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Lava Jato leva consultoria a criar selo anticorrupção para fornecedores do governo

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A Operação Lava Jato e seus impactos na economia despertaram nas empresas a preocupação com a corrupção e o cumprimento das normas (compliance). Mesmo empresas multinacionais, que em seus países já possuem essas preocupações, mas faziam vista grossa no relacionamento com seus fornecedores brasileiros, agora voltam a examinar suas parcerias e exigem maior rigor, especialmente no relacionamento com o governo.

Essa maior preocupação está criando um novo mercado, o de certificação de empresas. A pedido de clientes, a consultoria Paselli, especializada em licitações e contratos com o governo na área de tecnologia, criou um selo de qualidade que comprova que determinada empresa cumpre seus compromissos de transparência, compliance e que respeita a Lei Anticorrupção brasileira. E não são só as que contratam, mas também as que vão prestar o serviço que estão interessada. Segundo Pamela Ariane da Silva, diretora da Paselli, por conta da Lava Jato, muitas empresas querem comprovar para seus parceiros que agem corretamente.

O selo foi criado há três meses, mas já interessou a três multinacionais, incluindo a gigante HP. E, em um evento em Brasília, 15 empresas procuraram a consultoria, sendo quatro brasileiras. “São empresas grandes que querem mostrar para o mercado que estão dentro do movimento de apoio ao combate à corrupção e à transparência da Lava Jato”, diz Pamela.

O selo tem por base a Lei 12.846/13, a lei brasileira anticorrupção, o Foreign Corruption Practice Act – FCPA, norma americana que é referência mundial, o Bribery Act – BA, da Grã-Bretanha, e a Convenção de Combate à Corrupção de Agentes Públicos em Transações Comerciais Internacionais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo Pamela, a ideia foi criar um selo para as empresas de tecnologia, mas outras empresas podem levar o conceito para as demais áreas.

A executiva conta que há muitos anos trabalha com multinacionais, como a HP, que trazem conceitos fortes anticorrupção e de compliance de seus países, mais refinados que os brasileiros e que teriam de ser respeitados por seus representantes brasileiros.

Diante de um universo tão grande de parcerias, várias centenas, a HP e outras multinacionais pediam para consultorias como a de Pamela fazerem a seleção de distribuidores no Brasil responsáveis pelas vendas para o governo. Com a Lava Jato, porem, essas empresas perceberam que seus fornecedores não estavam cumprindo as obrigações assumidas de compliance e anticorrupção e começaram a se preocupar com o impacto não só local, mas mundial desses problemas. “Houve então uma demanda oficial de um dos nossos clientes, a HP, que quer que as parceiras sejam mais seguras”, diz.

A Paselli desenvolveu então um certificado, o CertiGov, que pode ser usado não só pelos fornecedores da HP como por outras empresas que quiserem vender para o governo, usando a experiência da consultoria em licitações e leilões públicos. “Tenho 18 anos de experiência em relações com o poder público e sempre defendemos que não era preciso agir fora da lei para conseguir negociar com o governo, bastava seguir as regras”, afirma Pamela.

Mais coragem para denunciar

Segundo ela, porém, foi só depois da Lava Jato e das punições severas a executivos, políticos e companhias que as empresas ficaram mais à vontade para participar de licitações e protestar quando acham que houve alguma irregularidade. “Algumas empresas nem participavam pois achavam que era jogo de cartas marcadas, mas hoje, quando veem que pode haver direcionamento numa concorrência, elas já questionam na Justiça pois sabem que pode haver punição”, diz. “

Segundo Pamela, as empresas multinacionais tinham uma política muito reativa na cobrança da lisura dos fornecedores, que assinavam cartas se comprometendo com as regras de compliance e anticorrupção, mas no fim das contas não cumpriam e nem eram cobrados. Diante do risco revelado pela Lava Jato, as multinacionais hoje buscam formas de controlar melhor os fornecedores.

Formas de conferir os procedimentos

Para evitar cair no mesmo problema da passividade, o selo de qualidade possui três etapas. Na primeira, a consultoria busca mapear 42 procedimentos usados para vender para o governo. A revisão desses procedimentos em cada empresa é a primeira parte. A segunda são reuniões com os funcionários responsáveis pelo contato com o governo, nas quais esse procedimentos são repassados e verificados. Além disso, há reuniões periódicas para o caso de funcionários novos, a cada três meses. “Todos são entrevistados um a um para ter consciência do que não devem fazer”, explica Pamela. O terceiro módulo é o treinamento das equipes.

Melhor perder vendas que escândalo

Segundo Pamela, diante dos desdobramentos da Lava Jato e sua repercussão internacional, as multinacionais estão preferindo perder canais de vendas a correr risco com escândalos de corrupção. “Estou muito contente pois achava que nunca íamos chegar a esse ponto”, afirma.

Pamela diz que o país também se beneficiará desse movimento de moralização das relações entre as empresas e o governo iniciado pela Lava Jato. “Antes era comum cinco empresas venderem para o governo e ninguém mais conseguir, mas isso está mudando e mais empresas estão dispostas a participar se o jogo for limpo”, afirma, acrescentando que o clima anticorrupção é um avanço importante para o Brasil. “E não são só as multinacionais que estão interessadas, as grandes empresas locais também”, afirma.

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