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O caos vai passar, mas a insanidade não

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Ruas vazias, lojas fechadas, ônibus parados. Os saques, assaltos e assassinatos dispararam no Espírito Santo desde o início da greve dos policiais militares. A onda de criminalidade e total sensação de insegurança deixaram não só os capixabas, mas todos os brasileiros, em pânico.

Os números são impressionantes, mais de 100 assassinatos e 20 milhões de reais em saques. Em Vitória, capital do estado, somente na última segunda-feira ocorreram 200 furtos e roubos de veículos.

A greve é organizada por familiares de policiais acomodados em tendas e barracas na frente dos batalhões militares, impedindo a saída das viaturas. O movimento começou como um protesto não tão incomum realizado na última sexta-feira em frente a um Destacamento da Política Militar. O ato resistiu e os manifestantes decidiram passar a noite no local. A partir desse ponto as redes sociais, mais uma vez, fizeram o movimento ganhar proporções inimagináveis. O gesto comoveu outros familiares de policiais militares que saíram de suas residências para fazer o mesmo nos dias seguintes.

A principal reivindicação dos manifestantes está relacionada ao reajuste salarial. Segundo a Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo, o piso salarial de um soldado da Polícia Militar é de R$ 2.646,12, inferior à média nacional de R$ 3.980,00, que também pode ser considerada baixa em função dos riscos da profissão, mas, também, pela grande discrepância de salários entre servidores públicos.

Naturalmente, nos próximos dias, o caos vai passar no Espírito Santo com o reforço de tropas do Exército e da Força Nacional. Quando a greve se encerrar, as pessoas voltarão a levar uma vida cotidiana no estado. A insanidade, por outro lado, continuará existindo de forma gritante nos orçamentos da União, Estados e Municípios.

Cargos de super salários e super benefícios estão espalhados na estrutura do estado, criando uma disparidade significativa na folha de pagamento. Os poucos que recebem muito acabam gerando revolta entre os demais, que passam a exigir maiores salários. A referência para o salário da base da pirâmide sempre parte do topo.

O número de cargos públicos criados desde a década passada aumentou significativamente, a ponto de ser o principal objeto de desejo entre boa parte de estudantes universitários no País. Com mais cargos e mais super salários nas folhas de pagamentos, os governos estão asfixiados financeiramente.

Os grandes privilégios de alguns servidores públicos são apenas parte de um problema muito mais abrangente encravado em toda a cadeia política e econômica brasileira. O ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou durante um fórum nacional em 2015 que o patrimonialismo está cobrando um preço muito alto.

O caos no Espírito Santo é apenas uma das várias faturas que a sociedade brasileira precisa pagar para sustentar esse modelo arcaico. Levy perdeu força durante o governo Dilma justamente por tentar combater o patrimonialismo, pois suas propostas afetariam privilégios de grandes grupos.

Há bastante tempo o economista Marcos Lisboa costuma dizer que nosso País virou uma república da meia-entrada. Vários grupos conseguem obter privilégios e benefícios do governo, debilitando a economia.

A partir do momento em que a carga tributária, nunca suficiente para cobrir privilégios cada vez maiores, atinge seu ponto de esgotamento após uma trajetória ascendente, os problemas começam a aparecer com mais freqüência.

Sem poder aumentar mais os impostos, o sistema deveria colapsar. Mas no Brasil, ao contrário do que se poderia esperar, os benefícios estão cada vez mais fortes e indestrutíveis. A regra entre diversos grupos é lutar pelos seus privilégios e não pela melhora do País. Prova disso é a preferência do governo em tocar uma agenda dificílima de reformas impopulares ao invés de rever o gigantesco peso das desonerações e subsídios no orçamento ou acabar com a farra dos super salários, super benefícios e excesso de cargos públicos.

As reformas são essenciais, mas não provocarão alívio de curto e médio prazo no endividamento do governo brasileiro, em rota insustentável. Esse é o reflexo da insanidade presente no Brasil, o governo quer combater uma dívida de 70% do PIB (Produto Interno Bruto), podendo chegar a 80% do PIB já em 2019, tirando algumas centenas de milhões da população, carente de serviços públicos minimante razoáveis, ao invés de recuperar as dezenas ou mesmo centenas de bilhões que correm pelo ralo em privilégios e benefícios a determinados grupos.

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