Ibovespa cai 0,8% e dólar recua 1,23%; mercados resistem à crise na Itália

O Índice Bovespa fechou em queda, pressionado por fatores internos e pela turbulência na Europa após a derrota da proposta de reforma política na Itália, que ameaça derrubar o governo de Matteo Renzi e afetou os papéis dos bancos do país. Já o dólar cedeu, acompanhado os juros locais.

O Índice Bovespa caiu 0,80%, para 59.831 pontos, acompanhando as más notícias da economia e da política. O volume negociado foi de R$ 6,165 bilhões, abaixo da média do ano, de R$ 7,3 bilhões.

Hoje, o presidente Michel Temer reforçou o apoio ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem sido alvo de críticas pela frustração da recuperação econômica esperada para o terceiro trimestre. E as projeções são cada vez piores para o ano que vem também, como mostra o relatório Focus.

Em entrevista ao jornal O Globo, Temer não só cacifou Meirelles, como prometeu um pacote de ajuda para a economia. Já Meirelles anunciou, em evento em São Paulo, que o governo deve apresentar a proposta de reforma da Previdência aos sindicalistas hoje e amanhã o texto deve seguir para o Congresso.

Marco Aurélio afasta Renan

A situação deve se complicar amanhã, com a repercussão do afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio de Mello. A decisão saiu depois do fechamento do pregão.

Bancos e Petrobras puxaram o Índice Bovespa para baixo, com os papéis preferenciais (PN, sem voto) do Itaú Unibanco (BOV:ITUB4) perdendo 0,35%, Bradesco PN (BOV:BBDC4), 0,53%, e Banco do Brasil ON (BOV:BBAS3) (papel ordinário, com voto), 1,91%. A unit (recibo de ações) do Santander (BOV:SANB11) perdeu 1,09%. Já Petrobras PN (BOV:PETR4) caiu 1,07% e o papel ON (BOV:PETR3), 3,38%.

Braskem puxa altas e frigoríficos caem

As maiores altas do Ibovespa foram de Braskem PNA (BOV:BRKM5), com 5,28%, Smiles ON (BOV:SMLE3), 4,82%, Bradespar PN (BOV:BRAP4), 3,23%, Usiminas PNA (BOV:USIM5), 1,76% e Gerdau Metalúrgica PN (BOV:GOAU4), 1,27%. A Braskem anunciou na sexta-feira que está em estágio avançado seu acordo de leniência com as autoridades do Brasil e dos Estados Unidos por conta de irregularidades detectadas na Operação Lava Jato.

As maiores quedas do dia no índice foram de JBS ON (BOV:JBSS3), 3,83%, Marfrig ON (BOV:MRFG3), 3,74%, Petrobras ON (BOV:PETR3), 3,38%, Cosan ON (BOV:CSAN3), 3,12% e Qualicorp ON (BOV:QUAL3), 3,10%.

Europa sobe apesar de bancos italianos

Na Europa, as bolsas fecharam em alta, com exceção da Itália. O índice regional Stoxx 50 ganhou 1,25%, com os investidores mostrando que já tinham antecipado o resultado da derrota do governo italiano. O Financial Times, de Londres, subiu 0,24%, o DAX, de Frankfurt, 1,63% e o CAC, de Paris, 1%.

Presidente italiano pede que Renzi fique

Já o Índice MIB, da Bolsa de Milão, caiu 0,23%, depois de perder mais de 1% pela manhã com a crise política deflagrada após a derrota da proposta de reforma do governo. O primeiro-ministro Matteo Renzi, anunciou que renunciaria hoje, mas adiou a decisão a pedido do presidente Sergio Mattarella, que quer que ele continue até a votação do orçamento de 2017. O clima, porém, ainda é de incerteza sobre o futuro do país, que pode cair nas mãos de partidos populistas ou de extrema direita. O impacto maior, porém, ocorre nos bancos italianos, que acumulam perda de 50% no valor de suas ações na média, segundo o The Wall Street Journal.

EUA e o Twitter de Trump

Nos EUA, os mercados acompanham o estilo do futuro presidente Donald Trump de comandar a política externa, usando sua conta no Twitter. Ele mandou recados para a China, depois de provocar um mal-estar ao ligar para a presidente de Taiwan, inimigo histórico do governo comunista chinês. Trump questionou se a China havia consultado os Estados Unidos antes de desvalorizar sua moeda, o yuan, ou antes de construir um massivo complexo militar no Sul do Mar da China. O estilo de Trump preocupa os analistas pelo receio de criar conflitos desnecessários. Ele é comparado ao ex-presidente Richard Nixon, cuja política de “Madman” (homem louco) servia para confundir os inimigos na época da Guerra Fria.

Nos EUA, o Índice Dow Jones fechou em alta de 0,34%, o Standard & Poor’s subiu 0,58% e o Nasdaq, 1,01%.

Juros americanos em alta

Os juros americanos oscilaram bastante hoje, com o papel de 10 anos do Tesouro pagando 2,45% durante a tarde, recuando para 2,37% e fechando em 2.40% ao ano, indicando o receio cada vez maior que as políticas de Trump elevem a inflação e os juros americanos.

Petróleo cai

Já o petróleo, que passou boa parte do dia em alta, recuou no fim dos negócios. O barril do tipo WTI, negociado nos EUA, caiu 1,20%, para US$ 51,06, e o Brent, de Londres, 0,33%, para US$ 54,280.

Dólar e juros caem no Brasil

No mercado brasileiro, o dólar fechou em baixa de 1,23%, vendido a R$ 3,43 no mercado comercial e a R$ 3,62 no turismo, em queda de 0,54%.

Os juros projetados nos contratos futuros de DI na BM&FBovespa caíram, com o vencimento janeiro de 2018 trabalhando com 12,01%, ante 12,24% na sexta-feira, e para 2021, 12,03%, ante 12,34% na sexta.

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