O temido primeiro turno da disputada eleição presidencial francesa terminou com um grande alívio ao mercado. O candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, admirador do bolivarianismo latino-americano, que vinha numa forte ascensão nas últimas semanas, está fora do segundo turno.
Mélenchon ficou em quarto lugar na disputa, com 19,2% dos votos. O candidato ultraliberal François Fillon, admirador de Margaret Thatcher, mostrou certa recuperação nos momentos finais da campanha e alcançou 19,7% dos votos. Marine Le Pen, candidata da direita radical anti-imigranção e anti-Europa, ficou em segundo lugar com 21,53% dos votos. O centrista Emmanuel Macron, ex-ministro da economia, se destacou na reta final e ficou com 23,75% dos votos em primeiro lugar.
Uma rápida mobilização pró-Macron se iniciou assim que os resultados apontaram os dois candidatos a disputar o segundo turno no dia 7 de maio. Benoît Hamon, candidato do partido socialista que ficou em quinto colocado com apenas 6,2% dos votos, foi o primeiro da grande lista anunciar seu apoio a Emmanuel Macron no segundo turno.
François Fillon admitiu uma derrota de cunho pessoal e pediu que seus eleitores se mobilizem a favor de Macron, a fim de evitar uma abstenção no segundo turno. Em seu discurso de derrota, Fillon declarou que votará em Macron.
O ex-primeiro-ministro Alain Juppé, derrotado nas primárias da direita por Fillon, também expressou seu voto ao candidato centrista Emmanuel Macron. Juppé tem grande influência para a direita francesa e afirmou que a extrema-direita de Marine Le Pen conduzirá seu País ao desastre. Bernard Cazeneuve, atual primeiro-ministro, também pediu no último domingo para que os franceses votem contra Le Pen.
O radical de esquerda Mélenchon, do movimento França Insubmissa, se recusou a dar qualquer recomendação de voto no segundo turno assim como Philippe Poutou, do Partido Anticapitalista. Entretanto, é altamente esperado que boa parte dos eleitores da esquerda radical francesa não deverão votar num candidato da direita radical no segundo turno, nem sob forma de protesto.
O segundo turno na França, portanto, será uma disputa de todos contra Le Pen. A direita radical não recebeu nenhum apoio de figura pública relevante e o mercado já contabiliza uma vitória esmagadora de Emmanuel Macron sobre Marine Le Pen no segundo turno. Pesquisas de intenção de voto também apontam amplo favoritismo de Macron, com cerca de 61% dos votos.
Apesar de ser considerado um outsider, Macron, que fundou seu próprio partido em abril de 2016, não pretende quebrar o establishment na França. O candidato tem um programa abertamente pró-europeu, com intenção de fortalecer ainda mais o bloco. Defende um “Buy European Act”, uma forma de preferência de acesso ao mercado europeu para indústrias estrangeiras que deslocarem parte da sua produção para algum país do bloco. Também defende o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Canadá, além de um corte na carga tributária das empresas de 35% para 25%.
Além das propostas tentadoras aos empresários, o centrista Macron é o candidato queridinho do mercado pela sua conhecida reputação e passagem pelos bancos de investimentos na França.
Macron é um outsider que nasceu do mercado de capitais e isso definitivamente agrada os investidores/operadores por toda a Europa. A bolsa de Paris disparou mais de 4% nesta segunda-feira, registrando a alta mais forte desde agosto de 2012. A máxima de 2015 foi superada com um GAP de fuga (a ser confirmado nos próximos pregões), agregando força à tendência de alta iniciada aos 3,9k.
Na Alemanha, o índice DAX subiu 3,37%, renovando nova máxima histórica, num forte movimento de recuperação iniciado em fevereiro de 2016.
Londres também disparou nesta segunda-feira, confirmando fundo ascendente na região dos 7,1k. A característica técnica do movimento abre espaço para novo teste na máxima histórica nos próximos pregões, com possível rompimento.
A euforia dos mercados europeus se espalhou rapidamente pelas demais praças financeiras mundiais. O pregão em Wall Street abriu em clima positivo, jogando o S&P500 para perto da máxima histórica.
No Brasil (BOV:IBOV) o índice Bovespa subiu 0,99%, trabalhando teste sobre a LTB dos 69,5k. Apesar de o mercado seguir congestionado no curtíssimo prazo entre os 63k e 66k, um eventual rompimento desta importante LTB agregará força para novo teste sobre a resistência dos 66k, principal linha de manutenção do viés vendedor no mercado local.