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Riscos aumentam na medida em que banqueiros centrais tomam seus próprios rumos

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A velha estratégia de atuação em bloco dos principais banqueiros centrais mundiais, observada desde o estouro da crise do subprime em 2008, responsável por evitar uma catástrofe financeira, definitivamente chegou ao fim.

As respostas das autoridades monetárias à severa crise do passado criaram uma série de efeitos colaterais heterogêneos em vários cantos do planeta e as economias, agora, apresentam problemas distintos, exigindo novas abordagens dos banqueiros centrais.

As diferentes estratégias de política monetária entre o FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos) e o BCE (Banco Central Europeu) são as mais visíveis para o mercado, mas uma abordagem macro focada apenas nesses dois banqueiros centrais pode transmitir a falsa impressão de que existe apenas duas escolhas de rota (A ou B) disponível nas mesas dos Comitês de Política Monetária.

O FED está respondendo ao avanço da inflação na economia norte-americana (que se aproximou da meta) com uma política de aperto monetário mais agressiva. A Fed Funds (taxa básica de juros) está subindo mais rápido do que no passado recente, forçando uma calibragem (para cima) nas expectativas para a taxa de juros de longo prazo.

A inflação na zona do euro também colou na meta de 2% a ser perseguida pelo BCE. Entretanto, a autoridade monetária insiste em manter sua política agressiva de estímulos monetários. Além de não prever nova redução no volume de compras de ativos mensais, o BCE sequer imagina a possibilidade de elevação da taxa básica de juros, mesmo a longo prazo.

Além de ter de responder aos problemas econômicos, o BCE precisa ficar alerta ao cenário político local. Os lideres europeus respiram aliviados com a vitória de Mark Rutte na Holanda, mas o atual primeiro-ministro precisou mudar sua estratégia de gestão às vésperas das eleições. Rutte partiu pra cima da Turquia para angariar votos de uma crescente onda nacionalista em seu País (que por sinal se espalha por toda a Europa).

O candidato da extrema-direita, Geert Wilders, anti-Europa e anti-Islã, ficou em segundo lugar nas eleições. Wilders perdeu, mas seu partido alcançou 20 assentos no Parlamento, tornando-se o segundo maior do País. O partido do primeiro-ministro Rutte obteve 33 cadeiras, inferior aos 41 assentos conquistados em 2012.

No Reino Unido, o BoE (Bank of England) mostra-se em cima do muro. Quer subir a taxa básica de juros, mas falta coragem. O pé está no acelerador, mas não tão fundo quanto na zona do euro. Haverá uma disputa de fluxo entre os dois blocos a partir do Brexit e nenhum banqueiro central parece querer se arriscar demais.

Na última reunião de política monetária do BoE, Kristin Forbes votou pela elevação da taxa básica de juros, representando a primeira divisão do Comitê desde julho do ano passado, surpreendendo o mercado. Mais curioso é que Forbes votou contra a decisão de manter os juros inalterados, mas foi a favor da manutenção do programa de compras de ativos. Isso significa que o BoE não deve seguir a rota do FED (que decidiu subir os juros somente após a total interrupção dos programas de estímulos monetários), mas também não quer seguir a rota extremamente flexível do BCE.

O Banco Popular (autoridade monetária da China), que está na fogueira do mercado, também navega numa rota solitária. As taxas de juros de recompra reversa (curto prazo) subiram novamente nesta semana, marcando o terceiro aumento em três meses. Já a taxa básica de juros continua inalterada em 4,35%.

O ajuste do Banco Popular nas taxas de recompra reversa é uma tentativa de conter o aumento dos riscos financeiros, num cenário local de endividamento elevado, fuga de capitais e desvalorização do iuan frente ao dólar. A autoridade monetária chinesa insiste em afirmar que não está apertando sua política monetária, para não criar pânico no mercado. Um aumento na taxa básica de juros poderia conter com mais eficácia a saída de fluxo e estabilizar a taxa de câmbio, mas por outro lado poderia implodir uma crise de crédito em função da elevada alavancagem do sistema financeiro, onde há suspeita de parcela relevante de crédito de baixa qualidade.

No Japão, o Comitê de Política Monetária do BoJ (Bank of Japan), decidiu manter a taxa básica de juros inalterada, assim como a meta de rendimento para os títulos do governo de 10 anos e o forte programa de compras de ativos mensais.

Ao contrário de outras economias desenvolvidas, a inflação no Japão se mantém baixa e muito distante do centro da meta de 2% ao ano. Haruhiko Kuroda, presidente do BoJ, disse que manterá uma política monetária ultrafrouxa ainda por um longo período, mesmo com outros banqueiros centrais buscando rotas distintas.

Com os Bancos Centrais mostrando que estão tomando seus próprios rumos, diante das complexidades dos ambientes locais, os investidores/operadores tendem a encontrar mais dificuldade para alocação de recursos nos próximos meses/anos.

Ao deixarem de agir em bloco, os banqueiros centrais induzem os mercados a fazerem o mesmo. Isso significa que o desempenho relativamente homogêneo dominante nos últimos anos nas principais praças financeiras mundiais tende a cair por terra.

Com fluxos dispersos e mais instáveis, os riscos para os ativos aumentam significativamente, o que exigirá análises e estratégias diferenciadas para cada praça, bem diferente da facilidade encontrada desde 2009. Isso significa que as tendências devem ser mais curtas e voláteis daqui pra frente e alguns ciclos de mercado podem ser quebrados.

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