A notícia de que o egípcio dono da Global Telecom, ex-Orascom, Naguib Sawiris, avalia a compra da operadora brasileira Oi PN foi bem recebida pelo mercado. Atualmente, a Oi soma dívidas de quase R$ 50 bilhões que tentava renegociar com os credores. Sua situação se complicou, porém, na semana passada, com a demissão na sexta-feira de seu presidente executivo, Bayard Gontijo, que comandava a reestruturação da empresa e as negociações com os credores. Ontem, a representante do grupo credor em sua diretoria Robin Anne Bienenstock pediu demissão, indicando um forte retrocesso nas negociações.
Na avaliação da Guide Investimentos, a operadora enfrenta uma delicada situação de alavancagem, com dificuldades de consenso com seus conselheiros e credores, e a “entrada de um sócio capitalizado seria algo positivo para o processo de reestruturação”.
No fim do ano passado, a Oi chegou a estudar, com os russos da Letter One, a compra da sua concorrente TIM. Os russos injetariam US$ 4 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões na época) no grupo brasileiro. No período, o egípcio Sawiris também fez um lance pela Telecom Italia e, por aqui, analisou no passado a fatia do Opportunity na Brasil Telecom, empresa que foi depois comprada pela Oi, com o apoio do governo brasileiro, que queria com isso criar uma supertele nacional.
Bancos estatais
O apoio oficial explica a grande exposição dos bancos públicos no empreendimento, que tem também grande participação de fundos de pensão de estatais como sócios. Da dívida, pelo menos R$ 12 bilhões seriam empréstimos no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal e no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Por volta das 14 horas, as ações preferenciais (PN, sem voto) da companhia subiam 0,52%, depois de ganhar quase 10% ontem refletindo a saída de seu presidente na sexta-feira e a demissão ontem da representante do grupo credor.