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Gestores de fundos de ações indicam seis papéis de valor para investir

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A vida dos gestores de ações de valor ainda anda difícil, mas já está melhor que no ano passado, quando as incertezas sobre os caminhos da economia jogaram os preços das ações para os menores níveis dos últimos 10 anos. Em evento em São Paulo, o 9º Congresso de Value Investing Brasil, três deles escolheram cinco ações e um título de uma empresa como alternativas para investimento. Entre as sugestões, a Equatorial apareceu quase que como unanimidade, acompanhada de outras do setor elétrico como a CPFL e a Transmissão Paulista, além de Lojas Renner e M. Dias Branco.

Bônus da BR Malls

A primeira indicação surpreendeu por não ser uma ação, mas um bônus, um título da BR Malls, sugerido por Felipe De Luca, da Pollux Capital. Segundo ele, o papel, emitido no mercado externo, paga o equivalente a 20% ao ano, já considerando um swap cambial para eliminar o risco do dólar, bem acima das taxas dos papéis locais. O ganho supera os 14% ao ano esperados pela gestora para a ação da BR Malls, e com menor risco.

Segundo De Luca, o fato de o mercado de bônus ser menos eficiente que o de ações permite que surjam pechinchas como a da empresa gestora de shoppings. A companhia tem uma situação de endividamento confortável, com a dívida líquida equivalente a 4,5 vezes a geração de caixa líquida medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) e a necessidade de rolagem é baixa, com R$ 100 milhões a R$ 200 milhões até 2017. O perfil do fluxo de caixa da companhia também é estável, e a BR Malls é também rica em ativos que podem ser vendidos mais facilmente em caso de uma emergência. “Ela tem participações minoritárias em shoppings no valor de R$ 300 a R$ 400 milhões que interessam bastante a estrangeiros”, diz.

M. Dias Branco

A segunda sugestão de De Luca é a fabricante de alimentos M. Dias Branco, por suas margens estáveis, mas que sofreram uma queda forte no ano passado pela retração acentuada no consumo e na renda e pela alta do dólar, que encareceu seu custo de produção, que depende de trigo importado. A empresa teve um aumento de US$ 2 bilhões em custos dolarizados e não conseguiu repassar tudo para os preços finais devido à queda da demanda em 2015. A margem Ebtida caiu para 11%, ante 16% a 18% da média histórica, e a relação entre o preço da ação e seu lucro (P/L, que dá uma ideia do tempo de retorno do investimento e quanto menor, melhor) baixou para 10 vezes em fevereiro.

Este ano, porém, o cenário melhorou. A empresa já conseguiu repassar parte do aumento de custo para os preços e o impeachment da presidente Dilma estabilizou e até reduziu o dólar. Houve um reajuste de 6% no começo deste ano e a empresa deve tentar fazer mais um de 8% que, apesar de não ser essencial, ajudará a recompor as margens, que devem se estabilizar no segundo semestre e subir no fim do ano. “Mas vai depender da demanda e do ambiente competitivo, já que todas as empresas do setor estão com água até o pescoço”, diz De Luca.

A relação preço/lucro da empresa subiu para 15 vezes, mas ela deve crescer 15% a 20% nos próximos anos, com recuperação das margens e volumes maiores. A M. Dias Branco investiu também em moinhos que garantem sua matéria-prima e ainda criam excedente para venda no mercado. Segundo De Luca, a companhia é bastante competitiva, tanto que era líder no Nordeste e passou a dominar também o Sul, com 11% do mercado. “Ela foi crescendo com aquisições e tem a vantagem da produção verticalizada, é grande produtora de farinha a ponto de fornecer para concorrentes”, diz. Além disso, construiu uma rede de distribuição bastante pulverizada em grande parte do Brasil. “Não vejo risco de concorrência, mas talvez, por sua presença, ela possa se tornar alvo de aquisição por algum grupo estrangeiro que queira entrar no país”, afirma.

Equatorial

Já José Luiz Torres, da Apex Capital, sugeriu a Equatorial, companhia apreciada também por outros gestores. Ele destacou a melhora do cenário para o setor elétrico depois de toda a intervenção feita pelo governo da presidente Dilma Rousseff. Além disso, as agências reguladoras estão mais razoáveis em suas revisões tarifárias, o que beneficia as empresas mais eficientes do setor. A ação da Equatorial já subiu 50% em 12 meses, está cotada a R$ 45, mas mesmo assim ainda tem um espaço confortável de ganhos, acredita Torres.

Ele estima que a empresa possa render 7,5% reais ao ano, ou seja, 13% a 14% ao ano com a inflação, retornos bem razoáveis em um setor combalido. Sua relação preço/lucro está projetada em 12 vezes para 2017. Outras empresas do setor, como a CPFL, tinham um P/L de 14 a 15 vezes em 2012, antes, portanto da intervenção do governo, o que mostra um preço atrativo para a companhia. E a Equatorial pode ainda ganhar mais caso sejam renovados os benefícios fiscais da Sudan e da Sudene, que aumentariam o retorno real de 7,5% ao ano.

