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Ex-BC Figueiredo teme recaída na recessão em 2017 e vê oportunidades em renda fixa

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No fim de um ano que pareceu demorar quatro anos para passa, a expectativa é de melhora, apesar de todas as dificuldades pela frente, avalia Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio da gestora independente de recursos Mauá Capital Investimentos. Para ele, o grande esforço dos últimos seis meses deste ano foi para sair de um ambiente econômico caótico e irracional para um de mais racionalidade, com políticas mais coerentes. “Mas estamos ainda muito lá embaixo, o país está muito mal e, até trazer a economia de volta para a superfície, a estrada é longa, mais longa do que se imaginava”, explica.

Caminho certo e agenda micro

O mais importante, destaca, é que todas as políticas econômicas estão agora no caminho correto, que passa por resolver o forte déficit fiscal e depois o resto dos problemas. Com a inflação vindo para baixo e, mais que isso, com as expectativas de que continue baixa, e os sinais de controle nas contas do governo, o Banco Central (BC) já pode flexibilizar a política monetária, reduzindo os juros. E isso permite ao governo começar também a tocar uma agenda de mudanças microeconômicas, como as medidas anunciadas para reduzir os juros do cartão de crédito. “Tudo está na direção certa, mas a questão é que a economia está muito ruim e a atividade está muito fraca”, admite Figueiredo.

PIB deve cair no 4º trimestre

Ele dá o exemplo do quarto trimestre deste ano que todos esperavam já ser de crescimento, mas não vai ser. “Vai ser negativo e não tão pequeno quanto se imagina”, afirma o gestor. E o governo tem de tentar ajudar para não ter o chamado “double-dip”, ou seja uma recaída da recessão após uma leve melhora. “Quando olhamos a confiança da indústria e do comércio, elas haviam dado uma melhora e agora voltaram a fraquejar, o que não é bom”, alerta. “O governo tem de reagir a isso e é com a política monetária, intensificando os cortes dos juros, e medidas para ajudar que o ambiente microeconômico fique melhor”, afirma. “Não foi só o lado macro que piorou, o lado micro, do dia a dia das pessoas e dos negócios, ficou um horror”, destaca.

Maior risco é “double-dip”

Para Figueiredo, a primeira parte do pacote de incentivos anunciado pelo governo foi bem razoável, mexeu em vários gargalos micros, mas tem de avançar e ser bem feito para evitar que a economia desacelere de novo. “O maior risco hoje para o país está no double-dip, na atividade, pois a inflação já está mais baixa, os ajustes fiscais encaminhados, mas sem recuperação da economia a arrecadação não melhora, as receitas das empresas não cresce e desemprego e consumo seguem piorando”, alerta. “Por isso o governo tem de ajudar na recuperação.”

Reformas avançam mesmo com Lava Jato

Figueiredo lembra que há ainda os efeitos da Operação Lava Jato no cenário político, que não ajudam, mas ele observa que por enquanto não há nada muito forte que diga que o governo perdeu apoio no Congresso. “Na prática, o governo Temer conseguiu muito apoio e espero que as denúncias não atrapalhem a agenda de aprovação das reformas”, diz o gestor. “Se atrasar, não tem problema”, acrescenta. Para ele, a popularidade em baixa do governo não se recupera enquanto a economia não melhorar. “Mas pelo menos o governo não está fazendo bobagens”, afirma.

Há ainda o cenário externo com muito risco, especialmente com a posse de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos e a ameaça de que ele cumpra as promessas de fechamento da economia americana. “Mas até agora nos EUA caminhamos com coisas mais racionais nas primeiras declarações”, observa Figueiredo.

Melhora só no 2º semestre de 2017

O cenário de recaída da economia em recessão não é o mais provável, afirma Figueiredo, mas a economia só deve reagir no segundo semestre do ano que vem, e mesmo assim de forma gradual, com resultados positivos trimestre contra trimestre. “O cálculo do PIB tem muito efeito estatístico do passado, mas se na margem, mês a mês, melhorar já está bom”, diz.

