | ||
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Aplicação | Março | No ano | Liq mês | Liq. Ano |
Ibovespa | 16,97 | 15,47 | 16,97 | 15,47 |
Ouro | -9,35 | 5,90 | -9,35 | 5,90 |
RF Dur. Alta Grau Invest | 2,06 | 5,36 | 1,75 | 4,56 |
RF Dur.Livre Grau Invest | 1,50 | 3,99 | 1,28 | 3,39 |
RF Dur. Livre Credito Livre | 1,39 | 3,69 | 1,18 | 3,13 |
Renda fixa Simples | 1,35 | 3,43 | 1,08 | 2,74 |
RF Dur. Media Grau Invest | 1,19 | 3,34 | 1,01 | 2,84 |
RF Dur. Baixa Soberano | 1,17 | 3,26 | 0,99 | 2,77 |
RF Dur. Baixa Grau Invest | 1,15 | 3,24 | 0,98 | 2,76 |
CDI | 1,11 | 3,20 | 0,94 | 2,72 |
IGP-M | 0,51 | 2,97 | 0,51 | 2,97 |
Poupança 1 | 0,72 | 1,96 | 0,72 | 1,96 |
Poupança 2 | 0,72 | 1,96 | 0,72 | 1,96 |
Dólar Comercial | -10,16 | -8,94 | -10,16 | -8,94 |
Fonte: BC, Anbima, FGV, Cetip, Lopes Filho, CMA, BM&FBovespa. O rendimento dos fundos foi projetado pela Anbima, com base em dados até dia 28. Poupança 1 são depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012, seguindo a nova fórmula de remuneração da caderneta. Poupança 2 são depósitos feitos antes de 4 de maio, que seguiram rendendo 0,5% ao mês mais TR. O imposto de renda descontado dos fundos e do CDI equivale a 15%, referente a aplicações com mais de 2 anos de prazo, com exceção dos fundos Renda Fixa Simples, cujo desconto foi de 20% do rendimento bruto. Dólar, Ibovespa e ouro não sofreram desconto de imposto. O ouro ativo financeiro é isento de IR para pessoas físicas.