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Bancos brasileiros devem enfrentar tempos difíceis com queda no crédito e inadimplência, diz S&P

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A difícil combinação do forte processo de redução de endividamento, ou seja, da alavancagem da economia brasileira, em meio a uma rápida queda de investimentos na poupança, ao crescimento na inadimplência de empréstimos e às distorções provocadas pelas políticas de incentivos ao crédito via bancos públicos aumentam os riscos para o sistema financeiro brasileiro. É o que aponta um relatório da agência de risco Standard & Poor’s divulgado hoje. A S&P classifica os bancos públicos brasileiros como os únicos participantes do crescimento real do crédito no país nos últimos três anos, em uma política que prolongou o ciclo de crédito de longo prazo de toda a economia.

De acordo com a agência de risco, todos os bancos brasileiros parecem estar a caminho de um longo e desordenado processo de desalavancagem, com redução dos empréstimos e aumento da inadimplência. A S&P alerta que, caso esse processo ocorra muito rapidamente, o que é possível diante da forte deterioração da economia brasileira, poderá ser difícil controlá-lo, prejudicando a lucratividade do setor, sobretudo dos pequenos bancos.

A agência de risco afirma também que o agressivo processo de concessão de crédito dos bancos públicos brasileiros nos últimos anos distorceu a dinâmica competitiva do sistema financeiro brasileiro e fez com que os bancos públicos aumentassem sua participação no crédito para mais de 50% do saldo total do sistema financeiro. Essa configuração pode contribuir para o aumento do risco em um cenário de desalavancagem com um setor público apresentando limitações orçamentárias para capitalizar as instituições.

Desafios maiores que os das décadas de 80 e 90

A expectativa da agência de risco é de que os obstáculos que serão enfrentados pelos bancos brasileiros hoje serão muito maiores do que aqueles enfrentados nas décadas de 1980 e 1990, uma vez que sua exposição de crédito de varejo e atacado do país é muito maior que nas crises anteriores, quando a alta dos juros compensava na carteira de títulos as perdas com crédito. A S&P entretanto não considera a falência de nenhum grande banco brasileiro durante a crise deste ano. Mas, para o ano que vem, a agência alerta que uma continuidade da deterioração da economia brasileira pode afetar os retornos e testar a capacidade de resistência dos bancos brasileiros.

Segundo a agência de risco, o perfil das carteiras dos bancos, de curto prazo, com 50% dos empréstimos vencendo em um ano, facilitou o ajuste do perfil de risco em crises anteriores por meio de spreads mais altos. Agora, porém, a deterioração muito rápida das carteiras, os bancos têm de se esforçar mais para reduzir as perdas.

Redução na poupança agrava situação dos bancos

Um dos principais termômetros da atual crise econômica é a forte redução do saldo de poupança nos bancos. Pressionadas pela falta de renda, as famílias tendem a utilizar suas reservas como forma de suprir os gastos cotidianos. Aliado a isso, a conjuntura econômica do país, com uma taxa Selic na casa dos 14,25% anuais, fazem da poupança um dos investimentos de pior retorno. A queda de R$ 53 bilhões do acumulado da poupança no ano passado, a maior já registrada na história, vêm se acelerando em 2016. Essa conjuntura complica ainda mais a situação dos bancos, que veem sua fonte de captação de recursos diminuir fortemente.

Gestão de créditos problemáticos como válvula de escape

A S&P classifica a gestão de ativos problemáticos uma das principais chaves estratégicas para o enfrentamento da crise econômica. A agência espera que os esforços de cobrança e recuperação de valores devidos serão importantes para os bancos nos próximos anos. E lembra das dificuldades de execução de dívidas e recuperação judicial de garantias. A S&P aponta ainda um aumento das renegociações de dívidas por parte dos bancos privados, uma prática que era mais comum nos bancos públicos, por conta das pressões políticas. A agência espera, porém, que essa prática acabe por afetar a lucratividade dos bancos privados no futuro.

Em termos estratégicos para os bancos brasileiros, a gestão desses recursos vai ser a principal válvula de escape das instituições financeiras à medida que o estoque desses empréstimos aumenta. A cessão de portfólios a outros bancos e empresas relacionadas ou não relacionadas também será mais frequente na busca por proteger seus balanços.

Ativos fiscais diferidos chegam a 50% do patrimônio

A S&P diz que o nível de capitalização dos bancos brasileiros é moderado, sendo que os privados têm criado um nível de capital interno após dividendos “saudável”, embora a queda na rentabilidade possa prejudicá-los no futuro. A S&P alerta, porém, que o aumento dos ativos fiscais diferidos no patrimônio dos bancos, ou seja, impostos que o banco paga sobre ganhos que não se materializam, como os obtidos com empréstimos que acabam não sendo pagos pelos devedores. Ou seja, esses ativos vão crescer com o aumento da inadimplência. Os bancos carregam esses créditos e, à medida que lucram, abatem do imposto a pagar. Para a S&P, o aumento desses ativos, porém, enfraquece o capital dos bancos, chegando a representar ate 50% do capital de algumas grandes instituições. Esses ativos podem dificultar a absorção das perdas com crédito.

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