Riscos por todo lado

Ele reconhece que existem riscos para todos os lados, e que os ativos financeiros já estão mais perto de seus preços normais do que no início do ano. Por isso, é preciso tomar muito cuidado com os investimentos. Em fevereiro, há a volta dos trabalhos do Congresso, com eleição dos presidentes das duas casas, e a questão será se o governo consegue levar adiante as reformas.

“Good Trump” ou “Bad Trump”?

A posse de Trump nos Estados Unidos também deve chacoalhar os mercados, acredita Figueiredo, observando que o mercado está apostando muito que será o “good Trump” (Trump bonzinho) que vai comandar o país. “Eu já acho que deve ser o ‘bad Trump’, o malvado, que o mundo conhece menos que vai assumir, mas o Brasil está tão lá em baixo em termos de economia que o cenário externo externo vai influenciar pouco”, afirma.

Para Figueiredo, nos próximos dois anos, 80% a 90% dos fatores que vão influenciar o Brasil serão internos, lembrando que o país hoje apresenta um déficit externo de contas correntes baixo, facilmente financiável, um grande volume de reservas internacionais, elevado investimento direto e taxa de câmbio ajustada. “Se não fosse isso, estaríamos bem piores”, diz.

Bolsa está barata, mas pode continuar barata

A bolsa brasileira pode estar barata se o país conseguir se recuperar. “Mas se a recuperação não vier, a bolsa vai continuar barata”, alerta. A taxa de câmbio também está alinhada, mas há uma tendência de valorização do dólar no exterior que pode fazer alguma pressão se superar 5% a 10%. “Mas o diferencial de juros aqui ainda é tão alto que a pressão é pela valorização do real e queda do dólar”, acredita.

Juros ainda embutem prêmio

Já a curva de juros futuros do mercado já embute um potencial corte da taxa Selic que pode ser influenciada pela primeira decisão do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), de reduzir a taxa em 0,5 ou 0,75 ponto. “Minha visão é que o Copom deveria acelerar os cortes para 0,75, pois a surpresa positiva com a inflação é muito grande e a atividade econômica muito mais fraca”, afirma Figueiredo. “Como o BC já ancorou bem as expetativas do mercado, poderia reduzir mais os juros, ter uma atitude mais proativa”, acredita.

Nesse caso, haveria um prêmio razoável nos papéis prefixados apesar do risco externo de os juros americanos de 2 anos subirem por conta das políticas de Trump. Figueiredo diz que gosta bastante dos papéis indexados à inflação, as NTN-B, mesmo os mais longos, mesmo com o prêmio de juros um pouco mais baixo e a queda prevista para a inflação.

Risco menor para aproveitar oportunidades

Os fundos da Mauá estão reduzindo um pouco as posição, correndo menos risco, pois já conseguiu um bom retorno este ano e teme que o mercado lá fora, que comprou a versão “good” de Trump tenha um “momento de paúra” antes da posse do novo presidente e reaja com turbulências muito fortes. “Os mercados mundiais pode dar uma chacoalhada no começo do ano já que exagerou no otimismo, e quem não estiver muito carregado em risco pode ter oportunidades para aproveitar”, diz.

Selic perto de 10% e IPCA de 4,30% em 2017

Figueiredo acredita que os juros vão cair até perto de 10% ao ano em 2017, para uma inflação de 4,30% pelo IPCA, o que ainda garante um belo ganho real. Os alimentos devem ajudar a baixar a inflação e a safra deve ser boa. Já o crescimento do PIB deve ficar entre zero e 0,5% em 2017, sendo que o quarto trimestre deste ano deve fechar em queda de 0,5%. E o dólar deve permanecer no nível atual.

Mercado imobiliário

Sobre o mercado imobiliário, um dos focos da Mauá, Figueiredo diz que todos os projetos que estão vindo a mercado chegam com uma gordura grande. “O setor ainda vai sofrer por um bom tempo, mas os preços dos ativos imobiliários não devem despencar”, acredita, lembrando que há incorporadoras com dificuldades, mas que os preços em geral já sofreram o que tinham de sofrer. “Não devemos ver uma recuperação no curto prazo, mas ela também não está longe”, diz.

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