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Pré-market: Mercado se prepara para os próximos seis meses

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A primeira metade de 2017 termina hoje e os investidores devem tomar uma dose de realidade para se preparar para o que reserva a segunda metade do ano, a fim de evitar sustos. No Brasil, é cada vez mais nítido os riscos embutidos pela crise política, que não consegue esconder a delicada situação fiscal, enquanto no exterior os bancos centrais nos dois lado do Atlântico Norte elevaram o tom e sinalizam uma postura mais dura (“hawkish”), dando pistas para o fim da era de estímulos ultra-frouxos.

A mudança de cenário sinalizada pelas autoridades monetárias dos Estados Unidos, zona do euro, Inglaterra e Canadá tende a trazer os mercados internacionais de volta ao normal – o que não será nada fácil. Afinal, desde a crise global de 2008, os investidores estão acostumados com uma farta liquidez de recursos pelo mundo, que alimenta a procura por investimentos arriscados em busca de altos retornos.

Ontem, a mensagem foi decifrada rapidamente nos negócios com títulos soberanos, elevando o rendimento (yield) dos papéis de países europeus e dos bônus norte-americanos (Treasuries). Além disso, as principais moedas europeias, como o euro e a libra, se valorizaram intensamente frente ao dólar. Nas bolsas, as ações caíram, com exceção do setor financeiro, que tende a se beneficiar de taxas de juros mais elevadas.

Nesta manhã, o movimento perde um pouco de vigor, realçando a relutância dos investidores em absorver os reiterados sinais dos BCs globais de que a era da política monetária extraordinariamente fácil está para se esgotar. Os índices futuros em Nova York estão na linha d’água, ao passo que as bolsas de Paris e Frankfurt ensaiam ganhos.

Na Ásia, porém, a onda vendedora (selloff) atingiu o bônus japonês de 10 anos, cujo yield saltou ao maior nível em três meses, após os BCs do Ocidente sugerirem que as economias da região tem se fortalecido de modo suficiente para reduzir os estímulos monetários. A Bolsa de Tóquio fechou em queda de quase 1%.

Entre as commodities, o petróleo tenta tirar proveito da perda de força do dólar para se recuperar, mas o avanço está longe de melhorar o desempenho pífio desde o início do ano. Aliás, a preocupação com o excesso de oferta e a decepção com o crescimento da demanda resultaram em uma primeira metade péssima para as matérias-primas em 2017.

Na agenda econômica do dia, os investidores estarão atentos aos números da inflação nos EUA, com a divulgação do indicador de preços preferido pelo Federal Reserve, o PCE (9h30). A previsão é de desaceleração para uma alta de 0,1% em maio, com a taxa anual perdendo força e subindo 1,4%. Ainda no calendário norte-americano, saem os números do mês passado sobre a renda pessoal e os gastos com consumo nos EUA, que também devem ter perdido tração.

Logo cedo, a China informou que o índice de atividade (PMI) na indústria subiu a 51,7 em junho, contrariando a previsão de queda a 51 e ficando acima da leitura de maio (51,2). No setor de serviços, a atividade chinesa avançou a 54,9 neste mês, de 54,5 no mês passado. Os números mostram que a segunda maior economia do mundo encerrou a primeira metade do ano em um ritmo robusto, o que dá espaço para o BC local (PBoC) continuar a desativar os riscos financeiros.

No Brasil, o destaque fica com os números do mercado de trabalho (9h). A taxa de desocupação da população brasileira (Pnad) deve ter subido a 13,7% até maio, voltando aos níveis de março, após ter interrompido, em abril, cinco altas consecutivas. Com isso, o total de desempregados no país deve superar os 14 milhões de trabalhadores.

Antes, sai a sondagem da FGV do setor de serviços neste mês (8h) e, depois, é a vez dos dados consolidados das contas do setor público no mês passado (10h30). Os números do Banco Central devem confirmar o rombo anunciado ontem pelo Tesouro Nacional, com um déficit de quase R$ 30 bilhões apenas em maio – o pior para o mês em 20 anos.

O fato é que o lado fiscal continua sendo o calcanhar de Aquiles do Brasil e a equipe econômica mandou um recado claro à classe política ontem, após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de fixar metas menores de inflação para os anos de 2019 e 2020. A mensagem é de que não cabe somente ao BC ter o trabalho de ajustar a economia.

Ou seja, não é apenas a política monetária (leia-se queda da taxa de juros) que será capaz de resgatar a trajetória econômica doméstica, ocasionando uma melhora da atividade e um controle dos preços. Há uma necessidade urgente de reformas estruturantes no âmbito fiscal, a fim de equalizar as contas do governo, sem produzir impacto inflacionário.

O mesmo recado foi dado pelos principais bancos centrais globais, o que ocasionou uma onda de aversão ao risco pelo mundo. As autoridades monetárias dos Estados Unidos, zona do euro, Inglaterra e Canadá precisaram transmitir uma mensagem mais clara aos investidores, dizendo que a era de estímulo econômico a custo zero acabou.

Tanto no Brasil quanto no restante do globo, os BCs estão alertando os mercados para a importância de juros mais civilizados – mais baixos por aqui e mais altos lá fora. Isso porque há uma necessidade de estimular a produção e o consumo, que são, em última instância, a economia real, geradora de renda e de emprego.

Por ora, o que se tem observado mundo afora é uma concorrência desleal entre as opções de investimento financeiro e as escolhas por investimentos produtivos. Enquanto o retorno nos ativos de maior risco continuar sendo mais atrativo do que os aportes em fábricas e nos serviços, o crescimento econômico continuará pífio, sem a capacidade de gerar inflação.

À medida que essa percepção se torna latente no exterior, os investidores refazem as contas e reduzem a exposição nos ativos mais arriscados. E essa mudança de cenário tende a ser desastrosa para o Brasil, que vivencia um período turbulento no cenário político. Essa questão, aliás, deve dominar o rumo dos mercados domésticos até a próxima eleição, em 2018.

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