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A recessão vai acabar?

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A atividade econômica brasileira levou uma de suas maiores pancadas nos últimos trimestres. Se medida pelo crescimento do PIB, a economia brasileira encolheu 7% desde o terceiro trimestre de 2013. Se considerarmos a média de crescimento dos últimos trinta anos[i], a economia brasileira poderá chegar ao fim de 2017 dezenove por cento menor do que o seu potencial. Dessa forma, a renda pessoal per capita terá caído de maneira formidável e será o pior resultado dessa tormenta que já dura dez trimestres.

Essa queda consumiu investimentos públicos e privados e devorou milhões de empregos. A taxa de desemprego, medida pela Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar, subiu para 11.3% e já são mais de 11,5 milhões de pessoas desempregadas. De uma população total que está no mercado de trabalho (ocupados + mais desocupados) de 102 milhões de pessoas. Do terceiro trimestre de 2013 até o último, 4,8 milhões de pessoas perderam seus empregos, a maior parte do ano passado para cá. E o desemprego continua aumentando, com as demissões atingindo todos os setores da economia em um tsunami impiedoso, que leva famílias ao desalento e a economia com os agentes em estado de pré-falência. As famílias pela queda da renda, as empresas pela queda das vendas e os governos (nas três esferas) por conta da queda da arrecadação.

Agora estamos com as expectativas em melhor estado que estávamos dois anos atrás.  Após o mergulho de vários trimestres, as empresas já dispensaram quem podiam dispensar e encolheram estoques e investimentos até onde podiam. As famílias também cortaram seus gastos ao limite, reduzindo absurdamente suas compras de bens duráveis (imóveis, automóveis, eletrodomésticos e móveis) e de bens de consumo não duráveis (as compras de supermercados também caíram). Até mesmo os governos já encontraram, tudo indica, o limite seguro para cortas seus gastos e estão sufocados em uma “crise fiscal” que fez com que os investimentos em infraestrutura fossem paralisados. O único setor que ainda pode continuar contraindo sua atividade é o financeiro, que ainda pode assistir ao encolhimento dos empréstimos dos bancos públicos (BNDES, BB e CEF), que não devem ser compensados pelos bancos privados.

Por tudo isso, é de se esperar que, após as fortes quedas que vimos nos trimestres anteriores, os próximos números do PIB venham melhores. Há uma tendência à acomodação da atividade econômica, como um “fundo do poço”. Os cortes de gastos dos agentes podem se estacionar e isso faz com que a queda seja menor ou, até mesmo, para de ocorrer. Em função disso, estimamos uma queda do PIB menor a parir de agora e um retorno a taxas de crescimento melhores a partir do terceiro trimestre. Veja o gráfico:

Essas projeções foram feitas no início do ano de 2016. Houve uma “surpresa” no primeiro trimestre desse ano, já que o PIB caiu apenas 0,3%, frente à expectativa inicial de -1,30%. O PIB desse trimestre, que sairá no dia 31, deve vir entre -0,5% e -0,8%, mas mantemos o raciocínio para o resto do período, com uma taxa próxima de zero no terceiro trimestre e taxas moderadas de crescimento a partir de então.

Esse comportamento do PIB, após as quedas fortes e sucessivas, reflete uma tendência: após um forte choque, a economia reage com força ao longo de vários trimestres até que esse impulso perca sua importância ao longo do tempo. A curva azul do primeiro gráfico mostra que o “fundo do poço” é o trimestre atual. Quando o PIB baterá seu mínimo em valores absolutos. É claro que a linha laranja continuará subindo sem parar, aumentando a distância entre o que poderíamos estar fazendo e o que efetivamente conseguimos fazer. Mas como os agentes tomam as suas decisões em função do que esperam para o futuro e não pelo que deixaram de fazer no passado[ii], e como o horizonte está menos “negro” do que estava trimestres atrás, podemos afirmar com razoável conforto que essa tendência de alta está assegurada.

O PIB projetado pelo mercado é próximo a esse e não deve mudar tão cedo. Com ele, encerramos 2016 com -3,2% de PIB e inflação próxima a 7,2%. Para 2017 podermos ter um crescimento entre 1% e 1,5% e uma inflação menor, entre 5,5% e 6%.

Tecnicamente será o fim da recessão (ela implica em quedas do PIB trimestral por dois períodos consecutivos). Mas ainda será uma situação de baixo crescimento, que ainda vai deixar milhões de desempregados, empresas fragilizadas e as finanças públicas vulneráveis.

Porém, se esse não é um cenário maravilhoso, ele abre a perspectiva para uma recuperação consistente dos mercados. A taxa de câmbio pode se manter em patamares próximos aos R$ 3,00, os juros mais logos continuarão a declinar e a bolsa deve continuar a subir.

É claro, tudo isso está sujeito às restrições de qualquer projeção: por estarem sujeitas ao equilíbrio global e às vicissitudes da política nacional, a margem de erro é enorme.

[i] Essa não é a melhor medida para o potencial de crescimento do PIB, mas para dar uma ideia ao leitor do abismo criado pela crise, é suficiente.

[ii] É claro que essa é uma afirmação forte demais para ser totalmente real. Ainda que muitos agentes tomem suas decisões olhando para o futuro, com base em suas expectativas, o passado tem uma importante participação, seja na determinação dos salários como nas decisões de investimentos.

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