Em junho de 2017, quinze das vinte e quatro atividades industriais avaliadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para elaboração do Índice de Preços ao Produtor (IPP) apresentaram variações positivas de preços em relação ao mês imediatamente anterior.
As quatro maiores variações observadas em junho/2017 se deram entre os produtos compreendidos nas seguintes atividades industriais: indústrias extrativas (-6,22%), papel e celulose (3,39%), refino de petróleo e produtos de álcool (-2,14%) e fumo (2,00%).
Em termos de influência, na comparação entre junho/2017 e maio/2017 (-0,21%), sobressaíram refino de petróleo e produtos de álcool (-0,22 ponto percentual), indústrias extrativas (-0,21 ponto percentual), papel e celulose (0,12 ponto percentual) e alimentos (-0,09 ponto percentual).
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No acumulado no ano (-0,30%), as atividades que, em junho/2017, tiveram as maiores variações percentuais na perspectiva deste indicador sobressaíram: indústrias extrativas (-14,94%), metalurgia (7,24%), minerais não-metálicos (-6,76%) e papel e celulose (6,17%). Neste indicador, os setores de maior influência foram: alimentos (-1,01 ponto percentual), indústrias extrativas (-0,54 ponto percentual), metalurgia (0,53 ponto percentual) e veículos automotores (0,31 ponto percentual).
Ao comparar junho de 2017 com junho de 2016, a variação de preços ocorrida foi de 1,52%, contra 2,24% em maio/2017. As quatro maiores variações de preços ocorreram em metalurgia (13,30%), minerais não-metálicos (-8,03%), veículos automotores (5,47%) e produtos de metal (4,31%). Neste indicador, os setores de maior influência foram: metalurgia (0,94 ponto percentual), veículos automotores (0,58 ponto percentual), alimentos (-0,45 ponto percentual) e outros produtos químicos (-0,18 ponto percentual).
A seguir são analisados com mais detalhes 10 setores que no mês de junho 2017 encontravam-se entre os 4 principais destaques em pelo menos um dos seguintes critérios: maiores variações de preços, maiores influências, ambos nas três comparações: variação mensal (M/M-1), acumulado no ano e acumulado nos últimos doze meses (M/M-12), e as principais ponderações.
Indústrias extrativas: no mês de junho deste ano, os preços do setor apresentaram variação de -6,22%, em relação a maio. Esta foi a maior variação registrada para o indicador no mês, com influência significativa (-0,21 p.p) sobre o indicador da indústria geral (-0,21%). O acumulado do ano ficou em -14,94%, sendo a principal queda registrada entre as atividades pesquisadas, no período. A variação acumulada no ano pelas indústrias extrativas se destacou como a segunda influência sobre o indicador geral da indústria (-0,54 p.p. em -0,30%). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, M/M-12, observou-se variação de 1,17%. Entre os produtos com impacto na influência sobre os indicadores do mês, destacou-se o produto “minérios de ferro”.
Alimentos: em junho de 2017, a variação média de preços do setor foi de -0,42%, quinto resultado negativo no ano, o que contribuiu para o resultado no acumulado do ano em -4,71%. Na comparação anual, a variação de -2,12% entre junho de 2017 e junho de 2016 é a menor desde o início da pesquisa. Além de estar entre os setores de maior contribuição no cálculo do índice, o destaque dado neste mês se deveu justamente aos acumulados no ano e em 12 meses, cujas influências no resultado final da pesquisa foram a maior no ano (-1,01 p.p. em -0,30%) e o maior resultado negativo no índice que mede a evolução nos últimos 12 meses, igual -0,45 p.p. em 1,52%. Entre os produtos destacados, apenas um aparece tanto em termos de variação quanto de influência (“leite esterilizado/UHT/longa vida”). No caso da influência temos ainda o “açúcar cristal” e as “carnes e miudezas de aves congeladas” com resultados negativos e o “óleo de soja em bruto, mesmo degomado” com influência positiva. Estes quatro produtos, que representam as variações mais influentes, as mesmas tiveram um impacto de -0,47 p.p. na variação de -0,42%, portanto, coube aos demais 39 produtos a influência positiva observada de 0,05 p.p.. Os preços declinantes do açúcar estão em linha com o início da safra, mas refletem também a tendência observada no mercado externo. Em relação aos resultados acumulados nos últimos 12 meses é imprescindível citar o movimento dos produtos derivados da soja, em especial os “resíduos da extração de soja”, os quais representam juntos quase 25% do peso da atividade e que são atrelados ao mercado externo e a cotação do dólar (desvalorização frente ao real em 3,8% nos últimos 12 meses); sendo este grupo o maior responsável pela variação dos preços da atividade nos 12 meses de -2,12%.
