ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Hot Features

Registration Strip Icon for charts Cadastre-se para gráficos em tempo real, ferramentas de análise e preços.

Do macro ao micro

LinkedIn

Assim como a economia mundial estagnada afeta a economia brasileira, a estagnação brasileira afeta as empresas. O governo brasileiro isenta-se de seus erros e deixa a culpa para a China, que desacelerou causando a queda de importantes commodities e movimentos especulativos no mercado financeiro, e ao “golpe” da oposição.

No entanto, as justificativas são pobres diante de tantos erros econômicos que levaram ao despreparo da economia brasileira para enfrentar situações adversas. O fato é que não podemos ficar à mercê de ondas positivas do cenário internacional para que a economia interna vá bem. Em momentos favoráveis, é preciso lançar mão de reformas para se preparar para cenários adversos, como obter superávits fiscais como forma de garantir a sustentabilidade da economia no médio prazo e poder, quando necessário, lançar a mão dos déficits e movimentar o mercado interno quando a conjuntura internacional vai mal. Um receituário simples, mas esquecido.

O despreparo e bem arraigado também no micro. Cada empresário aponta culpados diferentes para os próprios problemas. Assim como o governo culpa o cenário adverso e a oposição, os gestores colocam a culpa do seu fraco desempenho na economia e deixam de ver seus próprios erros. Ninguém pensa em estar preparado para momentos de recessão. Entre os pequenos empresários, poucos olham para a gestão de caixa, algo essencial, ou traçam um planejamento de longo prazo. Já os grandes estão acostumados a incentivos fiscais, empréstimos subsidiados, àquela mãozinha do governo a evitar que negócios não sofram ou morram. Quem não lembra da “pequena ajuda” à fusão da Sadia com a Perdigão, depois das elevadas perdas da primeira com derivativos devido a erros de gestão? O problema é que os gastos do governo devem ser contidos agora e há o fim da “ajuda fácil”.

Não é de se estranhar, portanto, que o número de falências e pedidos de recuperação judicial esteja batendo recorde este ano. Tal indicador não é reflexo apenas da conjuntura macroeconômica, assim como a queda do PIB brasileiro não é reflexo apenas da estagnação mundial. A quebra das empresas está relacionada a posturas de gestão equivocadas. O empresariado segue o princípio “vamos que está dando certo”, mas esquece de olhar para indicadores básicos em época de “vacas gordas”, como custos e produtividade. Não adianta ter excelentes ativos e produtos, mas não ser eficiente.

Levantamento realizado por Oscar Malvessi, pesquisador sênior do GVcepe (Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital) e coordenador do curso de Fusões e Aquisições do GVPec da Fundação Getúlio Vargas, mostra que somente 25% das empresas brasileiras geram valor aos acionistas, pagando o custo de oportunidade. A maioria dos gestores e investidores pensam no curto prazo, esperando para a divulgação do balanço trimestral para analisarem os indicadores da contabilidade tradicional, como o lucro. No entanto, é preciso ter em mente que a contabilidade tradicional “esquece” a remuneração do capital dos proprietários, não sendo de todo incomum as empresas apresentarem um resultado contábil positivo e na realidade, estarem perdendo valor. Onde fica a sustentabilidade do negócio?

Malvessi defende a ótica do Valor Econômico Criado (VEC), metodologia de criação de valor ao acionista/sócio com foco na análise do valor econômico. Dentre outras variáveis, considera explicitamente o custo de oportunidade dos proprietários. O VEC monitora o desempenho dos negócios com uma métrica que mensura o capital operacional efetivamente aplicado no negócio e seu custo de capital. A metodologia motiva a gestão a concentrar-se na eficiência operacional e no aumento da lucratividade econômica do capital operacional empregado no negócio, estabelecendo um novo direcionamento corporativo.

Algo da moderna administração migra da academia para as grande empresas, entre as quais há ícones, modelos a serem seguidos – particularmente alguns de seus CEOs –, que alcançaram tal status apenas por conta da mãozinha oficial a encobrir seus erros. Para isso, há o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, não é mesmo? Entre os pequenos, poucos se atêm a conceitos pra lá de básicos, como produtividade. Entre os trabalhadores, o despreparo é generalizado. Coisas de uma economia que, em termos históricos, foi aberta dias atrás e de uma “nação” que não valoriza o ensino. A crise demorará a passar, mas dá pra por a culpa nos outros?

Deixe um comentário