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A cereja do bolo é chuchu

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O pior da crise parece ter passado, mas, exceto pela mudança provocada no ânimo de alguns, não há indícios de que isso se deva aos passos do presidente interino, Michel Temer. Apesar de alguns indicadores registrarem que o empresariado e os consumidores estão mais otimistas para os próximos meses e de o mercado financeiro ter demonstrado melhora da precificação dos ativos, a equipe econômica, até o momento, não demonstrou a que veio.

O prazo dado pelos agentes econômicos está para vencer. É preciso correr para convencer o empresariado de que tudo será resolvido, coisa que Temer tentou quarta-feira, em reunião com banqueiros e grandes empresários.

Os discursos ainda não saíram do papel e começa haver dúvidas se realmente vão sair. Tanto que o sistema financeiro vem ampliando as projeções para o déficit fiscal deste e do próximo ano.

É o que se vê no Prisma Fiscal. O boletim, elaborado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda com bancos, condensa estimativas de analistas para as contas públicas. Conforme sua edição de julho, o governo central (composto por União, Previdência e Banco Central) deverá registrar um déficit primário de R$ 158,86 bilhões neste ano e de R$ 138,5 bilhões em 2017. No levantamento anterior, de junho, a perspectiva era de um rombo de R$ 155,5 bilhões neste ano e de R$ 129,27 bilhões em 2017.

Mesmo assim, a meta de déficit do governo ainda se encontra acima das projeções: R$ 170,5 bilhões neste ano e R$ 139 bilhões no próximo. No entanto, já existem boatos, negados veementemente pelo governo, de que o rombo está na casa dos R$ 170 bilhões. Isso faltando mais de quatro meses para o fim do ano.

A deterioração das expectativas quanto à contenção das contas do governo demonstra que será preciso fazer bem mais do que apenas aprovar a emenda constitucional que institui um teto para os gastos públicos por um período de 20 anos. Sem medidas efetivas que aumentem a arrecadação e contenham a sangria dos cofres públicos, a retomada da confiança também ficará apenas na retórica dos mercados produtivos e financeiros.

A visão atual é de que o ajuste fiscal será lento. Até porque o governo, ao contrário do que prega, tem autorizado mais gastos. Destacam-se o reajuste dos servidores, do Bolsa Família e, semana passada, o recuo na negociação do projeto que alonga as dívidas dos Estados. Enquanto afirmava que não abriria mão da contrapartida que vetava reajustes salariais para servidores públicos nos próximos dois anos, o governo acabou recuando e foi derrotado na Câmera.

O que ocorre nestas terras é o mesmo que se dá em muitas confeitarias. A cereja, tida como a parte mais nobre do bolo, é cara. Não muito, na verdade, mas bem mais do que um chuchu que, cortado no formato correto, depois de algum tempo em uma compota, fica com o mesmo gosto da fruta. Pode-se, assim, cobrar o valor do doce com cereja gastando-se menos e obtendo maior lucro. Parece bom para a economia e ninguém consegue distinguir o sabor.

O ajuste fiscal defendido por Meirelles está bem aquém do que Joaquim Levy defendeu quando ocupava sua atual função. Este último, que acabou de mãos atadas pela oposição, pregava claramente a elevação de impostos e o bloqueio do uso de recursos públicos. Enfraquecido pela falta de apoio, Levy pediu as contas. Depois foi a vez de Dilma cair, acusada de irresponsabilidade fiscal. Agora, vem o julgamento, que se iniciará em 25 de agosto.

Acusada de cometer “atentado à Constituição” ao praticar as pedaladas fiscais, a presidente não teve a oportunidade de reverter os erros do passado, o que tentou, por exemplo, quando emposso Levy como ministro. Agora, ela deve cair de vez e deixar Temer assumir efetivamente a presidência. Neste caso, a defesa é de que a confiança dos investidores vai retornar e a economia reagirá. Mas o que se vê é o governo interino se portar de forma eleitoreira. Dá um passo para frente, dois para trás. O segundo semestre é sempre mais forte em termos de atividade econômica. Passados os contratempos, o crescimento, é claro, virá.

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