O desenrolar do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff continuou como foco do mercado nesta semana. O Senado deve votar parecer sobre o impedimento – e consequente afastamento – de Dilma até o dia 11 de maio. As principais notícias dos últimos dias, porém, se voltaram para o desenho de um possível governo de Michel Temer e as costuras políticas.

Ganharam destaque as especulações sobre as escolhas de Temer para ocupar o Ministério da Fazenda e o comando do Banco Central. E sobre as diretrizes de seu programa de governo, com reformas da Previdência e trabalhista.

Para a Fazenda, o mais provável, segundo a mídia, é que a pasta seja ocupada por Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, nome que agrada o mercado. Caso Meirelles seja o escolhido, teria carta branca para decidir quem seria o próximo presidente do BC. Um nome forte é o do economista Ilan Goldfajn.

Sobre os encontros políticos de Temer, um dos principais aconteceu com o senador Aécio Neves, marcando uma aproximação com os tucanos. Temer sinalizou a possibilidade de enviar ao Congresso uma proposta para acabar com a reeleição. Ele se reuniu ainda com o senador Fernando Collor, que apresentou um projeto de “reconstrução nacional” ao vice. Temer também ouviu representantes do agronegócio e da indústria.

No âmbito da Lava Jato, Fernando Baiano reafirmou, em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, um repasse de R$ 4 milhões ao presidente da Casa, Eduardo Cunha.

No cenário macroeconômico, o destaque foi a reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que decidiu manter a taxa de juros em 14,25% ao ano, pela sexta vez seguida. O mercado, que já aguardava essa decisão, espera que a taxa seja mantida até o fim do ano.

Já a inflação desacelerou este mês, passando de 0,51% para 0,33%, influenciada pela queda nos preços dos alimentos in natura. Os dados são do IGP-M, índice que mede o reajuste dos preços dos alugueis, divulgado pela FGV. No ano, esse índice avança 3,30% e, no acumulado de 12 meses, 10,63%.

As contas do governo registram o pior resultado para o mês de março e para o primeiro trimestre, desde o início da série histórica, em 1997. O saldo negativo do déficit primário — quando as despesas são maiores que as receitas, sem contar os juros da dívida – ficou em R$ 7,94 bilhões no mês e em R$ 18,2 bilhões no trimestre.

No STF, houve o adiamento por dois meses da decisão sobre as dívidas dos estados com a União. O Supremos manteve, por ora, as liminares que determinam cobrança de juros simples desses débitos.

No front internacional, o Fed, banco central americano, decidiu manter a taxa de juros na banda de 0,25%-0,50% ao ano. O PIB do país deu sinal da desaceleração da economia americana. Foi registrado crescimento, lento, de 0,5% no primeiro trimestre, de acordo com as estimativas do Departamento do Comércio do país. Como base de comparação, o PIB americano evoluiu 1,4% no trimestre antecedente.

Assim, a bolsa continuou operando em forte volatilidade nesta semana, acompanhando indicadores internacionais, alta do petróleo e o desenrolar do panorama político por aqui. O Ibovespa, índice da Bolsa de São Paulo, encerrou a quinta-feira em baixa de 0,3%, aos 54.312 pontos.

No mercado de câmbio, a moeda americana se desvalorizou na quinta-feira 0,84%, cotada a R$ 3,4967,marcando a quarta sessão seguida em que o BC não intervém para comprar a divisa.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
*Dados atualizados até 28 de abril, às 19h.