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BC “durão” faz mercado adiar projeção para a redução dos juros

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O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) que acompanhou a decisão de hoje mantendo a taxa básica Selic em 14,25%, além de detalhar os vários pontos que estão influenciando a política de juros, confirma um Banco Central (BC) mais rigoroso sob a gestão de Ilan Goldfajn. Com isso, bancos e consultorias reviram suas previsões de queda dos juros, adiando-as mais para o fim do ano ou somente no ano que vem.

Para Tatiana Pinheiro, economista do Santander, a decisão do Copom veio em linha com o que o mercado esperava, mas o comunicado adicionou muito mais informações que o anterior. Segundo ela, o BC está seguindo a linha do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que detalha os principais pontos de discussão ao anunciar o resultado de cada reunião. Depois, mais detalhes são divulgados na ata, de forma mais extensa. “O BC deixou mais clara regra do jogo, ao afirmar que a redução dos juros depende de fatores que ainda não estão no cenário por enquanto”, explica.

BC sem pressa para cortar

Segundo ela, entre esses fatores estão a desaceleração da inflação depois da pressão do choque dos alimentos, a reação de componentes do IPCA à queda na atividade econômica, a revisão para baixo as expectativas de preços do mercado e a aprovação de ajustes e medidas fiscais. Segundo ela, o BC indicou que não tem nenhuma pressa para flexibilizar a taxa de juros, e quer antes que se consolidem as expectativas e esses fatores.

Mais fatos, menos expectativas

O Santander projeta queda nos juros somente em novembro, afirma Tatiana. Segundo ela, a projeção no começo deste ano era que a redução começaria já neste mês, dentro de um cenário  de menos pressão da inflação e atividade econômica bastante fraca, sem recuperaão no próximo ano. O cenário, porém, mudou, com a pressão dos alimentos sobre a inflação e as expectativas, e há sinais de melhora da atividade econômica, fatores que podem comprometer a redução dos juros. ”Mudou um pouco do que esperava, e BC deixou claro no comunicado que algumas variáveis mudaram e isso fez com que a flexibilização fosse postergada”, diz. “E o novo BC também dá sinais de que não se contentará só com expectativas, mas vai querer que algumas delas se concretizem antes de baixar os juros”, diz.

Ajuste fiscal pelo menos encaminhado

Na parte fiscal, por exemplo, o BC deve esperar por alguma aprovação do teto de gastos proposto pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O BC não contaria, porém, com a aprovação da reforma da Previdência, mais complexa, mas a proposta dos gastos ficará no radar. “O BC deve esperar que o limite de gastos seja encaminhada pelo menos”, diz.

Queda de 0,5 ponto em novembro

Ela espera também que a inflação comece a desacelerar em setembro, com a reversão da pressão dos alimentos. Serviços, diz ela, já vêm desacelerando, o que deve fazer com que o IPCA em 12 meses recue mais, o que deve ter impacto nas expectativas. “E setembro pode surpreender para baixo, o que pode influenciar não a decisão de outubro, mas a de novembro”, diz. Tatiana espera que a inflação feche este ano em 7% e, no ano que vem, em 5,2%. Já os juros cairiam 0,5 ponto percentual em novembro e fechariam o ano em 13,75% ao ano. Para 2017, a Selic recuaria mais, para 10%.

Um BC mais “durão”

Ela espera que o mercado de juros reaja às declarações do comunicado do Copom com uma revisão para cima das taxas dos prazos intermediários, diante dos sinais de que o BC será mais rigoroso para baixar o juro. “Ao dar maior detalhamento e reforçar a intenção de fazer a inflação convergir para a meta de 4,5%, o comunicado faz o mercado esperar um BC mais ‘rockish’ (duro) ainda”, diz. Já os juros mais longos tendem a cair pelo controle mais rigoroso no médio prazo da inflação.

Dólar mais no fim do ano

Ela não espera uma grande pressão do dólar sobre os juros, mesmo que o Fed eleve os juros no fim do ano, o que teria impacto sobre as moedas de todos os emergentes, o efeito sobre a inflação corrente brasileira demoraria cerca de seis meses. “As expectativas podem reagir mais rápido, mas até lá poderemos ter outros fatores que derrubem a inflação e compensem o dólar”, diz Tatiana. Segundo ela, o Santander trabalha com o Fed elevando os juros em dezembro apenas.

Sobre o impacto da demora do BC em reduzir os juros na economia, Tatiana acredita que ele será bem defasado, e deve influenciar mais a atividade no ano que vem. “E se a queda passar de agosto para novembro, esse impacto é marginal”, diz. “E dependendo do impacto nas expectativas de inflação, se a previsão passar a ser de preços sob controle por mais tempo no futuro e juros mais baixos, podemos ter espaço para cortes maiores que influenciarão positivamente a economia”, diz. O Santander trabalha com uma queda de 3,7% do PIB neste ano e um crescimento de 2% em 2017.

Queda da Selic, só em 2017

Já para Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, a queda dos juros só ocorrerá no ano que vem. Em relatório aos clientes, ela afirma que o BC não deixa a porta fechada para uma antecipação do corte dos juros, mas deixa muito claros os fatores que precisarão estar presentes para que ela ocorra. No cenário da Rosenberg, esses fatores só estariam satisfatoriamente presentes na reunião de janeiro de 2017. Por isso, a consultoria reafirmou a expectativa de que os juros básicos ficarão estáveis este ano, em 14,25%, a menos que ocorram surpresas positivas. Porém, por ora, esse não parece ser o caso, conclui Thaís, que trabalha com uma Selic de 11,25% no fim de 2017.

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