O cenário para a bolsa brasileira complicou-se em março com os sinais de dificuldades políticas tanto para o presidente Michel Temer no Brasil quanto para seu colega Donald Trump nos Estados Unidos. Um cenário que os analistas esperam que pode continuar em abril. No Brasil, aumentaram as resistências à aprovação do projeto de reforma da Previdência, com muitos deputados pedindo mudanças no texto que abrandariam o ajuste. Entre os descontentes está inclusive o principal aliado, o PSDB.

A ameaça da Operação Lava Jato também faz com que os próprios aliados do governo, como o ex-presidente do Senado Renan Calheiros, se rebelem contra Temer. Renan parece querer garantir sua liderança no PMDB reunindo os descontentes do partido e os que temem o desgaste popular das reformas. E busca apoio para aprovar a blindagem da reforma política para escapar das denúncias da Odebrecht e de uma eventual perda de mandato que o jogaria no colo do juiz Sérgio Moro.

O julgamento da chapa Dilma Rousseff-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que começa amanhã, mas pode se arrastar por um bom tempo, também é um complicador para Temer, que passa a correr o risco de ter seu mandato cassado. Mas, como não interessa a ninguém a saída de Temer, a expectativa ainda é de que o presidente conseguirá aprovar uma reforma da Previdência minimamente suficiente para equilibrar as contas do governo.

No exterior, o fracasso de Trump em aprovar o projeto que desfazia o programa de saúde de seu antecessor, o Obamacare, também reduziu o otimismo dos investidores com a economia americana e enfraqueceu os preços das commodities e das bolsas de emergentes. Agora será preciso um fato novo para o mercado retomar a confiança nas promessas de Trump, o que não parece fácil diante as declarações infelizes do presidente contra Coreia do Norte.

Há ainda as eleições na França, em 23 de abril e 7 de maio, que podem complicar ainda mais o cenário para a União Europeia após a saída do Reino Unido, oficializada semana passada. O candidato de centro , Emmanuel Macron, ganhou terreno e pode aparecer à frente da candidata de extrema-direita Marine Le Pen ainda no primeiro turno.

No Brasil, as denúncias da Odebrecht vão continuar complicando o cenário político, envolvendo não só o PMDB e o PT, como também figuras importantes da oposição, como o senador Aécio Neves.

Em meio a esse cenário político turbulento, que afeta a economia, os juros podem ter uma queda mais acentuada este mês, passando de 12,2% para 11,25% ao ano, um corte de 1 ponto percentual. Ou até mais, acreditam algumas casas. Juros menores são positivos para a bolsa, mas podem ter seu efeito ofuscado pela fraqueza da economia e pela incerteza política.

Petrobras lidera indicações

Para enfrentar essa turbulência, a maioria das 12 corretoras que enviaram suas carteiras para o Portal do Pavini escolheu a ação da Petrobras. Com 10 indicações, a estatal é vista como um papel com forte potencial de recuperação por conta dos ajustes feitos pela nova administração e pelos avanços do pré-sal. Já Itaú Unibanco, o segundo papel na preferência, com oito votos, segue como o principal representante do setor financeiro brasileiro, que deve se beneficiar da queda dos juros e da redução da inadimplência por conta também da inflação mais baixa e da manutenção do poder de compra dos salários.

BM&FBovespa ganhou espaço na carteira, após a fusão com a Cetip, que a tornou na quinta maior bolsa do mundo, concentrando todos os mercados de renda fixa e variável na sua nova estrutura, batizada da Brasil Bolsa Balcão, ou B3.

Confira abaixo as principais indicações das corretoras para este mês e as carteiras sugeridas de cada instituição.

Abaixo, as indicações de cada corretora: