O risco de reestruturação da dívida da Oi ainda parece alto, mesmo depois da divulgação na sexta-feira pela empresa dos termos de renegociação propostos pela operadora e pelos credores, de acordo com relatório do Bank of America Merrill Lynch (BofA).

O banco acredita que o impacto da renegociação nas ações da Oi de acordo com a proposta vencedora será muito diferente, por isso, considera que a relação de risco e retorno do papel não é atrativa. Comparando com os preços da concorrente TIM, se a proposta da empresa fosse aceita em sua totalidade, o papel da Oi teria um potencial de alta de 120%. Já se a dos credores for aceita, o papel poderia cair mais 60%. Uma proposta intermediária, que o banco considera mais provável, poderia levar a uma queda de 20%.

Para eles, as duas propostas têm grandes diferenças, especialmente sobre a proporção de dívida nova a ser emitida e de ações para pagamento de parte do débito, que levaria a uma diluição elevada dos atuais acionistas. Diante disso, o Merrill Lynch acredita num acordo intermediário, que evite que a questão vá parar na Justiça. De olho nesse quadro, o banco americano projetou preço-alvo de R$ 1 para os papéis da operadora, com recomendação de “venda”.

Na avaliação dos analistas Mauricio Fernandes e Rodrigo Villanueva, os dois possíveis acordos implicam num nível ainda elevado de incerteza. A maior diferença entre as duas propostas está relacionada à proporção de ações a ser oferecida aos credores como pagamento.

Em troca de títulos de R$ 31,6 bilhões, a Oi pretende emitir R$ 4,4 bilhões de novas obrigações com vencimentos estendidos, além de R$ 4,4 bilhões de ações, enquanto os detentores de títulos da empresa querem emitir R$ 9 bilhões de novas obrigações e mais R$ 18 bilhões do capital próprio, o que equivaleria a 95% de participação na Oi de acordo com o preço atual das ações da empresa.

Incluindo a dívida bancária, que seria apenas repactuada para um prazo  mais longo, a Oi acabaria com uma dívida líquida (descontando o valor em caixa) de R$ 16 bilhões sob sua própria proposta ou de R$ 20 bilhões na proposta dos detentores dos títulos, metade abaixo dos atuais R$ 40 bilhões. O equivalente a 2,3 vezes a geração de caixa livre medida pelo lucro Ebtida na proposta da empresa ou 2,9 vezes o Ebtida pelos credores, bem menos que as 5,8 vezes da dívida atual.

Por volta das 13 horas, fora do Índice Bovespa, as ações preferenciais (PN, sem voto) e ordinárias (ON, com voto) da Oi caíam 11,94% e 5,45%, respectivamente.