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Queda de 4% do PIB é piso?

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O agravamento da recessão e a falta de perspectiva para os próximos meses, ao menos até que o processo de impeachment seja concluído e mude as expectativas – em si, o processo não dará clareza sobre o rumo que o país tomará –, afetam profundamente o bolso dos brasileiros. Os últimos dados do IBGE mostram que a taxa de desemprego atingiu a casa de dois dígitos este ano. Ao mesmo tempo, a massa salarial tem recuado mês a mês, o que atinge diretamente o consumo e compromete todo o desempenho econômico.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, o desemprego ficou em 10,2% no trimestre encerrado em fevereiro, o maior índice da série, iniciada em 2012. No mesmo período de 2015, o indicador era de 7,4%. A população desocupada somou 10,4 milhões de pessoas e também atingiu o maior patamar desde o início da Pnad. Na comparação com o mesmo período de 2015, o aumento atinge 40%.

A Pnad substitui a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrangia apenas as seis principais regiões metropolitanas e mostra que o rendimento médio de quem estava trabalhando no período foi de R$ 1.934, queda de 3,9% no trimestre de dezembro a fevereiro do ano passado.

Uma análise simples mostra que a situação é mais grave ainda do que parece. No início do governo Dilma, em fevereiro de 2011, a população desocupada somava 1,5 milhão de pessoas (dados da PME). Na época, esta era a menor taxa registrada na série histórica. O baixo nível de desocupação levava as empresas a pagarem salários maiores, mesmo diante do baixo nível de qualificação do brasileiro. Tal fato provocava distorções no mercado de trabalho. Entretanto, de lá para cá, a conjuntura sofreu um forte revés, fruto da falta de controle das contas do governo. Agora, a tendência é completamente inversa.

Além da queda bruta da massa salarial, o trabalhador sofre com a forte retração do poder aquisitivo. A inflação corroeu o poder de compra, o que significa que a queda do rendimento do trabalhador é muito maior do que parece, pois a grande maioria da população olha apenas para o holerite e não para o salário real. De acordo com dados da pesquisa divulgada pelo Instituto Assaf, R$ 100,00 de 1994 hoje valem apenas R$ 18,59. No início do governo Dilma, uma nota de R$ 100 equivalia a um poder de compra de R$ 25,19. A diferença está relacionada à inflação, que de 1º de julho de 1994 a março de 2016, acumula 437,79%.

É preciso lembrar ainda que o consumo é o principal componente do PIB pela ótica da demanda, representando desde 2000 cerca de 60% do produto. No ano passado, enquanto o PIB caiu 3,8%, o consumo das famílias recuou 4,0% em relação a 2014. Tendo em vista a deterioração do quadro, com desemprego crescente e piora do poder aquisitivo, as projeções de queda do produto parecem mais conservadoras do que a realidade propõe. A instabilidade e falta de perspectiva de mudança, pelo menos até que se decida sobre a saída ou não de Dilma, torna muito difícil a reversão do quadro.

Enquanto o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (15/04) prevê queda de 3,8% do PIB, dados do Monitor do PIB, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que a atividade econômica acumula retração de 4,1% nos 12 meses encerrados em fevereiro. O indicador apresenta-se negativo há 14 meses consecutivos. O levantamento destaca que o consumo das famílias diminuiu 4,3% nos 12 meses encerrados em fevereiro, ou seja, acima da queda registrada no PIB de 2015.
Acrescenta-se ao quadro de retração da renda a piora da confiança do empresário. De acordo com a FGV, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) apresentou recuo de 15%. Somente o componente ‘máquinas e equipamentos’ apresenta queda de 29,8% em 12 meses. Segundo a pesquisa da companhia de seguros britânica JLT, já foram suspensos no Brasil cerca de US$ 85 bilhões em projetos de investimentos de diversos setores da economia.

O ambiente desafiador e a falta de luz no fim do túnel agravam a crise econômica, neste primeiro semestre do ano, a tendência é de que o poço se torne mais fundo. Porém, a partir de julho em diante, tudo dependerá do que vier a partir do impeachment. A pergunta que fica é se o “salvador da pátria”, seja ele quem for e surja quando surgir, conseguirá reverter as expectativas e conseguir um voto de confiança da população ao menos por 180 dias. Se isso se concretizar, talvez a economia demonstre certo alento e a queda de 4% não seja tão otimista. Caso contrário, 4% parece o piso e o brasileiro continuará enxugando suas contas.

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