A expectativa de restauração da credibilidade política no Brasil, com a possível aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, levou o BNP Paribas a revisar suas projeções de crescimento para o país. O banco francês espera para o ano que vem um aumento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, contra projeção anterior de crescimento zero.

A casa também revisou suas estimativas de câmbio de R$ 4,30 para R$ 3,80 até o fim deste ano. Para 2017, a projeção foi mantida em R$ 4. Já as estimativas de inflação para 2016 caíram para o teto da meta neste ano, 6,5%, diante da valorização do real, da pior recessão da história e de um reforço na credibilidade do Banco Central (BC) em combater a alta dos preços no novo governo. No ano que vem, a expectativa é de que as taxas fiquem próximas ao centro da meta, de 4,5%.

Com a inflação em queda, a casa vê espaço para um corte de juros por parte do BC, caso algum ajuste fiscal também esteja em curso. Ainda assim, para reforçar suas credenciais de combate à inflação, o BC do novo governo deverá manter os juros estáveis por alguns meses, apesar da pressão política, depois de enfrentar a pior recessão da história do país.

Oportunidade de ouro

Em relatório assinado pelo economista-chefe do banco no Brasil, Marcelo Carvalho, o BNP também justificou sua aposta, bem acima do consenso, com a trajetória de queda da inflação local. Segundo ele, a hora é de uma virada positiva sobre as perspectivas para o país.

“Uma nova administração, aos cuidados do vice-presidente Michel Temer, terá uma oportunidade de ouro para projetar uma reviravolta na economia brasileira, com uma equipe econômica sólida e apoio suficiente no Congresso para implementar medidas impopulares”, afirma na análise.

De acordo com o BNP, a prioridade do novo presidente deverá ser colocar as contas fiscais nos trilhos, o que pode significar um esforço de vários anos, por isso, “não há tempo a perder”.

Na visão de Carvalho, assumindo essa postura diante dos gastos públicos, as autoridades poderão ganhar uma significativa simpatia do mercado. Ele cita ainda como ações interessantes a reforma da Previdência, com idade mínima de aposentadoria, além da independência do BC, a fim de impulsionar a credibilidade da política monetária.