Quando falamos em planejamento financeiro, estamos sempre em busca de equacionar orçamentos familiares e também traçar estratégias de quanto, como e onde guardar com segurança nossas economias visando uma aposentadoria tranquila.

Nesse processo, é comum entrarem em pauta reflexões sobre endividamento bancário e seus custos, com objetivo de vislumbrar alternativas mais baratas para se livrar de juros altos como do cheque especial. Ou também discussões sobre quais produtos financeiros são mais adequados ao meu perfil.

Na maioria destas análises, focamos nas alternativas que os tradicionais bancos e corretoras oferecem. Orientamos a sair de dívidas com juros altos, parcelar o cheque especial em uma linha mais barata, aplicar neste ou aquele produto, e acabamos não considerando as vantagens de se utilizar as instituições financeiras cooperativas como uma alternativa. As cooperativas de crédito, como são mais conhecidas, podem ajudar muito neste processo de planejamento financeiro, pois oferecem os mesmos produtos que os bancos oferecem, com custo bem menor.

Mas o que são cooperativas de crédito?

Cooperativas de crédito são instituições financeiras formadas pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. Os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços. Nas cooperativas de crédito, os associados encontram os principais serviços disponíveis nos bancos, como conta-corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, empréstimos e financiamentos. Os associados têm poder igual de voto independentemente da sua cota de participação no capital social da cooperativa. O cooperativismo não visa lucros, os direitos e deveres de todos são iguais e a adesão é livre e voluntária.

Vale ressaltar que, por serem consideradas instituições financeiras, são regulamentadas e fiscalizadas pelo Banco Central, o que dá maior credibilidade e segurança a este tipo de cooperativas.

Hoje as cooperativas de crédito, juntas, representam cerca de 3,26% do total de ativos do Sistema Financeiro Nacional e ocupam a 6ª posição do ranking das maiores instituições financeiras do país. Se considerarmos sua rede de atendimento, possuem a segunda maior rede do país, de acordo com dados do Banco Central, e em diversos municípios são a única instituição financeira disponível. Porém, em grandes capitais, sua presença ainda é discreta, o que dificulta um pouco o acesso às suas agências.

E como as cooperativas de crédito podem ajudar no planejamento financeiro?

Quando falamos em um processo de planejamento onde o cliente se encontra com alto endividamento bancário, a busca pela redução dos custos financeiros é o ponto focal. Trocar linhas de crédito caras por linhas mais baratas ajuda a reduzir o montante de juros pagos mensalmente. Neste contexto as cooperativas de crédito apresentam um grande diferencial. Amparadas por legislação específica, elas são isentas de alguns impostos como o Imposto de Renda, PIS, Confins e CSLL sobre os chamados atos cooperativos, que são as operações realizadas entre a cooperativa e seus cooperados na consecução de seus objetivos estatutários. Isto faz com que elas tenham um custo menor, o que reflete em linhas de crédito mais baratas.

Não só isso, mas ao contratar uma operação de crédito, o associado não paga IOF sobre o valor financiado, o que em uma instituição bancária é cobrado. Ou seja, ao fazer um empréstimo em uma cooperativa, a parcela fica mais barata que em uma operação com a mesma taxa num banco tradicional.

Também para investir

Na outra ponta, quando encontramos clientes que possuem folgas orçamentárias e estão a procura de alternativas seguras e rentáveis para investir, as cooperativas de crédito também não deixam a desejar. Em termos de portifólio, as cooperativas oferecem produtos que atendem desde perfis mais conservadores até os mais arrojados. Nela encontramos a tradicional poupança, RDC (equivalente ao CDB dos bancos), fundos de investimentos, entre outros como LCI e LCAs. Para quem não tem valores expressivos para poupar, não há problemas! Existe a possibilidade de programar aplicações a partir de R$ 30,00 por mês.

Assim como nos bancos, as cooperativas de crédito contam com um fundo garantidor, o FGCoop, que cobre atualmente até R$ 250.000,00 dos depósitos.

Cerca de R$ 130 bi em ativos

Para termos uma noção de tamanho, as cooperativas de crédito hoje possuem cerca de R$ 130 bilhões de depósitos administrados, ficando R$ 6 bilhões atrás do Santander, o que demonstra sua representatividade em nosso Sistema Financeiro Nacional.

Nos últimos anos elas se dedicaram a desenvolver soluções tecnológicas e atualmente as cooperativas de crédito contam com o mesmo padrão de tecnologia que os principais bancos, oferecendo toda a comodidade de acesso: Internet Banking, aplicativos para tablets e smartphones com simuladores de investimentos e possibilidade de contratação de empréstimos.

Tanto para quem toma crédito, quanto para quem aplica recursos nas cooperativas de crédito, outro grande diferencial está na participação dos resultados. Ao final de cada ano, quando a cooperativa obtém resultados positivos (lucro), que nelas são chamados de “sobras”, estes valores são devolvidos aos seus associados de acordo com sua movimentação. Isso se torna uma rentabilidade extra para quem aplicou dinheiro, e também uma economia para quem contratou empréstimos. Porém, é bom ficar de olho na administração da cooperativa, pois eventuais prejuízos também podem ser rateados entre os associados. Para evitar que isso ocorra, as cooperativas possuem o chamado “fundo de reserva”, que é destinado a cobertura de eventuais perdas. Mas se ele não for suficiente, pode ser que a assembleia dos associados decida por ratear esses valores entre os sócios.

Como faço para usufruir dos produtos e serviços de uma cooperativa de crédito?

Para ter acesso aos produtos de uma cooperativa de crédito é necessário ser associado e estar de acordo com seu estatuto social. O processo é bem simples e há necessidade de integralizar um capital social, cujo valor varia de cooperativa para cooperativa. Algumas exigem a partir de R$ 20,00 para ser sócio, e este valor fica na cooperativa até que o associado decida deixar a sociedade. As condições de devolução deste capital constam nos estatutos que ficam à disposição de seus associados.

Desta forma, ao fazer seu planejamento financeiro, não deixe de considerar as cooperativas de crédito quando pesquisar qual instituição irá utilizar. No atual momento em que vivemos, economizar faz toda diferença!

Hugo Alex Azevedo Ferraz, CFP® é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). Email: hugoaferraz@hotmail.com

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