A JBS (BOV:JBSS3) informou ontem que o novo presidente executivo da empresa, o fundador José Batista Sobrinho, promoveu uma reestruturação da companhia, com a criação da função de diretor de operações global, que será exercida por Gilberto Tomazoni para a posição. Além disso, Wesley Batista Filho, neto de José Batista e filho de Wesley Batista, preso sob acusação de uso de informação privilegiada na negociação de ações da companhia, foi nomeado presidente das operações da JBS na América do Sul, reportando-se a Tomazoni. Ambos faziam parte de uma comissão criada no sábado para auxiliar José Batista, ou Zé Mineiro, como é conhecido o fundador da JBS, na função de presidente.
A reestruturação ocorre no momento em que os filhos de José Batista e principais executivos da empresa, Joesley e Wesley, estão presos, envolvidos em casos relacionados ao pagamento de propinas a políticos e uso de informação privilegiada. A indicação de José Batista está sendo contestada por um dos principais sócios, o BNDES, que estuda ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Câmara Arbitral da B3 por considerar que a escolha do presidente não respeitou os direitos dos demais acionistas. O BNDES e outros acionistas e credores defendem a saída da família do comando da empresa após a confissão de que fizeram pagamentos irregulares a políticos em troca de benesses para a empresa.
Tomazoni está na empresa desde 2013, tendo ocupado as posições de presidente da divisão de aves, presidente da Seara e presidente global de operações. O executivo tem mais de 30 anos em posições de liderança no setor de alimentos e é presidente do Conselho de Administração da Pilgrim’s Pride Corporation;
Papel perde 25% no ano
O escândalo envolvendo as denúncias da JBS contra o presidente Michel Temer, a partir de gravações feitas de forma clandestina por Joesley, quase derrubaram o governo e provocaram a reação de instituições federais, como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, que indicou que dificultaria a renovação de linhas de crédito para a empresa. A confissão de executivos da JBS que pagaram propinas a diversos políticos e partidos também afastou investidores. Os papéis da empresa caem 25,2% no ano até ontem, segundo dados da Economatica. Desde maio, quando as gravações de Joesley foram reveladas, a ação caiu de R$ 11,30 para R$ 8,50 ontem.
Em nota, o novo presidente da empresa afirma que “A criação do cargo de diretor de operações e a nova estrutura de gestão possibilitará a entrega de resultados cada vez mais robustos”. “São executivos experientes, com todas as qualificações necessárias para manter a JBS no seu caminho de sucesso. ”