ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Hot Features

Registration Strip Icon for charts Cadastre-se para gráficos em tempo real, ferramentas de análise e preços.

A bolsa é a melhor aposta para o fim do ano

LinkedIn

Estamos entrando no último trimestre do ano e a economia ainda mostra sinais de fraqueza. Isso deveria colocar os lucros corporativos em perspectiva negativa e, com eles, os preços das ações. Ocorre que poderemos ver um movimento de alta significativo, baseado na melhora das expectativas em relação à economia brasileira, na redução do risco percebido e na queda dos juros básicos.

Com o Ibovespa ao redor dos 60 mil pontos, é de se questionar se a alta que a bolsa teve nesse ano não é exagerada. Afinal, ela subiu quase 40% em 2016 e a economia ainda está mostrando sinais de fraqueza. Os dados mais recentes de produção industrial, vendas de veículos, demissões e importações mostram a a atividade afundando. Não há evidências de que os investimentos venham a subir fortemente pois ainda há muita capacidade ociosa e os custos dos investimentos estão elevadíssimos (crédito e juros). Nos investimentos do setor público há muito pouco a se esperar, pois que há um enorme déficit gerado pela queda da arrecadação que impede as três esferas de poder retomarem os gastos. Considere ainda os efeitos da operação lava a jato sobre as empreiteiras e sobre a disposição dos políticos em se comprometer com novas decisões acerca de obras públicas; tudo é pouco promissor. Também no setor da construção civil as coisas devem continuar devagar, já que a combinação de falta de crédito (a Caixa Econômica está parada no segmento de crédito habitacional), falta de emprego, queda da renda das famílias e fragilidade financeira das construtoras, colocam um viés de baixa para a atividade de construção de novas residências. As indústrias automotiva e de eletrodomésticos, os serviços em geral e outros segmentos econômicos estão em estagnação, tentando interromper mais quedas.

O setor público está cortando as suas despesas em todos os setores e isso impacta o nível de emprego, tanto quanto os cortes de investimentos. Como esse componente tende a ser mais espremido ainda, não se deve esperar daqui os impulsos para a recuperação econômica. Juntos, os gastos do governo e os investimentos representaram 37% do PIB do segundo trimestre desse ano. As exportações pesaram apenas 13% e não são capazes de compensar a estagnação ou queda dos outros dois componentes somados.

Todo o resto do PIB é o Consumo das Famílias, com 63% de participação. Esse consumo está em queda real, determinada pela acomodação dos orçamentos familiares à queda da renda, ao desemprego que colocou 5,5 milhões de pessoas nas ruas desde 2013 e pela redução do crédito. Na verdade, as famílias estão fazendo um enorme esforço para reduzir seu endividamento nesses tempos difíceis.

Tudo somado – os Investimentos, os Gastos do Governo, o Consumo das Famílias e o Setor Externo – a atividade econômica não apresenta um cenário muito animador e temos discutido isso ( https://www.newf.com.br/analises/posts/o-derretimento-da-industria-e-um-ponto-fora-da-curva ).

De onde viria o impulso para uma nova alta da bolsa?

Vejamos primeiro o gráfico do Ibovespa:

 

Essas são as cotações da bolsa em dólares (peguei o índice Ibovespa e o dividi pelo dólar do período). Cada barra verde é um período de uma semana de alta e a vermelha uma semana de queda.

Não é possível afirmar que ela esteja cara simplesmente porque está em um patamar de 60 mil pontos, vindo de um fundo do poço de 34 mil antes do impeachment. Ao contrário, a bolsa brasileira ficou para trás quando a crise política e econômica construiu um horizonte apocalíptico para os agentes. Ainda que ela tenha o potencial de produzir uma perda de mais de R$ 5 trilhões da Renda Nacional (o PIB), a crise não eliminou o potencial de crescimento do país nos próximos anos.

1 –  A modesta reação dos preços do petróleo já mostra um cenário prospectivo muito animador para a Petrobrás, já que os ativos de capital associados à sua exploração, produção e distribuição ganham valor imediatamente, refletindo-se nos indicadores principais da empresa. Com a venda de ativos (a preços mais razoáveis do que estavam meses atrás), com a entrada em operação de diversos investimentos que estavam em fase de acabamento (a Refinaria Abreu e Lima, poços do Pré Sal, etc) e com a valorização do real (que reduziu o impacto da dívida da empresa), as margens de lucro projetadas, o endividamento e o faturamento passaram a se recuperar fortemente. Torna-se fácil vislumbrar uma valorização sustentável do preço das ações, sobretudo se o petróleo se mantiver entre US$ 45 e US$ 50 o barril do tipo Brent.

2 – Isso vale também para as empresas do segmento de varejo, que foram profundamente desvalorizadas na crise e que estão se reorganizando. Ou para as geradoras e distribuidoras de energia e para o setor financeiro.

A única dúvida que fica no ar é em relação à siderúrgicas e à Vale.

3 – Em relação à mineradora, o cenário é positivo já que os preços encontraram um piso e estão em leve recuperação. Esse reordenamento dos preços se deve à saída de vários produtores. A oferta de minério caiu e a Vale deve continuar a explorar suas jazidas mais rentáveis, com a recuperação da geração de caixa (EBITDA), mesmo que a China apresente uma atividade moderada como a atual.

4 – Já as siderúrgicas vivem, como boa parte das construtoras, um cenário mais difícil. Boa parte de sua oferta é destinada aos segmentos da economia que mais demorarão a se recuperar (obras públicas, construção civil, indústria de óleo e gás, indústria automotiva e outros bens de consumo duráveis). Além disso, ao contrário do minério de ferro, a oferta de produtos siderúrgicos pela China não deve diminuir, mantendo o excesso no mercado por um bom tempo. Ainda que o segmento possa se recuperar, os riscos são mais elevados.

Para compensar o fraco desempenho que as empresas possam ter nesse trimestre, as expectativas em relação ao futuro estão melhorando. O simples fato de termos uma redução dos impactos negativos da crise sobre a atividade econômica, reduzindo gradativamente a queda e permitindo uma melhora razoável, já permite aos agentes planejar os próximos trimestres com uma melhora da receita e dos lucros.

Do lado das expectativas, a crise política está terminando e uma pauta de votações “amigas do mercado” é possível nas próximas semanas. Com esse acontecimento, a percepção de risco em relação ao país cai sensivelmente, liberando espaço para a queda dos custos de captação das empresas e do setor público. A inflação, por sua vez, perdeu a força e vem caindo, dentro do esperado por nós. Essa queda, associada ao aumento da confiança, permitirá que o BC reduza mais rápido os juros, já na próxima reunião. Se os juros estão em 14,25% agora, podemos esperar que eles caiam rapidamente para 12%, o que representa um impulso enorme nos preços das ações.

Com a melhora dos preços, queda do risco percebido, dos juros básicos e com alguma expectativa de crescimento nos lucros, a bolsa tem justificativa suficiente para uma alta sustentada até o final do ano.

Com juros em queda, o espaço para renda fixa diminui e aumenta, substancialmente, o espaço para alocação em ações. Aproveite.

 

Deixe um comentário