Fumo: em junho de 2017, os preços da indústria do fumo apresentaram a quarta variação positiva consecutiva na comparação com o mês imediatamente anterior: 2,00% (quarta maior variação absoluta registrada nas indústrias extrativas e de transformação). Ambos os produtos investigados no setor contribuíram positivamente para este resultado, com destaque para os maiores preços do “fumo processado”, cotado em moeda internacional, cujo sinal das variações acompanha o sinal da variação cambial (R$/US$), que em junho foi de 2,7%, e tem pautado o sinal da variação do indicador (M/M-1) setorial ao longo do tempo. As variações negativas observadas nos meses de janeiro e fevereiro fizeram com que a taxa acumulada no ano obtivesse somente agora uma variação positiva, sendo a mesma em 0,06%. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior (M/M-12), os preços da atividade variaram -0,97%. Estes resultados dos indicadores de mais longo prazo corroboram a percepção de aderência entre a dinâmica de preços do setor e a trajetória da taxa de câmbio.
Papel e celulose: A fabricação de papel e celulose apresentou variação de preços de 3,39% no indicador M/M-1 de junho, o valor mais alto registrado para o setor desde setembro de 2015 (quando chegou a 5,24%), acumulando 6,17% de variação desde o início de 2017. Em relação a junho de 2016, o setor apresentou uma variação de 4,13%. Entre todos os setores da indústria de transformação, papel e celulose teve o maior aumento percentual de junho, e o segundo maior aumento acumulado do ano. Os produtos de maior influência no resultado M/M-1 foram “cadernos”, “papel kraft para embalagem não revestido”, “celulose” e “caixas de papelão ondulado ou corrugado” todos com variações positivas e com influência combinada de 3,55 pontos percentuais.
Refino de petróleo e produtos de álcool: em junho os preços do setor apresentaram variação de -2,14%, na comparação com o mês imediatamente anterior – quarta variação negativa registrada nos seis primeiros meses do ano. Com a terceira maior contribuição (peso) para o cômputo do índice da indústria geral, a variação de preços do setor, que foi a terceira maior taxa absoluta registrada nas indústrias extrativas e de transformação, exerceu a principal influência para o resultado geral no indicador M/M-1 (- 0,22 ponto percentual). Destacam-se como principais influências para o resultado setorial no mês os menores preços de “Álcool etílico (anidro ou hidratado)”, “Gasolina automotiva”, “Naftas” e “Óleo diesel e outros óleos combustíveis”. Esse movimento de redução nos preços do setor se deve em grande medida à nova política interna de preços na classe dos produtos refinados do petróleo, responsável pelos menores preços destes e cuja competição com o álcool no mercado de combustíveis, por sua vez, corroborou o impacto de uma maior disponibilidade de insumos sobre os preços deste produto (“efeito safra”). No ano, o setor acumulou variação de -1,81% nos preços, revertendo o sinal da taxa verificada em maio. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior os preços da atividade apresentaram variação de 0,86%.
