Essa etapa da operação investiga um empréstimo do pecuarista José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin que teria como beneficiário o PT. O MPF acredita que parte do dinheiro foi utilizado pelo partido para pagar o empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC. Ele estaria chantageando líderes da sigla porque tinha informações que ligavam integrantes do partido à morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.
A declaração de Valério foi feita quando um representante do MPF perguntou qual seria o trunfo de Ronan Pinto para chantagear os petistas. O publicitário pediu a Moro autorização para não responder a pergunta e, então, dirigiu-se ao promotor que o havia questionado: “o que eu fiquei sabendo é muito grave e o senhor não vai poder garantir a minha vida”.
O depoimento
Marcos Valério negou participação no empréstimo que é foco dessa fase da operação. Ele disse que foi procurado em 2004 pelo então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, que teria pedido R$ 6 milhões a serem pagos para o empresário Ronan Maria Pinto. O publicitário conta que chegou a aceitar a transação, mas desistiu ao descobrir as circunstâncias “graves” que envolviam o negócio.
“Acho melhor você arrumar alguém da confiança do presidente para resolver esse assunto. Eu não sou dessa confiança”, foi a frase que Valério disse ter dito a Pereira ao desistir de participar do empréstimo. Segundo o publicitário, os alvos da chantagem eram o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho.
O depoente disse que testemunhou, no ano seguinte, uma reunião entre o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e representantes do Banco Schahin. Segundo ele, foi nesse encontro que ficou sabendo que a transação havia sido concretizada.
Valério disse, ainda, que foi informado pelo ex-presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, de que o dinheiro havia sido levantado por meio de um empréstimo do pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin. Okamotto também teria revelado a ele que o empréstimo havia sido quitado por meio de um contrato firmado entre o banco e a Petrobras.
Outros depoentes
O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também prestou depoimento pela mesma fase da Operação Lava Jato. Ele falou por cerca de meia hora e negou a versão de Marcos Valério de que teria tratado do empréstimo com representantes do Banco Schahin. O ex-tesoureiro disse ter tomado ciência da operação pela imprensa.
Delúbio e Marcos Valério já foram condenados no processo do mensalão. O primeiro cometeu os crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa e o segundo foi condenado por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O terceiro depoente da tarde, o jornalista Breno Altman, foi interrogado por cerca de 15 minutos. Ele negou ter participado de reuniões para tratar dos empréstimos investigados pela operação.