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Déficit primário pode causar um efeito secundário nas expectativas

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Mercados Globais

Com o feriado de natal nas principais praças financeiras, os mercados asiáticos de ações, moedas e juros ficaram com baixo volume e quase sem nenhuma oscilação. O destaque dado pela imprensa foi o discurso do presidente do Banco do Japão, em tom claramente otimista, vislumbrando a saída da deflação após duas décadas e meia. Um bom discurso, com apoio dos mercados, mas pouco crível. Já vimos esse tipo de manifestação nos mais de 25 anos de deflação japonesa, com poucos resultados práticos. Mas o índice acionário Nikkei em 19.400 pontos, a caminho do seu recorde recente de 22 mil pontos e indica que, por enquanto, não há espaço para o pessimismo.

Brasil

Com os mercados globais em feriado, devemos ter baixo volume e pouca oscilação aqui. A FGV divulgou às 8:00 horas o ICI – índice de confiança da indústria – e ele veio com recuo, voltando a junho passado, com queda de 2,2 pontos, para 84,8. Segundo Tabi Thuler Santos, Coordenadora da Sondagem da Indústria da FGV/IBRE:

“O resultado da sondagem industrial de dezembro, com queda da confiança e nível recorde de ociosidade, joga um balde de água fria sobre indicadores que já estavam mornos. Entre agosto e novembro, a acomodação da confiança – motivada pela apatia da demanda interna – já havia interrompido a recuperação temporária da confiança do setor observada no primeiro semestre.”

É mais um indicador de confiança que desconstrói a tese segundo a qual a confiança resultante da troca de governo e da adoção de medidas de “ajuste”, por si mesmas, levariam economia à recuperação. De fato, após a saída de Dilma Roussef, a confiança dos empresários subiu e levou à expectativa de que ela se transformasse em decisões de gasto. Porém, com o aprofundamento da queda da demanda, as expectativas é que voltaram a cair. Segundo a FGV o nível de utilização da capacidade instalada (NUCI), atingiu seu nível mais baixo desde o início da série, em 2001, com 72,5%. Isso significa que a ociosidade da indústria brasileira atingiu incríveis 27,5%. Veja o gráfico do ICI:

Esse dado mostra a necessidade de redução dos juros em ritmo acelerado para conter as pressões em relação ao derretimento da economia. O relatório Focus deve trazer mais uma redução da inflação esperada para 2017 e 2018 e isso colaborará para reduzir mais um pouco os juros praticados no mercado. O juro para 2021 já caiu de cerca de 12,5% algumas semanas atrás para 11,43% na sexta feira. Empurrado por mais essa notícia em relação à demanda e pela queda da inflação esperada, o mercado pode derrubar ainda mais os juros.

À tarde, no entanto, o tesouro divulga o resultado do governo central em dezembro e ele deve voltar ao déficit, após o superávit de novembro, causado pela arrecadação extraordinária decorrente da repatriação de recursos. O déficit primário pode causar um efeito secundário nas expectativas: quanto maior o déficit, mais explosiva é a trajetória da relação dívida/PIB, maior o risco soberano, maior a pressão pela alta dos juros longos. O mercado tem contido esse efeito na expectativa de que os ajustes em execução pelo governo Temer tenham condições de, simultaneamente, reduzir as despesas e aumentar a arrecadação. É provável que esse efeito secundário, de fato, continue mitigado pelo esforço do governo em manter a sua pauta de reformas em movimento e, com isso,  mantenha as expectativas do mercado em relação à trajetória da relação dívida/PIB positivas. No curto prazo os efeitos dos déficits serão compensados pelas ações de reformas. Mas até quando isso vai durar é difícil saber. A melhora dos resultados fiscais ainda está distante e a manutenção da crença em seu ajuste futuro depende muito da estabilidade política do governo.

 

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