O mercado parece estar dando sinais de que está mais satisfeito com os novos rumos políticos e econômicos do país. As pesquisas recentes do Boletim Focus mostram que o mercado espera hoje indicadores econômicos mais otimistas do que no começo desse ano, enquanto alguns, como o crescimento da economia e a atividade industrial, pararam de piorar após o afastamento da presidente Dilma Rousseff e as medidas econômicas anunciadas pelo interino Michel Temer.

A expectativa para a taxa Selic no encerramento desse ano, que apresentou sucessivas altas desde meados do segundo semestre do ano passado até março de 2016, parece agora voltar a uma trajetória decrescente, o que é um dado importante para o país, que tem uma dívida interna bastante elevada e custosa. Qualquer redução nos juros futuros significa uma grande economia para o governo, que poderá gastar em outras áreas. A queda dos juros segue a tendência de maior confiança nas contas públicas e no controle da inflação.

Selic em baixa

Em 8 de janeiro, quando o Banco Central (BC) lançou o primeiro relatório Focus de 2016 e as incertezas políticas e econômicas do país eram as principais pautas do mercado financeiro, a expectativa para a taxa Selic, a taxa básica de juros definida pelo BC, no final de 2016 era de 15,25% ao ano. Na pesquisa divulgada nessa segunda-feira, após o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a composição de uma nova equipe econômica no governo, o mercado espera uma taxa Selic em 12,88% ao ano. Desde o começo de abril, as projeções do Boletim Focus vêm registrando sucessivas baixas nas expectativas para os juros básicos da economia, voltando a subir apenas na semana passada, por conta da troca de comando do BC, com Ilan Goldfajn assumindo o posto, e pela alta recente da inflação do IPCA-15 e do IGP-M.

Para 2017, a taxa está hoje em 11,25%, ante 12,88% no começo deste ano.

Dólar também cede e deixa de rondar os R$ 4

Outro sinalizador da melhora do humor do mercado brasileiro está na expectativa para o dólar no final deste ano. As sucessivas altas da moeda americana no ano passado deram lugar a uma sequência de baixas no câmbio, aliviando a pressão cambial que o país sofria desde meados de 2015. Na primeira pesquisa Focus do ano, a projeção para o dólar ao final de 2016 era de R$ 4,25. Hoje, essa projeção está em R$ 3,65, R$ 0,60 de diferença em apenas cinco meses.

Crescimento piora e depois volta a melhorar

Outros indicadores também registraram uma relativa melhora ao estabilizar suas projeções e interromper as sequências de quedas e pessimismo que dominaram os indicadores ao longo do ano e que atingiram seu pico de pessimismo em abril.

É o caso da projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e a produção industrial do país, ambos para 2016. A projeção para o PIB veio piorando até atingir -3,89% no Focus de 29 de abril, e desde então veio melhorando, até voltar para 3,81% na semana passada. Já para o ano que vem, a projeção para crescimento do PIB chegou a bater 0,20% de crescimento apenas em 15 de abril, e depois começou a melhorar, até voltar para 0,55% na semana passada.

Já a produção industrial chegou a registrar projeção de queda de 7,50% para este ano e de 2,15% para 2017 em 20 de novembro, e está agora em -6% para neste ano e 0,90% de crescimento em 2017.

Os números ainda estão, porém, muito abaixo das projeções do começo do ano, que indicavam um PIB caindo 2,95% este ano e 1% em 2017. Para a produção industrial, a projeção era de queda de 3,50% este ano e crescimento de 2% em 2017.