A nova ordem de prisão foi assinada ontem (26) pela juíza Marcela Oliveira Decat de Moura. Conforme a decisão, após sua soltura no início deste mês, Edvaldo teria tomado atitudes que sugerem tentativas de ocultamento de provas. A magistrada determinou também que fosse feita busca e apreensão na prefeitura de Mariana, especialmente na Secretaria Municipal de Governo, na Secretaria Municipal de Obras e em outras salas onde ficassem arquivados ou mantidos os documentos referentes à prestação de serviços de transporte.
As investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que tem como alvo Edvaldo Andrade, começaram após membros da Cooperativa de Transportes Urbano e Rural (Coopertur) alegarem que estavam sendo prejudicados. Segundo a denúncia, o secretário teria rescindido unilateralmente e sem nenhum procedimento administrativo um contrato para prestação de serviços de transporte ao município. A Coopertur havia vencido a licitação em janeiro deste ano para fazer o trabalho.
A cooperativa obteve um mandato de segurança que lhe assegurou prestar o serviço. Com essa decisão judicial, Evaldo passou a coagir administradores da Coopertur para que demitissem cooperados e contratassem pessoas da confiança do político.
Prisões
A primeira prisão ocorreu no dia 5 de setembro, também por determinação da juíza Marcela Oliveira Decat de Moura. Porém, o desembargador José Mauro Catta Preta concedeu ao secretário um habeas corpus no dia 9 de setembro. Ele entendeu que a liberdade de Edvaldo Andrade não oferecia perigo e considerou a prisão descabida.
O prefeito de Mariana e candidato a reeleição, Duarte Andrade, saiu em defesa de seu secretário dias após sua soltura. Em comunicado distribuído à imprensa, ele disse que o MPMG tem o papel de investigar, mas que não se pode aceitar punição antecipada. “Tenho a tranquilidade em dizer que os atos praticados em meu governo foram para reduzir drasticamente os gastos com transporte. Despesas que antes chegavam a R$ 3 milhões por mês, hoje giram em torno de R$ 1,7 milhão”, comparou.
Duarte Júnior assumiu a prefeitura de Mariana em junho de 2015. Ele era vice de Celso Cota (PSDB), que teve o mandato cassado por improbidade administrativa após ser acusado de fazer promoção pessoal com recursos do município. No seu comunicado, o atual prefeito disse que o MPMG deve investigar todos os contratos de cooperativas desde o início da gestão de Cota, em 2012. “A austeridade incomoda os figurões da política, aqueles que ganham dinheiro fácil e é daí que cresce a insatisfação e o denuncismo. Isso porque certas pessoas, acostumadas a pilhar os cofres municipais, encontraram um governo sério, honrado, idôneo. E estão contrariados por isso”, disse o prefeito.
O novo pedido de prisão feito pelo MPMG foi baseado em declarações dos gestores da Coopertur e de uma planilha referente a agosto de 2016 que indicava a quilometragem percorrida pelos veículos cadastrados na cooperativa. O documento indicava quilometragem percorrida exorbitante, possibilitando remunerar o prestador com um valor acima do devido. Para a juíza, havia indícios de que Evaldo repetia práticas criminosas, demonstrando que continua a lesar o patrimônio público em liberdade.
A Agência Brasil tentou fazer contato com a prefeitura de Mariana para obter um posicionamento sobre o novo pedido de prisão do secretário, mas não obteve sucesso.