Transmissão Paulista   

Outra empresa sugerida por Torres é a Companhia de Transmissão Paulista, que foi beneficiada pelos padrões regulatórios que permitem ampliar sua margem pelo aumento da eficiência. Com isso, a taxa de retorno da companhia subiu de 5,6% para 7,8%. A empresa assinou também o acordo para obter indenização pelas perdas com a Medida Provisória 579, que deu prejuízos bilionários ao setor. Com isso, a empresa terá um crédito com uma taxa de retorno de 10,5% ao ano sobre R$ 3,9 bilhões mais o ganho de capital. Torres estima que o retorno da companhia fique em 8,1% ao ano, com um potencial de crescimento de 12,5%. Há ainda grandes oportunidades para a empresa de participar dos leilões do setor em julho e agosto.

Ele estima um retorno em dividendos (dividend yield) para a empresa de 15% a 16% ao ano em sete anos, graças à elevada margem, que chega a 90%, e é bem previsível. “Depois que as linhas são construídas a receita é bem estável”, diz.

Lojas Renner

Já Pedro Franco Sales, gestor de ações da Verde Asset, destacou a Lojas Renner como oportunidade. O setor de varejo, diz, vai passar por uma lenta transformação. “Antes, as grandes redes varejistas eram focadas no básico, não em satisfação dos clientes, e a moda era coisa de empresas pequenas e com preços mais altos”, diz. Agora, com os avanços da tecnologia e dos sistemas, as grandes redes também podem disputar o mercado de moda com preços mais acessíveis.

Ele dá como referência a multinacional Inditex, e, no Brasil, a Renner. “O empresário precisa ler a moda, o que vende bem, ter sistema e atuar próximo à cadeia produtiva para mudar rapidamente os estoques e comprar mais o que está agradando mais”, diz. Para isso, é preciso ter equipes mais eficientes para tocar os processos. Ele estima que o retorno da Renner esteja acima de 20%, com a receita crescendo 10% a 15% por vários anos. O preço/lucro da companhia está em 20 vezes este ano, mas, pela grande oportunidade de crescimento, tem condições de dar um excelente retorno, afirma.

CPFL

Outra empresa citada como com bom potencial por Sales é a CPFL, também do setor elétrico, que já tem contratada toda a energia a ser produzida até 2030, ou seja, quase até o fim da concessão. Os valores serão corrigidos pela inflação, o que limita o principal risco macroeconômico do momento, que é a inflação subir. “Ela tem proteção natural contra isso”, diz Sales.

Além disso, a CPFL tem potencial de crescimento razoável em outras áreas, como a de energia renovável, com parques eólicos e pequenas hidrelétricas. Na distribuição, a CPFL tem alguns dos melhores índices de qualidade do setor, o que aumenta seu retorno. “É também um papel defensivo, pois o retorno regulatório é medido pelo risco-Brasil, e quando o risco piora, aumenta seu retorno”, explica Sales. Ou seja, se o Brasil não se recuperar, ainda assim a empresa pode aumentar seu retorno. Um risco para a empresa seria um aumento de impostos, mas nesse caso a companhia teria condições de repassar esse aumento para os consumidores. “Ou seja, é um papel defensivo, bom para um ambiente macro ainda indefinido”, diz.

O próprio ambiente macro mais confuso também cria oportunidades de aquisição no setor elétrico, acrescenta Sales. Há muitas empresas com bons negócios, mas muito endividadas ou com má gestão que têm retornos baixos e podem ser adquiridas pela CPFL e, depois de reestruturadas, ampliar seus ganhos.

Sales admite, porém, que o retorno esperado para a CPFL não é excepcional, na casa dos 8,5% a 9% ao ano mais inflação, mas já supera uma NTN-B do governo, que paga cerca de 6% mais inflação. “E, com eventuais aquisições, esse retorno pode crescer”, afirma.

Aquisições

Felipe De Luca, da Pollux, acrescenta que todas as empresas do setor de energia são alvo de aquisições que podem ser comandadas pela Equatorial ou pela CPFL. Ele cita o caso da Celg, de Goiás, que já está à venda, mas por um preço exagerado e que terá de ser revisto. E há o Grupo AES, com a AES Sul, a Eletropaulo e a Light. “A Eletropaulo é uma empresa que está com pouco caixa para bancar a depreciação regulatória e vai precisar repor os investimentos”, afirma De Luca. “E como ela não tem reposto essa depreciação, vai acabar tendo queda nos reajustes das tarifas.”

Sobre a Light, De Luca lembra que a empresa tem um índice de perdas e roubo de energia muito elevado, e que seria uma boa aquisição para a Equatorial, que desenvolveu programas de grande sucesso para reduzir as perdas nas regiões em que atua. “A Equatorial fez um trabalho esplendoroso no Maranhão, talvez ela fosse a solução para a Light”, diz.

Para uma aquisição de uma concorrente, porém, tanto a Equatorial quanto a CPFL teriam de emitir ações para levantar recursos, acredita De Luca.

Já Sales acredita que o grande desafio das empresas é ter equipes para tocar as aquisições e fazer as reestruturações. “O maior limitador é gente”, diz.

 

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