“As UPPS permanecem sim, com o olhar muito mais atento, mais apurado, para fortalecermos porque a sociedade deseja e [esse] é um projeto exitoso”, declarou Sá, sem descartar mudanças no projeto. “Todo o ajuste que houver necessidade será feito à medida em que tivermos recursos e possibilidades, na relação vertical com o governo federal e horizontal, com outras pastas”.
Criadas por Beltrame há dez anos, as UPPS são questionadas por alguns setores da sociedade por não terem conseguido acabar com a criminalidade e reduzir a letalidade nas áreas onde foram implantadas, embora boa parte da população dessas comunidades deseje a permanência do programa. Um dos casos que colocou as unidades em xeque foi o desaparecimento, em junho de 2013, do pedreiro Amarildo, após ter sido levado à sede da UPP na Rocinha, supostamente com o objetivo de dar informações sobre o esconderijo de armas. Dos 25 policiais acusados de participação no crime, 13 foram condenados por tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual, entre eles o chefe da UPP.
Centro de inteligência
Além de melhorar o programa, o novo secretário pretende intensificar a investigação de armas de fogo e de explosivos e retirar das ruas submetralhadoras e fuzis, comumente usadas por organizações criminosas no estado. Para isso, anunciou ainda a criação de um núcleo de inteligência, que funcionará 24 horas por dia, em uma estrutura remanescente dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Centro Integrado de Comando e Controle. “Será uma coalizão do bem”, afirmou.
Sem antecipar mudanças, como a troca de comando na Polícia Civil, em que o chefe, delegado Fernando Veloso, também deixou o cargo, Roberto Sá disse que ainda vai conversar com os comandantes. “Mas mudanças pontuais na equipe ocorrerão”, confirmou.
Roberto Sá disse ainda que quer promover ações integradas das polícias e em parceria com o governo federal que, por meio do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, já garantiu prioridade ao estado. Outra meta, segundo ele, é aproveitar a experiência dos profissionais do setor.
“O nosso soldado, lá da ponta, tem muito a contribuir nas discussões de segurança pública”, afirmou. “O Policial Civil não vai, tão somente, assistir palestras dos seus chefes, mas contribuir nas discussões para que nós tomemos as decisões corretas”, completou.
As novas metas e os indicadores de criminalidade serão monitorados periodicamente pela nova gestão, “com muito foco nas UPPS” e participação social.
O novo secretário agradeceu ao ex-chefe, Beltrame, pela confiança, autonomia e liberdade, no tempo em que os dois trabalharam juntos na secretaria, e desejou que o ex-secretario, que ficou quase dez anos no cargo, “tenha um justo e merecido descanso”.
Roberto Sá era subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da própria secretaria e foi responsável pela coordenação do plano de segurança da Polícia Civil na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos. Já integrou o Batalhão de Operações Especiais (Bope), de onde saiu para ser delegado da Polícia Federal. É formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio.