Atualmente, basta abrir os jornais, ligar a televisão ou abrir suas redes sociais para ler sobre criptomoedas, ou “moedas da internet”.
A moeda virtual que vem crescendo no gosto dos investidores, ainda é motivo de curiosidade. Para explicar um pouco mais sobre o assunto, convidamos os especialistas em criptomoedas Paulo Aragão (Criptomoedas Fácil) e Adriano Cruz (Guia do Bitcoin).
O que são criptomoedas?
Adriano: Criptomoedas são a evolução natural do sistema financeiro mundial. São moedas digitais que utilizam criptografia avançada para validação de transações. Não possuem um órgão regulador ou um banco central que as emita. Livres de fronteiras, horários e governos podem ser transacionadas livremente através da internet. E com o passar do tempo vem se firmando como uma realidade para transações monetárias nacionais e internacionais.
Paulo: A primeira criptomoeda criada foi o Bitcoin, que foi “lançado“ no início de 2009 pelo Satoshi Nakamoto. O objetivo do Bitcoin era replicar as características principais do “dinheiro vivo“ em um Sistema global e integrado. Por características, eu me refiro à :
· Privacidade da transação;
· Imutabilidade da transação;
· Não haver necessidade de intermediários;
· Ativo ao portador
O que é necessário para começar a investir em criptomoedas?
Adriano: Para iniciar seu portfolio em criptomoedas a primeira coisa é abrir uma conta em uma corretora especializada neste tipo de ativos e fazer um depósito em reais para fazer sua primeira compra. Não é necessário um investimento inicial muito alto, a partir de R$ 50,00 ja é possível comprar uma fração de bitcoin.
Como são feitas as transações com a moeda?
Adriano: As transações são muito simples e são feitas através de carteiras eletrônicas que podem ser instaladas em smartphones como aplicativos. O agente pagador deve utilizar o aplicativo e fazer a leitura da conta do agente receptor com a câmera do celular no próprio aplicativo, digitar a quantia que pretende transferir e confirmar a transação. Pronto, em alguns minutos a quantia ja estará disponível na conta do receptor.
Paulo: As transações são realizadas de pessoa a pessoa(P2P) e sem a necessidade de um intermediário. A pessoa pode ter uma carteira Bitcoin no celular, por exemplo, e usá-la para enviar para um endereço Bitcoin de uma outra pessoa. Geralmente esse endereço é um QR Code que pode ser facilmente lido pela câmera.
Existe alguma relação direta com bolsa de valores?
Adriano: Não existe uma relação direta entre a bolsa de valores e o mercado de criptomoedas, são coisas distintas e com diferenças claras, entre elas podemos citar que o mercado de criptomoedas é mundial e não vinculado à apenas um pais; funcionam 24 horas por dia; e não possuem nenhuma regulação governamental.
Como eu compro e vendo utilizando criptomoedas?
Adriano: O sistema de pagamento e recebimento é muito similar ao de cartão de crédito, porém ao invés de utilizarmos o plástico (cartão) utilizamos os smarphones. Qualquer pessoa pode abrir uma conta, sem burocracia e em poucos minutos começar a utilizar.
Paulo: Muitas lojas e estabelecimentos no Brasil já aceitam criptomoedas como forma de pagamento. Existem alguns sites como o https://mapabitco.in que indicam onde estão esses estabelecimentos. E tem de tudo: De Pet Shop até Escritórios de Advocacia.
Além disso, muitos e-commerces já aceitam criptos como pagamento. A própria Dell já está aceitando bitcoin.
Nesse ano, o Bitcoin atingiu o valor de US$ 4.462,33. A que se deve essa alta tão significativa?
Adriano: Aos poucos as pessoas estão percebendo que as criptomoedas vieram para ficar, são a evolução natural do sistema financeiro e suas quantidades são limitadas. Por consequência a procura vem aumentando significativamente e a escassez vêm fazendo seu preço subir. A expectativa é que este valor dobre nos próximos 12 meses.
Tanto o Bitcoin, como os outros tipos de criptomoedas, não dependem de intervenção governamental ou banco para intermediar as transações. Como isso tem impacto nos negócios?
Adriano: O impacto disso é extremamente significativo, pois elimina uma série de atravessadores e validadores em questão. No sistema tradicional dependemos de terceiros para autenticar as transações como os bancos, por exemplo. Quando um usuário faz uma transferencia de uma conta para outra o agente validador (banco) autentica e garante que a transferencia foi executada. No caso das criptomoedas essa etapa é desnecessária pois o próprio sistema valida a transação e o agente receptor pode verificar just-in-time o status da transferencia.
