Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a relação entre distratos, quando o comprador desiste do negócio, devolve o imóvel e pede o dinheiro de volta para a construtora, e as vendas totais atingiu 51,3%, de acordo com dados das empresas associadas à Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Houve um aumento de 2,8 pontos percentuais nas devoluções de imóveis frente ao período anterior, até janeiro, de 48,5%.
O segmento de média e alta renda teve uma devolução ainda maior, com os distratos representando 58,6% do total de vendas do período. No segmento Minha Casa Minha Vida (MCMV), a relação distratos/vendas recuou de 34,2% para 23,9% nos últimos 12 meses.
Os números consideram as vendas e os distratos registrados no período, ou seja, não significa que a unidade que está sendo devolvida é a que foi vendida nos últimos 12 meses. Normalmente as unidades devolvidas se referem a vendas feitas nos anos anteriores e que ficaram prontas agora, o que exige que o comprador arrume um financiamento em um banco para pagar a construtora. Como os lançamentos e as vendas vêm caindo, a proporção de distratos cresce, diante também da dificuldade dos compradores em obter o empréstimo no banco e da queda dos preços dos imóveis, que faz com que os especuladores, que compraram esperando uma valorização, desistam do negócio.
Safra antiga
Levando-se em conta apenas a safra de lançamentos mais antiga do segmento na série histórica, do 1º trimestre de 2014, a proporção de unidades distratadas entre as unidades vendidas do segmento de médio a alto padrão foi de 29,2%.
Considerando a safra de lançamentos do programa MCMV mais antiga, também do 1º trimestre de 2014, a proporção de unidades distratadas entre as unidades vendidas atingiu a marca de 18,5%.
Estudo separa imóveis de média e alta renda
Os empreendimentos residenciais de médio e alto padrão (MAP) responderam por 19,4% das unidades lançadas, 39,8% das unidades vendidas, 49,4% das entregas, e 41,7% da oferta média do período, segundo os Indicadores Abrainc-Fipe divulgados hoje. Pela primeira vez, os estudos separaram os empreendimentos populares do Minha Casa Minha Vida, que são mais influenciados pelas políticas públicas, dos de média e alta renda.
Distratos crescem no médio e alto pradão
Segundo o estudo, os distratos variam de acordo com o segmento. O número sobe nos empreendimentos de médio e alto padrão, enquanto recua no Minha Casa, Minha Vida. “Isso evidencia o fato de que são mercados que precisam ser vistos de forma separada e independente um do outro, ressaltando a importância da desagregação dos dados em nosso estudo, para uma maior clareza e precisão do entendimento do comportamento do setor”, afirma a Abrainc-Fipe.
O governo estuda regulamentar os distratos para evitar que as questões acabem na Justiça, o que cria insegurança para as empresas, que precisam dos recursos para completar as obras, e para os compradores, que não sabem quanto vão receber ao desistir do negócio.
Lançamentos recuam 17,5% e vendas, 18,3%
Em termos de variação, no comparativo de 12 meses até fevereiro, os lançamentos do segmento de médio e alto padrão recuaram 17,5%, ao passo que as vendas foram 18,3% inferiores ao período precedente. Na mesma base de comparação, as entregas de empreendimentos MAP cresceram 16,1%, enquanto o volume médio ofertado no segmento declinou 13,2%.
No ano, lançamentos recuam 13,4% e vendas crescem
Nos dois primeiros meses deste ano, segundo a Abrainc-Fipe, foram lançadas 4.015 unidades residenciais no país, uma queda de 13,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O segmento de maior renda respondeu por apenas 2,9% dos lançamentos totais neste ano.
Já as vendas totais subiram 6,9% nos dois primeiros meses deste ano, com 13.779 unidades vendidas. Os imóveis mais caros representaram 33% do total vendido no país.
O total de residências entregues este ano pelas construtoras até fevereiro ficou em 7.585 unidades, uma queda de 55,3% sobre o mesmo período do ano passado. O segmento de maior renda respondeu por 37,8% dos imóveis entregues.
Maioria dos lançamentos é popular; distratos chegam a 41% no MCMV
Ainda, de acordo com informações das empresas, os empreendimentos vinculados ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) responderam, nos últimos 12 meses, por 80,6% das unidades lançadas, 60,2% das unidades vendidas, 50,6% das entregas, 41,4% dos distratos e 58,3% da oferta média ao longo do período.
Em termos de variação, o comparativo de 12 meses indica que os lançamentos do programa foram 14,3% superiores ao observado no período anterior, tendência acompanhada pelo aumento nas vendas (10,6%), entregas (5,8%) e oferta média (36,1%) dos empreendimentos do programa.
Estoque cresce e é suficiente para 17 meses
Em fevereiro, as empresas do setor tinham 118.749 unidades residenciais para vender, segundo a Abrainc-Fipe. Considerando o trimestre encerrado em fevereiro, o total vendido equivalia a 17,6% da unidades ofertadas. Isso significa que o estoque no mercado seria suficiente para anteder a demanda por 17 meses. É o maior número de meses deste 2015, quando o estoque era suficiente para 13,3 meses, e mais que em fevereiro do ano passado, com 16,6 meses.
Desse total, o maior estoque é de imóveis de renda mais alta, suficiente para 17,4 meses, um pouco abaixo dos 17,6 meses de janeiro de 2016. Já o segmento popular, do Minha Casa Minha Vida, tinha um estoque suficiente para 15,1 meses em fevereiro deste ano, para 15 meses no mesmo mês do ano passado.
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