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Economistas veem Copom indicando Selic abaixo de 8% no fim do ano e revisam projeções

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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem, de cortar os juros em 1 ponto percentual, de 10,25% para 9,25%, não surpreendeu o mercado, que já trabalhava com esse número, apesar de contrariar as indicações dadas na reunião anterior, de 31 de maio, de um corte menor agora. Mas o corte, e mais a indicação de que o percentual pode ser mantido na próxima reunião de setembro indicam que o Banco Central (BC) estaria aceitando uma redução maior dos juros até o fim do ano, não mais parando em 8% como o mercado projeta no Relatório Focus do BC, observa José Pena, economista-chefe da Porto Seguro Investimentos. “Se ele cotar os juros em 1 ponto na próxima reunião, a taxa estará já em 8,25% ao ano, e mesmo reduzindo o ritmo na reunião seguinte, para 0,75 ou 0,50 ponto, a taxa já cairia abaixo dos 8% esperados pela maioria do mercado”, afirma Pena.

Outros economistas fizeram a mesma leitura e cortaram suas projeções de juros no fim do ano. “Dada a revisão do cenário para a inflação por parte do BC, bem como sua comunicação, revisamos, também, nosso cenário”, diz a Rosenberg Associados. “Esperamos, agora, manutenção do ritmo de corte de 1 ponto na próxima reunião e que a Selic encerre o ano em 7,5%, mantendo-se nesse patamar ao longo de 2018.”

“Nosso cenário base por ora antevê que, no ciclo em curso de flexibilização, a Selic será reduzida a 8,5%”, afirma a LCA Consultores em relatório aos clientes. Mas a consultoria afirma que as principais alterações promovidas no comunicado de política monetária sugerem que o Banco Central está inclinado a promover uma redução mais rápida e maior da Selic do que a esperada pela LCA. “Nossa curva projetada para a taxa básica de juros será, portanto, reavaliada à luz do desfecho da reunião do Copom desta 4ª-feira”.

Também a gestora de recursos Quantitas reduziu sua estimativa para a Selic. “Há cerca de uma semana, enviamos um relatório para vocês revisando nosso cenário de taxa de juros Selic meta, de 8,00% para 7,50%” ao ano, diz a gestora em comunicado aos investidores. “Felizmente, não temos amor à posição e quando as informações mudam, nós também temos que mudar. Por isso, estamos revisando nosso cenário de Selic de 7,50% a.a. para 7% ao ano”, diz a gestora, citando as indicações do Copom.

Impacto nos juros e na bolsa

Esses sinais devem ter impacto nas taxas futuras de juros, com as projeções mais curtas caindo mais, para 2018 e 2019, por exemplo. Já as mais longas devem cair menos ou ficar estáveis. “O raciocínio é que se o BC corta mais a taxa de juros agora, abaixo da taxa de equilíbrio, as pressões de inflação devem levar a um aumento das taxas maior no futuro”, afirma Pena. Ele esperava que o BC parasse os juros em 8%, um nível ainda elevado para a atividade econômica, mas ficasse nesse nível por mais tempo, até o fim de 2018 pelo menos. Com o corte maior agora, para perto de 7%, é mais provável que o BC tenha de subir os juros no ano que vem.

Também a bolsa deve reagir bem às indicações de corte maior nos juros, avalia Pena. Já o dólar hoje depende muito mais do cenário externo. “Olhando só o cenário local, o dólar deveria subir com juro menor”, explica.

Pena destaca a reversão de cenário ocorrida desde a reunião de maio e a de ontem. A crise política havia derrubado os mercados a partir de 18 de maio e a expectativa era de queda do governo de Michel Temer. Mas os mercados se recuperaram surpreendentemente . “Quem entrasse em coma antes de 15 de maio e acordasse agora, acharia que não aconteceu nada”, diz.

Se ficar como está corta 1 ponto

Pena considera a parte mais importante do comunicado do Copom de ontem o final, na qual o BC diz que a situação teria de piorar para o juro não cair 1 ponto. “O que o Copom está dizendo é que se condições ficarem similares às de hoje, ele dá outro 1 ponto de corte, essa é a grande surpresa, a sinalização de que mais 1 ponto é possível e até provável”, afirma.

Ele trabalha ainda com uma Selic de 8% no fim deste ano e do próximo, mas admite rever a projeção. “Antes, vou esperar a ata do Copom na semana que vem, que deve dar mais detalhes”, diz.

Outra opção a esse cenário seria o governo simplesmente interromper bruscamente a queda dos juros, o que não é normal na atuação do BC. “Teria de desacelerar gradualmente”, afirma Pena. “Se o BC acha que pode manter a mesma velocidade na próxima reunião, ele indica que vai parar mais à frente do que se imaginava e sinaliza que o ciclo pode ser maior que os 8% estimados pelo mercado.

Fiscal ficou de lado no comunicado

Pena observa também para um fato importante que o BC não comentou no comunicado, que é a parte fiscal. Para ele, é estranho o Copom não tratar dela após um aumento gigantesco do PIS e da Cofins sobre os combustíveis, que terá impacto na inflação. “E a equipe econômica continua estuando medidas adicionais para cumprir a meta e já dá sinais de que talvez seja preciso muda a previsão de déficit para cima”, lembra.

O economista lembra que o déficit fiscal impacta a inflação tanto pelo lado direto dos preços, como das passagens de ônibus nas capitais, quanto indiretamente pela expectativa dos investidores, que pode elevar a saída de capitais e puxar o dólar para cima. Pena estima que um juro de 8% ao ano garantiria uma inflação sob controle até 2019. “Se cair abaixo disso aumenta o risco de ter de subir o juro já no ano que vem, para garantir as metas de 2019 e 2020, que também serão mais baixas”, afirma.

Uma explicação seria que a decisão de ontem é que o BC estaria mais preocupado com a atividade e estaria disposto a subir os juros mais adiante. “Parece que como a atividade está fraca, a leitura foi que é melhor cortar mais agora e, se precisar, subir mais à frente”, diz. Um pouco diferente da postura do BC no início do ciclo de corte, de 0,25 pontos por reunião. Pena observa, porém, que há justificativas também para o juro cair para 7,5%. “Mas ficar em 8% garantiria mais ancoragem para consolidar a inflação em um nível mais baixo”. “Não é certo ou errado, são caminhos diferentes”, resume.

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