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Para The Economist, Brasil foi traído por seus políticos

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O Brasil voltou a ser destaque na edição para a América Latina da revista britânica The Economist, desta vez com o foco na crise política que desembocou na aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Com o título “A Grande Traição”, a revista diz que a presidente Dilma desapontou o país, mas a classe política também. A reportagem descreve os momentos grotescos da votação do impeachment na Câmara e fala das acusações contra vários políticos e congressistas que votaram pelo impeachment. E coloca em dúvida a representatividade que o vice-presidente Michel Temer terá para governar caso Dilma saia.

O texto cita outros eventos pouco edificantes da história do Parlamento brasileiro, como quando o senador Arnon de Mello atirou em um desafeto durante uma sessão no Senado e matou um outro colega por engano em 1963, ou quando o deputado Antonio Kandir apertou o botão errado e fez o governo perder a votação da reforma da Previdência em 1998.

A revista descreve as declarações durante os votos como um show bizarro e cita as dedicações a cidades natais, religiões e até causas voltadas à defesa dos animais.  E lembra que a votação ocorre no momento desesperador, em que o Brasil enfrenta sua pior recessão desde 1930, com o PIB podendo cair até 9% desde o segundo trimestre de 2014, quando a recessão começou, até o fim deste ano e com a inflação e o desemprego ambos ao redor de 10%.

Mas, segundo a revista, a culpa não é só de Dilma. Toda  a classe política brasileira vem decepcionado o país, com um misto de negligência e corrupção. Para a The Economist, os líderes brasileiros não reconquistarão o respeito dos cidadãos ou superarão os problemas econômicos do país sem uma grande auto-depuração.

A revista cita a “incompetência” da presidente Dilma em seu primeiro mandato, que fez o país piorar economicamente, e o envolvimento do seu partido, o PT, no esquema de corrupção da Petrobras. E lembra que a presidente, embora não tenha sido implicada diretamente no escândalo da estatal, tentou blindar o ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva do processo indicando-o como ministro.

Mas, segundo a revista, o mais alarmante é que aqueles que estão tentando tirá-la do cargo são de muitas maneiras piores, apesar de um eventual governo do vice-presidente Michel Temer poder trazer algum alívio econômico graças ao trânsito político que a sisuda Dilma nunca teve. O partido de Temer, o PMDB, por sua vez, também está envolvido nas acusações, lembra a revista, citando o caso de Eduardo Cunha, chamado durante a votação do impeachment de bandido e gangster.

A revista cita também que dos 21 deputados investigados na Operação Lava Jato, 16 votaram pelo impeachment e que cerca de 60% dos congressistas enfrentam processos criminais. E lembra que os problemas do Brasil nessa área não serão resolvidos rapidamente, e vêm de um país escravocrata e marcado por ditaduras que terminaram por montar um sistema eleitoral que se sustenta em caras campanhas e ao mesmo tempo impede a punição e a cobrança dos políticos eleitos.

O texto afirma que o impeachment não resolverá esse problema. As acusações que baseiam o processo contra Dilma, manipulação das contas públicas para mascarar o déficit fiscal, parecem menores diante dessas irregularidades, tanto que poucos deputados as citaram em seus votos. E Temer poderá ter dificuldade em ser visto com legitimidade para exercer o cargo.

O fato de o Brasil ter conseguido superar suas crises sem golpes de estado e desordem institucional é citado como um fator positivo, apesar de a crise econômica e o conflito político serem fatores explosivos. A revista lembra também que o fato de a Operação Lava Jato atingir figuras ilustres da política e do empresariado também mostra um avanço, obtido graças ao engajamento da classe média contra a corrupção e a impunidade. E reconhece que Dilma foi responsável por alguns desses avanços.

A The Economist diz que novas eleições seriam uma opção para o país ter um novo presidente que possa fazer as reformas que o país precisa e que são adiadas por décadas, ao mesmo tempo que daria aos eleitores uma chance de depurar o Congresso, com novos líderes e uma nova legislação que controle melhor a corrupção e os gastos públicos descontrolados. Mas a revista reconhece que isso seria um caminho difícil pois teria de ser aprovado pelos próprios congressistas, ou ser determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral após cassar a chapa de Dilma e Temer, o que também parece longe de acontecer.

A reportagem termina afirmando que há uma grande chance de o Brasil ser condenado à instabilidade pela atual geração de políticos desacreditados. Mas observa que os eleitores não podem esquecer deste momento quando forem votar novamente e quando poderão eleger algo melhor.

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