“Após dois anos de recessão, dados recentes confirmam o cenário de estabilização da economia. Há perspectivas de retomada gradual da atividade econômica. Evidências sobre a recuperação e o seu ritmo poderão ficar mais claras ao longo dos próximos meses, mas já há sinais recentes”, disse Goldfajn.
De acordo com o presidente do BC, o impacto das turbulências políticas sobre a economia não afetou significativamente os índices de confiança. “Nos últimos tempos, o aumento de incerteza percebida pelos agentes econômicos impactou negativamente os índices de confiança. Entretanto, a informação disponível sugere que o impacto da queda de confiança na atividade tem sido, até o momento, limitado, permanecendo compatível com o cenário básico do Banco Central, que é a estabilização e a recuperação gradual da economia brasileira”, disse.
Juros
Em relação aos juros, o presidente do BC confirmou que as taxas básicas continuarão a cair. Ele, no entanto, disse que o ritmo das quedas dependerá de diversos fatores, como a evolução da atividade econômica, o balanço de riscos, possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo (de redução dos juros) e expectativas de inflação.
“A manutenção desse ritmo de queda da taxa de juros [de 1 ponto percentual], na próxima reunião do Copom [Comitê de Política Monetária], dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico e de estimativas da extensão do ciclo”, destacou.
De acordo com Goldfajn, a convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5%, é compatível com a atual política de redução da taxa Selic (juros básicos da economia). Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, acumulava 3% em 12 meses, no nível mais baixo da história.
“A convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária”, declarou o presidente do BC. A autoridade monetária considera “horizonte relevante” o intervalo de cerca de dois anos.
Para 2017 e 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixa em 4,5% o centro da meta de inflação, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Isso permite que o IPCA encerre os anos entre 3% e 6% sem que o Banco Central descumpra o objetivo.