Outro ponto que vale ressaltar são as transferencias internacionais, que são feitas sem nenhuma burocracia e sem que seja necessário uma série de documentos e validações para que ocorram.
Paulo: O fato das criptomoedas não sofrerem intervenção do governo só ajuda o mercado cripto. Um governo não pode decidir emitir bitcoins e acabar causando uma super inflação, por exemplo, que nem já nos acostumamos a acontecer aqui no Brasil. O fato de ser uma moeda descentralizada e livre de governos, é uma vantagem e tanto.
Foi divulgado recentemente que a produção do Bitcoin é finita e a tecnologia se limitará apenas a 21 milhões de criptomoedas. O que acontecerá quando o fornecimento de Bitcoins atingir o seu limite?
Adriano: Sim, o limite técnico imposto pelos criadores da Bitcoin é de 21.000.000 de unidades, e a emissão diária de bitcoins e fixa, controlada e previsível. Novas bitcoins são emitidas pelo próprio sistema e distribuídas como recompensa às pessoas que prestam serviços à rede (mineradores).
Portanto, diferente das moedas FIAT (emitidas por governos) a bitcoin é uma moeda deflacionária, com um fluxo constante e previsível de emissão diária. O que a torna mais atrativa aos investidores, pois não há como um banco central ou governo emitir uma grande quantidade de bitcoins do dia para noite desvalorizando a moeda.
Porém este limite de 21 milhões não é preocupante posto que uma bitcoin pode ser dividida em até 8 casas decimais (0,00000001). Logo o sistema bitcoin poderia suportar todo o dinheiro existente atualmente no mundo.
A cada 4 anos, acontece o “halving”, um processo que reduz pela metade a quantidade diária de bitcoins emitidas. E a previsão é que em levaremos ate o ano de 2100 para emitir todas as bitcoins do planeta.
Você pode nos explicar um pouco o que são os Blockchains?
Adriano: Sim, claro. Blockchain é uma metodologia de armazenamento de informações que funciona por baixo do protocolo da Bitcoin, é a essência do bitcoin, e de outras criptomoedas. É onde são armazenadas todas as transações efetuadas com bitcoins.
Em termos simples, as transações são agrupadas em um bloco de informações e depois passam por um processo de criptografia gerando um código alfa-numérico extenso (hash). Este código é muito difícil de ser quebrado pois a criptografia utilizada (SHA-256) é bastante forte e segura. Somente quem possui a chave pode descriptografar o bloco.
A cada novo bloco de transações é gerada uma nova chave criptográfica contendo as transações efetuadas e a chave do bloco anterior, formando assim uma cadeia sequencial e inquebrável. Pois se corrompêssemos apenas um bloco, toda a corrente seria quebrada. Para quebrarmos o sistema de segurança Blockchain, teríamos que quebrar e recalcular a segurança de todos os blocos de uma cadeia. O que hoje, com o poder computacional disponível é praticamente impossível.
Paulo: Blockchain é uma das grandes revoluções tecnológicas que o Bitcoin nos trouxe. A Blockchain é um livro-razão público que registra todas as transações que já ocorreram. Essas transações formam uma cadeia de blocos que são verificadas a cada transação pelos “mineradores“. Então, como a verificação é realizada por esses “mineradores” a cada transação e de forma criptografada, se torna praticamente impossível que haja alguma alteração da operação. Por isso a blockchain é considerada inviolável.
Quais são os países/mercados que mais utilizam as criptomoedas?
Adriano: O Japão foi o primeiro país a considerar a Bitcoin como uma moeda oficial, mas seu uso está bastante difundido no mundo inteiro. A China vem em segundo lugar como um dos maiores players e controladores do valor do mercado. O que chama a atenção neste tópico é que os países mais pobres, com as economias mais fracas são os que mais estão migrando para a Bitcoin como forma de preservar suas economias e poder de compra.
O investimento em criptomoedas já é uma realidade para o nosso país? Se sim, como está o mercado brasileiro de criptomoedas atualmente?
Adriano: Em franco crescimento. Nunca se falou tanto no assunto. O volume de entrada de novos usuários a cada dia é enorme e está causando espanto até nos mais céticos. O Brasil é um país que adora novidades, especialmente em tecnologia e tende a adotar, compreender e dominar novas tecnologias com facilidade. O publico mais jovem (20-50) são os heavy users de bitcoin no brasil e no mundo e aos poucos vemos uma migração do sistema bancário convencional para o mercado de criptomoedas.
