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A inflação cai, mas com alimentos em alta

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A política monetária brasileira tem os juros mais elevados do mundo. Isso não é à toa, a nossa inflação, igualmente, permanece imbatível, como uma das maiores do mundo. Ainda que existem diversas explicações possíveis para essa patologia nacional, o fato é que a inflação persiste elevada, a despeito de muitos anos de política monetária apertada[i].

O que piora nossa posição no mundo é que esse período da história econômica é o de taxa de juros próximas de zero ou negativas na maior parte dos países, sejam eles de industrializados, em desenvolvimento ou emergentes.

Mas essa constatação não colabora para entendermos como a inflação e o BC irão agir nos próximos meses. O mais fácil é retomar a Ata do Copom e confirmar o que já havia sido dito na semana passada. O BC vê a economia se estabilizando[ii], com alta ociosidade e alta taxa de desemprego e com as expectativas melhorando em relação à inflação. O próprio BC projeta uma inflação de 6,75% nesse ano e 4,5%. Porém, os riscos ocorrem por conta dos preços dos alimentos – que insistem em se manter com variações elevadas –  pela inércia inflacionária[iii] e pela necessidade de “implementação dos ajustes necessários na economia”.

Como a inércia e os ajustes são coisas que vemos presentes em nossa história desde anos 1960[iv], não seria “ajuizado” esperar que sejam resolvidos em questão de semanas. O que nos resta, então, é esperar que a trajetória dos alimentos passe a contribuir de sorte a reduzir a inflação.

O IPC-S, por conta de fatores sazonais, típicos dessa época do ano, começou a cair sistematicamente a partir de maio, com o fim da pressão de vários itens, mas voltou a subir, no final de junho, por conta dos alimentos. A partir da última semana de agosto, no entanto, vários itens passaram a cair, tais como combustíveis, vestuário, saúde e comunicação. O IPC-S voltou a cair, veja o gráfico:

Com esse comportamento poderemos chegar, facilmente, à projeção do mercado de IPCA de 7,3% para o final do ano. Mas os alimentos ainda continuam a pressionar e estão subindo a 0,76% no mês, segundo a última coleta da FGV.

Portanto, apesar das notícias positivas acerca dos preços, apesar do forte desemprego que evita que os salários e os serviços subam acima da inflação e do dólar que está despencando, a inflação ainda estará em patamares acima dos desejados pelo Copom.

Como a “aprovação e implementação dos ajustes na economia, notadamente no que diz respeito a reformas fiscais” ainda sugere muita incerteza e é condição essencial para que o BC comece a reduzir os juros, esperamos que o ciclo de alívio da política monetária só seja iniciado no ano que vem. Antes disso, só com uma surpresa vinda da política, mas não é possível contar com isso.

[i] Há muita gente que considera que o BC afrouxou a política no período de 2011 a 2014. Tentando fugir dessa discussão pouco proveitosa para os nossos objetivos, estamos falando em 18 anos (excluo os quatro do período de “frouxidão”) de juros reais acima de 6% ao ano. Um recorde global, sem dúvida.

[ii] Essa é a nossa posição, já discutida em “ https://www.newf.com.br/analises/posts/o-pib-encolhe-mais-um-pouco “

[iii] A inércia inflacionária ocorre quando os agentes corrigem seus preços pela inflação passada. Eles os fazem porque seus contratos preveem esse reajuste (tarifas públicas, aluguéis, educação, salários e aposentarias, planos de saúde, impostos e taxas e vários outros preços). Ainda que a capacidade de manter as condições contratuais seja dependente das condições da economia, no Brasil a maior parte dos agentes consegue fazê-lo.

[iv] A inércia foi “regulamentada” e “legalizada” com a implementação da correção monetária nos anos 1960 e as “reformas” são tema da política econômica desde então.

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