Pressionados por metas atuariais elevadas, os fundos de pensão brasileiros deverão enfrentar dificuldades para restabelecer seus superávits nos próximos 12 a 18 meses, de acordo com avaliação da agência de classificação de risco americana Moody’s.
Com condições de solvência deterioradas já há alguns anos, os chamados investidores institucionais viram suas perdas crescerem de forma significativa nos últimos três anos, com um aumento dos passivos, seus compromissos financeiros, sobre seus ativos, a entrada de novos recursos, principalmente em planos de benefício definido (BD), em que o participante escolhe quanto receberá no futuro.
O texto mostra que os ativos dos fundos de pensão locais cresceram a uma taxa anual de 5% nos últimos cinco anos, para R$ 678 bilhões ou US$ 174 bilhões em dezembro do ano passado, 12% do Produto Interno Bruto (PIB). Com os desempenhos fracos dos portfólios de investimentos em 2015, com destaque negativo para as quedas da renda variável, o recuo do período foi de R$ 63 bilhões (US$ 16 bilhões).
Hoje, os planos BD representam a maioria do mercado, 67% dos ativos sob gestão, seguidos pelo planos mistos, com 21%, e os de contribuição definida, com 12%, em que o trabalhador decide o quanto vai contribuir, mas sem uma definição de quanto irá receber futuramente.
Para a Moody’s, a recuperação desses superávits, sem que haja necessidade de reajuste das contribuições por parte dos participantes e dos patrocinadores dos planos, passa pela superação das metas atuariais das fundações de forma consistente nos próximos anos. Como as metas geralmente são indexadas à inflação, que por sua vez deve continuar alta até 2018, será difícil para esses entidades melhorarem suas métricas de solvência, aponta o texto.
Acompanhe abaixo a evolução das solvências dos fundos brasileiros até 2015 (em R$ bilhões):
Fonte: Moody’s/Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp)
Segundo a agência, o atual cenário impulsiona os riscos de que alguns fundos possam assumir riscos maiores a fim de impulsionar os resultados de seus investimentos.
“As fundações têm opções limitadas de investimentos que possam gerar retornos suficientes para cumprir com as obrigações sem assumir maiores riscos, o que pode levar a uma deterioração ainda maior de sua posição de solvência caso as perdas de investimentos aumentem”, afirma o analista sênior e vice-presidente da Moody’s, Diego Kashiwakura.
De olho no restabelecimento dessas condições de solvência, a Moody’s espera que os fundos de pensão do país provavelmente adotem “procedimentos de gestão de ativos e passivos mais rígidos para gerar retornos suficientes para cumprir com suas obrigações, incluindo redução no descasamento de índices entre ativos e passivos, redução à exposição em renda variável e manutenção de níveis ótimos de liquidez”.
Ainda assim, mesmo que os fundos batam consistentemente suas metas atuariais, levará tempo para restabelecer superávits, a depender da situação de solvência do plano e do desempenho dos investimentos, considera Kashiwakura, Jose Angel Montano, também vice-presidente da agência, e o diretor Marc Pinto.