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Investidor ainda não percebeu o fim do juro de 1% ao mês

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A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou as expectativas de que o juro básico Selic vai cair mais que o esperado inicialmente, superando o piso de 8% antes projetado pelos analistas do mercado para um percentual mais perto de 7% no fim deste ano. Não há consenso, porém, se a taxa vai continuar nesse nível, já que 2018 será um ano tumultuado pela eleição presidencial e pela renovação de parte do Congresso, além de uma retomada da economia que pode pressionar a inflação. Mas uma coisa parece definida: os juros de um dígito ao ano vieram para ficar.

Essa nova realidade ainda não está sendo percebida por boa parte dos investidores, que ainda sonha com juros de 1% ao mês, afirma Marianna de Oliveira Costa, economista da Santa Cruz Investimentos. “O brasileiro tem uma memória de ganhos acima de 1% ao mês que é difícil de apagar, e não percebeu que a taxa básica já está em 0,75% ao mês bruto, sem descontar o imposto, e com mais um corte vai para 0,70% ao mês”, afirma Marianna. “A taxa já caiu, mas não caiu a ficha ainda para muitos investidores”, diz.

O pior é que muitos só vão se dar conta da queda de rentabilidade daqui um ano, quando receberem seus extratos de aplicações. “Aí os juros já estarão voltando a subir, para 8%, 9%”, diz, deixando claro, porém, que as taxas não devem voltar a 1% ao mês. “As pessoas não acreditam que os juros vão ficar assim, acham que vão voltar a subir como ocorreu em outras ocasiões, e adiam suas decisões de investimentos”, explica.

Mudanças na hora de investir

A queda dos juros para perto de 7% por um ano pelo menos deve mexer com as aplicações, afirma Marianna. “As pessoas voltarão a fazer contas na hora de aplicar, as taxas de administração dos fundos terão de cair e coisas como tributação e prazo serão mais importantes”, diz.

Um dos receios da equipe da Santa Cruz é com a atual visão uniforme dos gestores de recursos, complacente com a situação de instabilidade política e fiscal do país. “Todos estão superaplicados em juros como se a crise do país estivesse resolvida”, diz Marcos Yokota, sócio da Santa Cruz. O risco é surgir um fato novo, que ameace essa calmaria.

Por isso, a assessoria está recomendando aos clientes o máximo de liquidez possível, com fundos de renda fixa de prazo mais curto e baixa taxa de administração. “Temos visto muita carteira de clientes concentrada em LCI, LCA, CDB com juros diários e prazos de seis meses a um ano, sem liquidez, o que nos preocupa”, afirma Yokota. “Vemos um cenário complexo e não achamos bom alongar prazos”, diz.

Ganhos em papéis longos

Ao mesmo tempo, ele vê oportunidades de ganhos para parte da carteira na queda dos juros reais, que ainda estão altos nos papéis do Tesouro. “Há papéis prefixados e corrigidos pela inflação que pagam juros bem interessantes”, diz. Ele cita as NTN-B que pagam IPCA mais juros de 5% ao ano, taxa que deve cair para 4% a 3,5% nos próximos anos. “Se o juro real cair 1 ponto, o ganho em um papel de 20, 25 anos será enorme, mas se houver algo errado, também pode haver perda, por isso o investidor precisa estar preparado para oscilações e só colocar dinheiro que poderá ficar até o vencimento”, diz.

Outra opção são os fundos multimercados macro, que se saíram muito bem no mês passado e podem defender o investidor de uma mudança de cenário nos juros.

Bolsa, mais notas estruturadas

Para a bolsa, o cenário também é positivo com a queda dos juros, mas Yokota prefere notas estruturadas, que dão proteção em caso de queda dos mercados. “E as projeções para o Ibovespa estão em 70 mil, 75 mil pontos no fim deste ano, o que não é um ganho tão grande para se arriscar diretamente na bolsa”, explica. As estimativas para a economia também não são boas, e o país pode ter seu terceiro ano de dificuldades, com crescimento zero, o que também impede um ganho maior em ações.

Já no ano que vem, a economia pode voltar a crescer, 2% ou mais, estima Marianna, o que deve pressionar a inflação novamente para perto da meta, de 4,25% em 2018 e 4% em 2019. “O espaço para o Banco Central será mais curto e a taxa de juros poderá ter de subir mais para compensar a queda maior agora”, explica a economias. “Quanto maior a queda agora, maior pode ser a expectativa de alta no futuro”, diz.

Ela compara o juro do ano passado, de 14,25% ao ano para 7% de inflação, o que daria um juro real de 7%. Agora, o juro nominal está em 9,25% e a inflação em 3,5%, o que dá uma taxa real perto de 6%. Por isso, ela acha difícil o BC manter o juro em 7% por muito tempo com uma inflação entre 3% e 4% ao ano, que levaria o juro real para 3% ao ano. “A situação atual da economia é diferente da de 2012, quando o juro caiu para 7,25%, com quase três anos de economia fraca, desemprego alto e dólar calmo, mas qualquer mudança, uma crise nos EUA com o governo de Donald Trump e o cenário muda”, lembra. “Por isso o BC deve dar pelo menos uma calibrada nos juros se a economia reagir.”

 

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