Para a entidade, desde a última reunião do Copom, em agosto, os elementos fundamentais ao comportamento da inflação já mostravam uma direção favorável ao início do ciclo de redução da taxa de juros. “Houve desaceleração dos preços livres, em especial dos alimentos, e a aprovação da PEC [proposta de emenda à Constituição] do Teto dos Gastos em primeiro turno na Câmara dos Deputados. Nesse sentido, a decisão do Copom está na direção correta”, avaliou a Firjan em nota.
A entidade pondera, no entanto, que a continuidade e a intensidade desse movimento de redução dos juros dependem da concretização da agenda fiscal. “Por isso, o Sistema FIRJAN considera que, imediatamente após a aprovação do teto para os gastos, o governo federal deve concentrar esforços no reequilíbrio fiscal dos estados e na reforma da Previdência.”
Meta de inflação
Para o professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV/EPGE), Fernando de Holanda Barbosa, a decisão do Banco Central foi conservadora, mas indica que a instituição quer manter a inflação dentro da meta de 4,5% no ano que vem. “Acho que a posição do Banco Central foi começar este processo de descida da taxa de juros de maneira muito cautelosa, para verificar como serão os dados nos próximos meses em relação à inflação e também a aprovação do teto da meta dos gastos no Congresso”, disse.
Segundo Barbosa, se este cenário se confirmar haverá espaço para que o Copom faça uma redução mais substancial nas taxas de juros na próxima reunião. “Acredito que, possivelmente, nos próximos seis meses a gente pode chegar a uma taxa de juros perto de 10%.”
Se a PEC dos Gastos for aprovada pelo Congresso, com demonstração de maior segurança fiscal no país, há possibilidade de cortes na Selic em torno de 0,5 ponto percentual, segundo o professor da FGV.