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O rabo de cavalo

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O país está irremediavelmente dividido, desde que a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi aprovada pela Câmara dos Deputados. Tal situação é péssima, mas é somente o segundo maior dos nossos problemas. O principal deles é este: a economia.

A cizânia entre os “coxinhas” e os “mortadelas” se encontra em patamares elevados. Todo o ambiente de discórdia é potencializado pela ação dos grupos nas redes sociais. Em 1964 e em 1992, momentos quando o país também viveu graves turbulências políticas, não havia internet para amplificar rancores e elevar a pressão ao extremo, como agora. O desagradável é que as pessoas chegaram a um nível de intransigência estratosférico, o que implica que ninguém (absolutamente ninguém) quer ceder, virou uma espécie de disputa clubista.

A despeito de o “Fla x Flu político” ser inquietante, a mais grave de nossas mazelas, como mencionei, é a situação econômica. Há vários trimestres a economia do país é como rabo de cavalo: cresce para baixo. Se nada for feito, em 2020 teremos o mesmo PIB per capita do início desta década. Anos perdidos.

Os integrantes da equipe econômica, do governo Michel Temer, passaram os primeiros dias de trabalho debruçados sobre números e estatísticas, procurando deslindar o quadro fiscal e sinalizar o rumo a ser tomado doravante. Como venho salientando em artigos e entrevistas, o ajuste necessário para resgatarmos a credibilidade perdida será doloroso e antipático.

As primeiras indicações, noticiadas pela imprensa, ensejam um cenário de “terra arrasada” e dão conta que o ajuste fiscal a ser executado deverá ser superlativo. Em meus cálculos precisaremos de, no mínimo, R$ 250 bilhões — isso se quisermos voltar com um superávit primário em torno de 2% do PIB e colocar o nominal em trajetória cadente. Ainda assim, uma figura dessa ordem não seria a ideal para estabilizarmos a relação dívida/PIB, que pulará de 55% (2014) para 78% (2017). Admitindo, no entanto, que a sinalização do ajuste já poderia inflexionar a política monetária, permitindo a redução da despesa financeira (além de recuperar o sinal positivo furtado da frente do PIB), podemos avaliar que tal esforço tende lograr êxito, no médio prazo.

A pergunta que se impõe, dado esse quadro nada alvissareiro, é: como levar a bom termo tal ajuste? Cortar gastos, fazer reformas e aumentar tributos são medidas impopulares para serem tomadas por um governo interino, que não foi eleito pelo voto. Tudo é muito complexo!

Minha sugestão, para mitigar os sacrifícios a serem impostos à sociedade, é que voltemos às privatizações/concessões e às parcerias público-privadas, para desinchar o tamanho do Estado. Enfrentar sem temores as questões da previdência e da reforma tributária será, igualmente, necessário. Ademais, ampliar a DRU é algo imperativo; é impossível governar com 90% do orçamento com despesas “carimbadas”. Se vier algum aumento de imposto, os mais “limpos”, como a CIDE, são preferíveis à famigerada CPMF.

O momento é grave! Só vontade de mudar não será suficiente. Conduzir o país diante desse ambiente quase fratricida não é tarefa trivial e demandará firmeza do novo presidente e de sua equipe que econômica, que tem estofo para conduzir os desafios. É hora de interromper o torpor do empresariado e resgatar a confiança dos agentes econômicos na nossa economia. Caso contrário, o rabo de cavalo permanecerá crescendo.

Alexandre Espirito Santo, Economista da Órama e Prof. IBMEC-RJ

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