Outros produtos químicos: a indústria química registrou no mês de junho uma variação positiva de preços de 0,82% em relação ao mês de maio, sendo a oitava variação positiva nos últimos dez meses, o que gerou uma variação acumulada de preços no ano de 3,00%, mas que não foi suficiente para reverter a queda de preços de -1,86% acumulada nos últimos 12 meses. A redução de preços da atividade, em uma análise de longo prazo, é também verificada quando comparamos a variação entre dezembro de 2013 (mês base da pesquisa) e outubro de 2015, variação de preços média de 17,48% (pico da série quando fazemos a análise pelos números-índice), enquanto entre outubro de 2015 e junho de 2017 houve uma queda de preços de 12,62%. Um ponto a ser destacado é que as principais variações de preços ocorreram em produtos que não fazem parte dos que apresentam o maior peso de cálculo (ver na coluna dos produtos listados como principais “contribuições”), e que entre os de maior influência no mês encontram-se os “adubos e fertilizantes à base de NPK” e o “etileno (eteno) não saturado”, com resultados positivos, sendo estes os dois produtos com os maiores pesos na atividade. Também aparece com influência positiva nos preços o “propeno (propileno) não saturado” e como único destaque na influência do mês contra mês anterior com variação negativa de preços aparece o “polipropileno (PP)”. O cenário da indústria química, especialmente dos produtos petroquímicos básicos e intermediários para plastificantes, resinas e fibras, é ligado aos valores internacionais, aos custos associados à energia elétrica e à importação de produtos, especialmente os ligados aos produtos intermediários para fertilizantes. A cotação do dólar (depreciação da moeda americana frente ao real de 3,8% nos últimos 12 meses) e os preços da nafta, produto que neste mês foi destaque tanto em variação quanto em influência devido a sua redução de preços. Interessante ressaltar que os quatro produtos de maior influência no mês contra mês imediatamente anterior representaram um resultado positivo em 0,76 ponto percentual no resultado do mês, ou seja, os demais 28 produtos contribuíram com o restante para chegar ao 0,82% de variação no mês.
Minerais não-metálicos: esta atividade obteve, pela quinta vez no ano, uma variação negativa de preços (-1,15%), o que acentuou a queda de preços na atividade, de tal forma que os indicadores acumulados no ano (- 6,76%) e em 12 meses (-8,03%), foram respectivamente a segunda e a maior queda entre todas as atividades analisadas na pesquisa. Entre os quatro produtos de maior variação no mês, dois aparecem com sinal negativo (“cimento portland, exceto brancos” e “vidro flotado e vidro desbastado ou polido”) e dois com sinal positivo (“granito, inclusive em chapas” e “caulim beneficiado, não associado à extração”). O produto “cimento Portland, exceto brancos”, que possui peso acima de 50%, é destaque em todos os indicadores de influência da análise (mês contra mês anterior, acumulado no ano e acumulado em 12 meses), sendo que em todos os casos apresentou resultados negativos. Os quatro produtos de maior influência no mês contra mês imediatamente anterior (“cimento Portland, exceto brancos”, “revestimentos cerâmicos”, “vidro flotado e vidro desbastado ou polido” e “caulim beneficiado, não associado à extração”) representaram influência de -1.21 p.p. no resultado de -1,15% no mês, ou seja, os demais cinco produtos contribuíram positivamente com 0,06 ponto percentual.