Paulo: O investimento em criptomoedas já é uma realidade para qualquer país do mundo, mas é um investimento de risco elevado. A alta volatilidade de preços afasta os mais conservadores. Somente no mês de junho, por exemplo, o Brasil comercializou aproximadamente 235 milhões de reais. O acumulado no ano de 2017 já se aproxima de um bilhão.
Vale a pena investir em criptomoedas no Brasil?
Adriano: Sim, claro. A valorização histórica da Bitcoin foi, e continuará sendo, infinitamente superior à bancária. Para você ter uma idéia, nos últimos 30 dias a valorização foi de 48,9%, nos últimos 3 meses de 87,8% e nos últimos 2 anos foi de 1.689,5%. Precisa falar mais? Quanto tempo de aplicação bancária seria necessário para superar isso nas melhores opções disponíveleis?
Quais as vantagens e desvantagens dessa tecnologia para o mercado financeiro?
Adriano: O mercado financeiro sem dúvida é o que sofrerá o maior impacto com o advento das criptomoedas. Esta é uma análise profunda e merece ser feita com cautela, mas o mercado financeiro pode – e deve – tirar proveito destas novas tecnologias nos próximos anos.
Os bancos por exemplo, podem substituir o antigo e obsoleto sistema de compensação internacional SWIFT pela criptomoeda RIPPLE (XRP), uma criptomoeda que pode gerar uma economia na casa de bilhões de dólares por ano aos bancos e reduzir o tempo de compensação que hoje gira entre 2 e 4 dias para apenas uns poucos minutos.
A simplificação dos processos internos e a redução da burocracia pode trazer também tarifas mais baixas e acessíveis aos clientes. Porém, em contra-partida, podemos esperar nos próximos anos um grande êxodo de clientes do sistema bancário tradicional.
A desbancarização e a independência financeira das pessoas já são uma realidade e está apenas no começo. Aos poucos as pessoas vão percebendo que os bancos não são a melhor opção pois tomam seu dinheiro e as recompensam com juros irrisórios enquanto, do outro lado, emprestam o mesmo dinheiro a juros extorsivos para outros clientes.
Paulo: Eu – até por ser economista de formação – já operei bastante na bolsa usando um home broker, mas sempre tive problemas com o horário de operação, até porque esta não era minha única ocupação.
O mercado cripto é 24×7, então para quem quer fazer trade, é uma excelente oportunidade. Além de ser 24×7 a volatilidade permite maiores ganhos, assim como possibilita maiores perdas.
Mas com boa administração de riscos, é um mercado bem interessante para trade também.
Dê algumas dicas para quem está iniciando.
Adriano: Vou compartilhar com vocês 10 dicas fundamentais para qualquer Trader Iniciante de criptomoedas.
1) Venda no Hype (empolgação), compre no FUD (desespero).
2) Nunca arrisque aquilo que não pode perder.
3) É melhor deixar de ganhar do que perder. Não seja ganancioso.
4) Utilize sempre o Stop Loss.
5) Diversifique seu portifolio, mas não muito.
6) Vigie as cestas, bem de perto. Acompanhe o dia-a-dia.
7) Ignore a Trollbox.
8) Acompanhe os gráficos e notícias.
9) Nunca faça day trade.
10) Não opere alavancado.
Paulo: A primeira e mais valiosa dica que alguém pode dar é: Estude antes de entrar no mundo cripto. O mundo das criptomoedas é fascinante especialmente para quem já é do mercado financeiro, pois apresenta percentuais imensos de ganhos. Mas só reforço que quanto maior a chance de ganhos, maior as chances de perda.
Portanto, a maior dica que eu posso dar é que as pessoas estudem as criptomoedas e prestem atenção nas ofertas recebidas, pois existem muitos golpes de pirâmide surgindo e que usam o nome das criptos.
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Algumas instituições como a FIAP (SP) e a PUC-Rio, oferecem cursos para aqueles que tem interesse em aprender como funciona na prática os investimentos em Criptomoedas.
Os sites Guia do Bitcoin e Criptomoedas Fácil possuem um guia para aqueles que estão iniciando no mercado. Para acessar, é só clicar no link:
FAC Criptomoedas Fácil
Mega Guia para iniciantes
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