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Ano termina confuso apesar dos avanços na economia, diz Rio Bravo; renda fixa segue como opção

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O ano terminou com o ambiente político estranho, com a aprovação da PEC dos gastos e o avanço da reforma da Previdência, mas uma certa confusão na base do governo de Michel Temer no Congresso em meio a denúncias de corrupção citando o presidente na Operação Lava Jato, afirma Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos. “A aprovação da PEC já era esperada, então agora temos de ver como vai ser a eleição para as presidências da Câmara e do Senado no começo do ano que vem”, afirma, lembrando que o Centrão, formado por partidos menores, deve tentar tirar proveito das eleições nas duas casas, complicando as articulações do governo.

Outro receio é se o mesmo Centrão apoiará a reforma da Previdência, que começará a ser apreciada no começo do ano que vem depois de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Buccini espera que alguns pontos da reforma da Previdência passem. “A discussão vai ser mais dura que a da PEC dos gastos”, prevê. Ele acha que o governo Temer mandou uma proposta mais rigorosa para ter espaço para voltar atrás em alguns pontos.

Entre esses pontos pode estar a regra da pensão por morte. O governo pode aceitar elevar o percentual de benefício a ser pago por dependente, de 10% para 20%. “Uma viúva com um filho receber 70% de pensão, 10% dela e 10% do filho, é pouco”, avalia. Também a questão de ter de contribuir por 49 anos para ter o benefício integral deve ser revista, assim como a proibição de acumular benefícios. “Talvez seja permitido ter a pensão e um percentual do outro benefício”, diz.

Uma surpresa positiva na proposta, diz , é o gatilho automático que eleva a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para 67 até 2060. Mas o receio é não aprovar mais nada depois da Previdência. “Havia uma expectativa de uma reforma nas leis trabalhistas e uma reforma tributária, que podem não acontecer”, diz.

A parte de concessões públicas também está indo devagar, com algumas mudanças nas agências reguladoras. Mas nada que se compare à evolução do BNDES e da Petrobras, que sofreram uma forte reformulação em suas equipes.

Crescimento fraco em 2017

Buccini diz que Rio Bravo trabalha com uma perspectiva para o crescimento do PIB em 2017 de 0,80%. “Há alguns meses, eu era considerado um pessimista, mas agora virei otimista, pois todo mundo reduziu fortemente as perspectivas para o ano que vem”, afirma. Ele espera que o PIB fique estável no quarto trimestre deste ano, o que já ajudaria no número do ano que vem. Mas, se o último trimestre deste ano vier negativo, o resultado de 2017 pode piorar ainda mais. “Outubro foi péssimo, mas novembro parece ter melhorado um pouco”, diz Buccini.

Medidas de incentivo à economia

Sobre o pacote para incentivar a economia anunciado semana passada pelo presidente Temer, o economista acredita que são medidas cujo efeito será sentido no longo prazo. “Foi um esforço para criar um clima positivo, mas é uma coisa inteligente, com exceção do Refis (programa de refinanciamento de dívidas tributárias)”, observa. “São coisas de longo prazo, como a melhora na remuneração para o FGTS do trabalhador e o fim da multa de 10% cobradas das empresas em caso de demissão sem justa causa”, diz. “Isso abre um espaço gigante para uma reestruturação dos sistemas de  poupança forçada do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do próprio FGTS”.

Abrir e fechar empresas

Outra questão de longo prazo são as medidas para facilitar a abertura e o fechamento de empresas. O Brasil aparece nos últimos lugares do ranking de facilidade para negócios do Banco Mundial (Bird) pela burocracia em abrir empresas e pela dificuldade em pagar impostos. “As medidas foram discutidas com o Bird e devem ajudar, assim como o cadastro positivo de compradores para reduzir o custo do crédito e a central de duplicatas, bem como as mudanças para facilitar a exportação e a importação, mas será tudo no longo prazo”, explica Buccini.

Ele cita o exemplo de Marcos Lisboa quando era secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 2003 e 2005. Na ocasião foi regulamentada a alienação fiduciária, que permitiu a retomada das operações de crédito imobiliário no país depois de décadas de paralisação. “São coisas pequenas, chatas e burocráticas, mas mudam o dia a dia da economia”, diz Buccini.

Agricultura e juros devem ajudar 2017

Ele espera que, no ano que vem, a agricultura ajude bastante a economia, pois expectativa é de uma safra boa. E a taxa de juros também deve ajudar. Para Buccini, o Banco Central (BC) foi bastante conservador e deixou contratado um ciclo grande de redução da taxa básica que pode levar a Selic abaixo de 10,5% ao ano. Daí para frente, a redução vai depender um pouco da inflação e outras variáveis, como o petróleo no mercado internacional. “Agora, quando o petróleo sobe, a Petrobras repassa e pressiona a inflação”, diz.

Outro risco é a alta dos juros nos EUA após a eleição de Donald Trump para a Presidência do país. Os juros dos papéis de 10 anos do Tesouro dos EUA, usados como referência do financiamento para países emergentes, já estão de novo em 2,60% ao ano, um ponto percentual a mais do que antes da eleição de Trump. “Isso é ruim para os emergentes, mas se a alta for porque os EUA estão crescimento mais, porque a economia está se aquecendo, pode até ser bom para o mundo”, explica Buccini, dando o exemplo recente da alta das commoditeis. “Mas se for só por causa de inflação subindo nos EUA, esse juro é ruim.”

A incerteza nos EUA provocou muita turbulência, porém, nos preços de ativos como ações e dólar e nas taxas de juros, o que exige maior atenção do investidor. Mas, ao mesmo tempo, surgem oportunidades, caso dos papéis do Tesouro corrigidos pela inflação, as NTN-B, de prazo mais longo. “Estávamos fora das NTN-B longas, e agora voltamos”, diz.

De qualquer jeito, a Rio Bravo reduziu a exposição dos clientes, aumentando a proporção de investimentos a aplicações corrigidas pelo juro diário do CDI ou do overnight Selic. “Na virada do ano, optamos por ficar mais leves”, diz, mantendo porém a aposta na queda do juro nominal e real no ano que vem. O BC pode inclusive acelerar os cortes no curto prazo se a inflação der uma trégua, o que deve beneficiar papéis prefixados ou indexados à inflação de menor prazo. “O BC pode cortar os juros em até 0,75 ponto se a inflação permitir”, diz.

Mas o impacto dessa queda na economia não deve ser tão grande, avalia Buccini, pois as famílias e empresas ainda estão muito endividadas e não conseguirão se alavancar muito mais. E, com a economia indo mal e os juros relativamente altos, o ano que vem pode não ser bom para a bolsa. “Se o BC vier com cortes mais fortes e o endividamento das famílias e empresas for caíndo, podemos ter um primeiro semestre de 2017 devagar, mas melhorando no segundo”, diz.

O dólar pode não ajudar o BC, mas não deve atrapalhar, andando de lado, avalia Buccini. “Não dá para apostar em uma grande valorização do real aqui porque o juro lá fora subiu bastante, mas também não vejo a moeda disparando como nos últimos meses”, diz.

Para o economista, “estamos entrando em terreno cinzento, com muita disputa política, como a envolvendo as medidas anticorrupção, que têm prós e contras”, lembra. “Mas o problema é o Congresso mudar tudo de madrugada”, explica, lembrando ainda que a Operação Lava Jato tem de manter seu status.

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