Metalurgia: ao comparar os preços de junho de 2017 contra maio de 2017, houve uma variação negativa igual a -0,70%, primeiro resultado negativo no ano. Desta forma, o setor acumulou no ano 7,24% e nos últimos 12 meses uma variação de 13,30%, em ambos os casos, as maiores variações positivas de preços no índice entre todas as 24 atividades analisadas. Em junho de 2016, a situação era oposta, o setor metalúrgico apresentava no acumulado em 12 meses a menor variação positiva entre todas as atividades, com 0,02%. Em relação aos produtos que mais influenciaram os resultados no mês contra mês anterior, aparecem três dos quatro produtos de maior peso na atividade, sendo que o produto “lingotes, blocos, tarugos ou placas de aço ao carbono” teve influência positiva e “bobinas a frio de aços ao carbono, não revestidos”, “bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidas” tiveram influência negativa. Entre os 22 produtos selecionados para a pesquisa, os quatro produtos com destaque na análise de influências do tipo M/M-1 representaram -0,62 ponto percentual da variação no mês, ou seja, os demais 18 produtos influenciaram em -0,08 ponto percentual. Considerando as principais influências na análise de acumulado no ano e M/M-12, os quatro produtos em destaque são comuns e também representam os produtos com maior peso na atividade: “alumínio não ligado em formas brutas”, “bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidas”, “lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono” e “bobinas a frio de aços ao carbono, não revestidos”, todos eles com resultados positivos. O comportamento do setor é influenciado pela combinação dos resultados dos grupos siderúrgicos (ligado aos produtos de aço) e do grupo de materiais não ferrosos (cobre e alumínio), os quais por sua vez apresentam comportamentos bastante diferentes. O primeiro grupo, ligado ao setor siderúrgico, apesar de afetado pelo excedente de capacidade de aço no mundo, retração do mercado e da flutuação dos preços do minério de ferro, tem conseguido uma recuperação de preços, já o segundo costuma apresentar seus resultados ligados às cotações das bolsas internacionais e à apreciação do real.
Produtos de metal: em junho, os preços da atividade apresentaram variação positiva de 0,77%, em relação ao mês anterior. A variação acumulada pelos preços do setor no ano foi de 4,17%. Na comparação com junho do ano anterior, (M/M-12), os preços dos produtos de metais se destacaram entre as principais variações observadas para o indicador no período (4,31%). Os produtos do setor com destaque na influência positiva sobre os indicadores do mês foram: “latas de alumínio para embalagem”, “latas de ferro e aço com capacidade inferior a 50 litros” e “rolhas, tampas ou cápsulas metálicas”.
Veículos automotores: em junho, a variação observada no setor foi de 0,12%, quando comparada com o mês imediatamente anterior. Esta foi a décima primeira variação positiva seguida da atividade, que vem exibindo resultados positivos no indicador M/M-1 desde agosto de 2016. Com isso, a variação acumulada no ano alcançou 2,90%. A título de comparação, em junho de 2016, o acumulado era de 1,36%. Nos últimos 12 meses, o setor acumulou uma variação de 5,47%, maior resultado para este indicador desde fevereiro de 2016. Além de ser um dos setores de maior peso no cálculo do indicador geral (atrás apenas do setor de alimentos), a atividade de veículos automotores também se destacou, dentre todos os setores pesquisados, em outros três indicadores: apresentou a terceira maior variação acumulada nos últimos 12 meses, M/M-12; a quarta maior influência na variação acumulada no ano (0,31 p.p. em -0,30%); e a segunda maior influência na variação acumulada nos últimos 12 meses, M/M-12 (0,58 p.p. em 1,52%). Entre os quatro produtos de maior influência no M/M-1, três deles tiveram impacto positivo no índice (“caminhão-trator para reboques e semirreboques”, “carrocerias para ônibus” e “peças para motor de veículos automotores”). Apenas um produto dentre os de maior influência impactou negativamente o indicador: “automóveis para passageiros, a gasolina, álcool ou bicombustível, de qualquer potência” (justamente o de maior peso na atividade, freando uma maior variação média de preços no setor). A influência desses quatro produtos que mais impactaram a variação mensal foi de 0,15 ponto percentual em 0,12%, ou seja, os demais 21 produtos da atividade contribuíram com -0,03 ponto percentual Em relação ao indicador M/M-12, os quatro produtos de maior influência neste índice o impactaram positivamente, sendo que apenas dois são comuns entre os indicadores: “automóveis para passageiros, a gasolina, álcool ou bicombustível, de qualquer potência” e “carrocerias para ônibus”. Os outros produtos foram: “caminhão diesel com capacidade superior a 5t” e “chassis com motor para ônibus ou para caminhões”.