Uma força tarefa realizada pelo primeiro escalão do governo norte-americano neste último final de semana obteve rápido sucesso com suas ações nos bastidores, aliviando as tensões do mercado com a crise da Coreia do Norte.
Inicialmente, o chefe do Estado maior dos Estados Unidos, Joseph Dunford, se deslocou à Coreia do Sul para renovar as garantias de proteção ao seu aliado. Nenhuma declaração provocativa foi emitida por Dunford, que se reuniu com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, para alinhar uma estratégia de curto prazo com atuação mais diplomática.
Seul, capital da Coreia do Sul (metrópole com mais de 10 milhões de habitantes), está a pouco mais de 30 quilômetros do paralelo 38, onde as duas Coreias se dividem. Seria, portanto, um alvo extremamente fácil não só para os mísseis de Kim Jong-un, como da própria artilharia terrestre norte-coreana.
Entretanto, o presidente da Coreia do Sul não tem demonstrado tanta preocupação com a escalada de tensão com seu vizinho do norte. Moon Jae-in disse que independentemente dos altos e baixos, a situação nuclear norte-coreana deve ser tratada de forma pacífica.
Também um alvo relativamente fácil dos norte-coreanos, o Japão segue demonstrando uma postura mais cautelosa, evitando enviar mensagens em tom provocativo à King Jong-um. O premiê japonês, Shinzo Abe, ativou e posicionou estrategicamente seu sistema de defesa antimísseis Patriot. Além disso, Abe disse que vai tentar convencer os norte-coreanos a não dispararem mísseis em direção a Guam.
Mas somente ações de Japão e Coreia do Sul não seriam o suficiente para reduzir as tensões no curto prazo. O xeque-mate diplomático partiu da China e teve efeito imediato. Robert Lighthizer, conselheiro do comércio de Donald Trump, disse que avalia a possibilidade de abrir uma investigação contra as práticas comerciais de empresas chinesas que obrigam firmas norte-americanas a abdicarem dos direitos de propriedade intelectual, o que certamente causaria abalo nas relações comerciais entre os dois países.
Em se tratando de comércio com os Estados Unidos, os chineses continuam mostrando que estão jogando na defensiva, evitando qualquer tipo de atrito. Os indicadores econômicos do gigante asiático voltaram a mostrar sinais de cansaço nos últimos meses, revelando possível desaceleração para o terceiro trimestre. A China depende de sua balança comercial muito favorável com os Estados Unidos para administrar seu processo de transformação do modelo de crescimento.
A pressão funcionou. Nesta segunda-feira, o Ministério do Comércio da China emitiu uma proibição contra diversas importações da Coreia do Norte (incluindo carvão, minério de ferro, chumbo e frutos do mar), que entra em vigor a partir de amanhã. A ação da China está em linha com as sanções da ONU anunciadas este mês, mas o timing de implementação surpreendeu, já que os países tem um prazo de até 30 dias para cumprirem à resolução.
Xi Jinping, presidente da China, provavelmente foi mais além, aplicando uma espécie de “sossega-leão” em Kim Jong-un. A Coreia do Norte recuou inesperadamente nesta segunda-feira ao afirmar que vai observar as ações dos Estados Unidos por mais um tempo antes de tomar uma decisão sobre o plano de atacar a área em torno de Guam.
Wall Street reagiu positivamente. O índice S&P500 subiu forte nesta segunda-feira, recuperando toda a perda sofrida com o tombo da última quinta-feira, já realizando teste sobre a linha central de bollinger.
A bolsa de Seul trabalhou formação de fundo na região dos 2.310 pontos, abrindo espaço para recuperação ascendente dos preços, contribuindo assim para o fortalecimento da atual perna principal de alta.
No Japão, Nikkei fechou o pregão desta segunda-feira com um doji totalmente fora da bollinger inferior, retirando o peso da recente perda da linha de suporte de uma zona de congestão de curto prazo.
No Brasil, o índice Bovespa (BOV:IBOV) voltou a subir forte, já se aproximando novamente da principal faixa de resistência localizada na região dos 69k. O rápido retorno da força compradora compromete posições vendidas ainda em aberto, fragilizando a referida zona de resistência. Mercado segue impulsionado pelo cenário externo favorável, desconectado do quadro macro local.